Página  >  Edições  >  Edição N.º 202, série II

a Página

EDITORIAL

A PÁGINA de inverno sai a público na entrada de um novo ano. O que explicará uma certa acentuação reflexiva em torno do tempo humano, das suas descontinuidades, das suas interpelações e dos seus desafios. Os textos que integram esta edição falam de um tempo de urgência, de atenção prioritária e de ação inadiável. Mas falam também de um tempo para amadurecer os esforços de mudança. Tempo para debater, para formar, para avaliar e para acompanhar.

Isabel Baptista





Se o meu sangue não me engana / como engana a fantasia / havemos de ir a Viana / ó meu amor de algum dia… (Pedro Homem de Mello)

Salvato Teles de Menezes  





A água é um bem essencial para a sobrevivência e a manutenção da vida no planeta e um recurso de valor inestimável para o Homem. Daí, a defesa e conservação da sua qualidade ser uma preocupação de cidadãos, instituições e países, bem como a educação ambiental, fundamental para um desenvolvimento sustentável.

Departamento de Conteúdos Científicos do Visionarium





Saúde e Educação não se podem esquivar às responsabilidades fundamentais que ambas têm a este nível, sob pena de piorar a qualidade e encurtar os anos de vida aos portugueses.

Nuno Pereira de Sousa





A Educação requer uma forma de estar baseada na cognição. Saber, conhecer, compreender, são conceitos trabalhados e treinados continuamente. Nas parcerias entre a Educação e Saúde, em trabalhos desenvolvidos com alunos e docentes, os profissionais de Saúde pouco intervêm. Quando o fazem, muitas vezes descobrem que as mensagens de promoção de saúde não são valorizadas.

Débora Cláudio





O desporto transformou-se num dos mais significativos polos de interesse comum à escala do planeta, desencadeando os rituais competitivos de origem biológica inerentes à condição humana.

Gustavo Pires





A governação da internet está na ordem do dia. Procuram-se soluções que completem a quadratura do círculo.

Francisco Silva





Primeiro espetáculo foi há 60 anos

18 de junho de 1953. O Teatro Sá da Bandeira abre as suas portas, às 21h30, para o primeiro espetáculo do Teatro Experimental do Porto (TEP), hoje a decana das companhias profissionais do teatro português. Um grupo de atores amadores dirigido por António Pedro sobe ao palco para apresentar
“A Gota de Mel”, “Nau Catrineta” e “Um Pedido de Casamento”. “Está dado o primeiro passo, importa agora que outros lhe sucedam”, escreveu Luiz Francisco Rebello no suplemento literário do Jornal de Notícias, nove dias depois da estreia.

Maria João Leite





É natural que as mulheres venham a ter representantes de referência entre os grandes historiadores, mas até agora não tiveram. A História tem sido uma visão masculina e terá de vencer a distorção de género.

Carlos Mota





DAVID RODRIGUES

“Estamos no bom caminho. O que nos mostram os estudos transnacionais é que os bons sistemas educativos são aqueles que ao mesmo tempo são capazes de criar a excelência e também a equidade. Qualquer sistema educacional fraco ou insuficiente consegue criar excelência. É muito fácil criar bolsas de excelência. O que é realmente difícil é conseguir equidade, isto é, conseguir que as características e as circunstâncias de cada um dos alunos não originem o tratamento desigual em termos educativos.”

Entrevista conduzida por Maria João Leite





Através da imagem poética podemos perceber a diversidade de relações possíveis presentes no inequívoco mundano de maneira inusitada. Como quem ama pela primeira vez e enxerga algo único em sua vida.

José Miguel Lopes





Um clássico que se mantém tão jovem como quando foi feito e que mostra o caos das vidas humanas depois de uma guerra.

Paulo Teixeira de Sousa





Esprememo-nos, contorcemo-nos, sonhamos, aviltamo-nos, bajulamos, e o resultado de todo este bailado é a miséria de quem se sente com direito a ter, mas padece despojado de pão para o corpo e de justiça para o espírito.

Luís Vendeirinho





Santos, porque fazedores de riqueza rápida eram os banqueiros, os bolsistas e os ricos iguais a Zipa e Midas. A dúvida que nos fica é sobre como será a nossa vida amanhã, com o Euro de fora, se não começarmos por denunciar quem tem orelhas de burro.

Leonel Cosme





Caçador de sons

Escrevo do alto da minha experiência de trabalho na demanda de cantos e músicas de tradição oral nas comunidades em acentuado processo de desruralização e de despovoamento do Planalto Mirandês, depois de na aldeia mais oriental de Portugal – de seu nome Paradela, do saudoso Francisco dos Reis Domingues, dito Tiu Lérias – ter assistido à evocação, por gente com anos vestidos de negro e de muita solidão, de velhos cantos que a memória afetiva não permitiu que se desvanecessem por completo.

Mário Correia





Una teoría pedagógica es un puzle al que le faltan piezas. Las piezas que faltan las tienen los sujetos. Siempre es la persona en su proceso de transformarse en sujeto quien elige y completa el puzle pedagógico.

Xavier Úcar





Com o conjunto de ensaios reunidos neste volume, as organizadoras, Rosanna Barros e Deise Choti, acreditam poder contribuir, fundamentadamente, para edificar no século XXI uma educação transformadora que, usando criticamente o potencial das novas tecnologias e da interatividade comunicacional que lhe está associada, se oponha aos pragmatismos hoje hegemónicos nas políticas da aprendizagem ao longo da vida, fornecendo possibilidades de inovação na intervenção social e pistas ético-humanistas para um debate público renovado acerca da questão social, e em prol de um questionamento filosófico sobre a manutenção e o alargamento do poder de decidir a nossa vida em sociedade que, como demonstrou Paulo Freire, uma educação crítica e problematizadora propicia.

José Pedro Amorim





Sandra Neves é um nome a levar em conta na literatura portuguesa depois da publicação de uma primeira obra tão adulta e bem estruturada como «Homicídio na Câmara Municipal» (Gradiva). Segura na construção das personagens, na recriação de atmosferas, no recurso a paisagens e lugares com sinalização toponímica (contrariando a moda do apagamento dessas marcas quando no dealbar dos anos 20 do século passado já Kafka o fazia, em bom), a nova ficcionista revela notável conhecimento da realidade humana com que abastece o seu discurso romanesco.

Júlio Conrado





Ana Cristina Silva

O Prémio Novela e Romance Urbano Tavares Rodrigues, promovido pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e pela SECRES/Corretores de Seguros, foi atribuído a Ana Cristina Silva por «O Rei do Monte Brasil». Doutorada em Psicologia da Educação, a autora é investigadora e docente no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e tem já dez livros publicados. À PÁGINA, a autora refere a importância deste reconhecimento e revela um pouco do que vai ser o seu próximo trabalho. Sobre a situação difícil que a classe docente atravessa, considera que “o que está acontecer na Educação é quase criminoso, quer no que respeita à falta de respeito revelada por este Governo em relação à classe docente, quer em relação à destruição da Escola Pública”. Critica, ainda, o “desinvestimento” que tem sido feito na Educação e na Cultura.

Maria João Leite






De Maria da Conceição Videira aprendi a frase que Paula Silva sempre me diz para ensinar: viver não custa, o que custa é saber aprender a viver!

Raúl Iturra





Sinto mesmo uma desilusão. Afinal, o grandioso edifício que era o liceu não é nem parecido com um templo da sabedoria, não corresponde nada, mesmo nada, ao que eu esperava. Tudo um engano!

Angelina Carvalho





“Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo.” Malala Yousafzai, Assembleia Geral da ONU, julho de 2013

André Escórcio





Em 2010, Garrett McNamara descobriu o fenómeno do “canhão da Nazaré” e a Praia do Norte,onde no ano seguinte alcançou a maior onda de sempre, com que venceu os Billabong XXL Global Big Wave Awards e ganhou um lugar no «Guinness Book of Records»

Maria João Leite





Que tecnologias? Em que condições? Para quê? O acesso às TIC constitui condição necessária, porém não suficiente, à apropriação do que tem sido produzido fora dos limites da Escola. Embora possa parecer óbvia, esta consideração está ausente de muitas formulações políticas.

Raquel Goulart Barreto





Culturas indígenas contemporâneas: outros cenários, novas coleções

Iara Bonin e Kassius da Silva





Em períodos de crise e crescimento da desigualdade, a descolonização da Educação pode permitir outras soluções. Ou não?

José Guilherme Gonzaga





Nas bolsas de valores, os mercados tornaram-se pessoas que é preciso acalmar, e as pessoas tornaram-se coisas que é preciso dispensar. Não pode ser. Temos de abrir caminhos de literacia cívico-jurídica. Está nas nossas mãos.

Emanuel Oliveira Medeiros





Independentemente da sua metamorfose e mestiçagem, cada indivíduo é isoladamente e coletivamente único. A diferença reside em como se identifica e é identificado, e o resultado nunca é estático nem imutável.

Maria Moura





ANA MARIA BETTENCOURT

“A Educação leva muito tempo a mudar, a melhorar. É necessário perceber os efeitos das medidas que se tomam.
[…] Há muitas escolas em que a autonomia foi muito importante para avançaram com estratégias diferentes, apesar de menos ambiciosas. […] Como é que nos podemos dar ao luxo de ter tantos professores no desemprego e tanta gente a querer formação? […] Faltam recursos para a Educação para Todos, não há verbas para manter as escolas com boas condições de trabalho, nem para ajudar alunos com necessidades educativas especiais... Estaremos em condições de financiar o ensino privado?”

Entrevista conduzida por António Baldaia





Quando Margaret Thatcher se tornou primeiro-ministro da Grã-Bretanha, em 1979, consolidou passo a passo o que Roger Dale apropriadamente chamou “modernização conservadora” da Educação. Thatcher tinha sido ministra da Educação entre 1970-74, mas foi como primeiro-ministro que consolidou uma verdadeira revolução na forma de desenhar, implementar e gerir as políticas sociais, e em particular a política educativa.

Xavier Bonal





MIA COUTO

“A vida, ou melhor, as vidas que disputam uma única criatura. É isso que me inspira: a infinita briga entre sermos um só e sermos plurais e cheios de potencialidades para a alteridade. Esse conflito está presente em cada pessoa, seja ela escritora ou não. Se quisermos, se tirarmos prazer disso, somos todos capazes de surpreender essa multiplicidade de histórias que há em cada um de nós. O importante não é tanto escrever, mas criar histórias. Essa capacidade faz-nos mais humanos, mais felizes, mais coletivos.”

Mia Couto respondeu por escrito às questões colocadas por Maria João Leite





Esta não sociedade é a ausência da sua definição identitária, relacional e histórica; é a bandeira na lapela dos governantes (o simbólico sobrepõe-se ao real), é o exercício do governo sobre os indivíduos (e não com os cidadãos), é o horror do passado, só invocado para desculpabilizar o presente.

Henrique Vaz





Sem os ministros / O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima. / Nem um pedaço de carvão sairia das minas / Se o chanceler não fosse tão inteligente. / Sem o patrão / As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.

José Rafael Tormenta





Ao contrário de Ulisses, não podemos nem devemos tapar as orelhas, desde que não esqueçamos que um dos autores dos ‘cantos de sereia’ que por aí se ouvem é o atual ministro da Educação.

Ariana Cosme
Rui Trindade





Diminuição drástica de professores. Aumento de alunos por turma. Introdução de medidas discriminatórias de alunos com dificuldades. Cultura curricular cada vez mais centrada na mecanização de conteúdos e distanciada da relação pedagógica e com a vida.

Manuel Matos


  
A Página impressa
Edição N.º 202, série II
Inverno 2013


Publicidade


Voltar ao Topo