Em Portugal, está estimado que as doenças não transmissíveis contribuam para 86% da mortalidade, sendo as principais as doenças cardiovasculares (37%), oncológicas (26%) e respiratórias (6%), a diabetes (5%) e os acidentes (4%). Tabagismo, abuso de álcool, baixo consumo de frutas e vegetais e défice de atividade física, são alguns dos fatores de risco dessas patologias. O estudo Health Behaviour in School Aged Children relativo a 2010, no qual Portugal participa, indica, entre outros resultados, que:
a) dois terços dos adolescentes consomem doces pelo uma vez por semana;
b) metade dos adolescente consome refrigerantes pelo menos uma vez por semana;
c) cerca de metade dos adolescentes vê quatro ou mais horas de televisão no fim de semana;
d) quase metade dos adolescentes joga uma a três horas no computador durante o fim de semana;
e) mais de 40% dos adolescentes fumou um cigarro pela primeira vez aos 14 anos ou mais;
f) cerca de 40% dos adolescentes experimentou beber álcool pela primeira vez aos 12/13 anos;
g) cerca de 60% dos adolescentes ficou embriagado pela primeira vez aos 14 anos ou mais;
h) mais de metade dos adolescentes refere que a escola é um local onde ocorrem lutas;
i) cerca de 60% dos jovens afirmam ter assistido a situações de provocação na escola;
j) um terço dos jovens dorme menos de 8 horas durante a semana.
Outros dados nacionais que é importante considerar:
- continuamos a apresentar uma das mais elevadas incidências de infeção por VIH da Europa Ocidental;
- a incidência da diabetes tem vindo a aumentar;
- nos jovens com 15 ou mais anos, a prevalência de fumadores diários e ocasionais é de 20,9% e 30,9% no sexo masculino e 11,8% no sexo feminino;
- mais de 50% da população portuguesa adulta sofre de excesso de peso e 15% desta é obesa;
- das crianças entre 6-8 anos, 32,2% apresenta excesso de peso e 14,6% tem obesidade.
Estes dados sugerem, mais uma vez, que é fundamental a inclusão da promoção da saúde e da literacia em saúde nas políticas escolares, utilizando os recursos humanos da Saúde e da Educação. Por outro lado, somente com projetos devidamente estruturados com base nas dimensões organizacional, curricular, comunitária, ecológica e psicossocial, em que haja uma participação de toda a comunidade educativa e se cativem os parceiros comunitários locais para colocar esta temática na sua agenda, parece possível originar ganhos em saúde, seja através do impacto na saúde individual e coletiva, seja do empoderamento (empowerment) da comunidade. Saúde e Educação não se podem esquivar às responsabilidades fundamentais que ambas têm a este nível, sob pena de piorar a qualidade e encurtar os anos de vida aos portugueses.
Nuno Pereira de Sousa
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