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nº 194/sumário




Editorial

A todos e a todas, colaboradores, leitores e amigos da PÁGINA, desejo bom trabalho, boas reflexões, bons debates e bons combates… num outono com brisa de primavera!…

Ana Brito Jorge





Durante muito da história da educação escolar a ciência foi vista como algo pronto e acabado e, sendo assim, não deveria ser questionada. Nesse contexto, as únicas fontes de informações presentes nas salas de aulas eram os livros didáticos, pois eram considerados como exclusiva fonte de informações válidas. Os professores seguiam fielmente esses livros e os estudantes deveriam memorizar os conteúdos neles presentes, sem que nenhuma relação fosse estabelecida com os seus cotidianos. Atualmente, porém, conquistas das pesquisas sobre ensino e aprendizagem em Ciências afirmam que o mais importante não é transmitir uma grande quantidade de conhecimentos, mas, antes, trabalha-los de forma significativa para os estudantes. Neste sentido, é importante considerar que as classes são ambientes multiculturais e, como tal, existem diferentes visões de mundo e modos de explicações da natureza provenientes dos mais diversos meios culturais, além da ciência que está sendo ensinada.

Geilsa C. Santos Baptista





A revista Presença Pedagógica atinge seu centésimo número. É, de fato, um marco digno de ser comemorado. A primeira edição é de janeiro-fevereiro de 1995. A revista testemunhou o movimento da educação brasileira na virada do século XX para o século XXI. Cabe, pois, examinar, ainda que em largos traços, as principais características dessa passagem, tomando como eixo a perspectiva da política educacional e tendo como vetores a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE).

Dermeval Saviani





Na Póvoa de Varzim, cidade do litoral norte português cheia de carácter, decorre anualmente um evento literário denominado “Correntes d’Escritas” que decerto encheria de orgulho o seu filho dilecto Eça de Queirós se acaso por milagre pudesse cá voltar e assistir a esse outro suave milagre de multiplicação (dos livros, dos autores, dos agentes literários, dos jornalistas culturais, etc.) que acontece no mês de Fevereiro desde há doze anos. Estive presente pela primeira vez como escritor convidado e já dei conta das minhas impressões de participante de facto noutra publicação, razão pela qual, tomando como pretexto o importante acontecimento, me vou cingir a dois aspectos que afloraram na terra do Cego do Maio e me dão ensejo para fazer jus ao verso do poema que escrevi para o plenário “Começo a corrigir-me depois da escrita”. Já veremos a que propósito é que isto vem.

Júlio Conrado





Telemóvel, televisão, computador… Os meios digitais vieram promover novas formas de sociabilidade, novos modos de estar e de comunicar. Hoje, a esplanada é muitas vezes trocada pelo encontro nas redes sociais.

Sara Pereira





Isabel Pires de Lima

“Se, ao nível do ensino, não cruzarmos o incentivo ao desenvolvimento do pensamento cognitivo com o incentivo ao desenvolvimento do pensamento emocional (designadamente, através das artes e das manifestações de Cultura no sentido variado do termo), provavelmente não conseguimos ter sucesso ao nível da Educação de cidadãos capazes de reconhecerem, por exemplo, aquilo que são as narrativas éticas que ainda orientam as nossas comunidades. Estamos permanentemente a dizer que se perderam valores, que os jovens não reconhecem os valores que organizam a comunidade – ora, o reconhecimento desses valores faz-se muito através de um desenvolvimento equilibrado entre pensamento emocional e cognitivo”.

Entrevista conduzida por Maria João Leite





Naquele ano tive que interromper, por uns meses, em licença de parto, a actividade. Mas já tinha começado com as aulas – ia ficar com crianças de Primeira Classe, muito pequenas, ainda muito cheias de expectativas e ardendo em curiosidade. Nada tinham, ainda, contra a escola, e eu pensei que faria tudo para que nunca tivessem. Pressenti que estava ali, comigo, um grupo de promessas e de projectos. Não os deixaria fugir. Pressenti que tinha comigo olhos curiosos e rostos abertos ao que era novo. Não os deixaria fechar. Mas interromper não seria bom. Estávamos a começar, e eu a falar em partir. Iniciávamos juntos a viagem – que em princípio seria para quatro anos – e eu teria de os deixar dentro de um mês. Falei-lhes do que seria a nossa próxima interrupção, mas de como eu regressaria depois da Páscoa. E ia ter muita pena de os deixar.

Angelina Carvalho





Quero dedicar este livro à melhor professora do mundo.A minha. Um grande beijinho, daqui até à lua...

Nelson Diogo Ferreira Magalhães





De que te lembras da tua primeira escola? Foi a pergunta que lhe fiz. Toma o teu tempo, disse. 

Pascal Paulus





Se pensarmos em qualquer das famílias de animação de Hollywood, todas têm uma personagem feminina no papel principal. Mas tentem encontrar uma que não seja princesa tipo Disney. Perceberam? Somos levados a pensar que estamos numa nova idade de ouro da animação, mas mais uma vez os rapazes são melhores do que as raparigas. Desde a primeira longa-metragem de animação de Hollywood, «Branca de Neve e os Sete Anões», as suas heroínas são do género pézinho no sapato de cristal. Este ano a Disney Princess é Rapunzel, mas, apesar de um pouco de atitude mais actualizada, o seu destino final é o costume – casar com um príncipe e viver feliz para sempre num meio patriarcal igual ao das suas antepassadas. As raparigas com aspirações, além de Kate Middleton, têm de olhar para o Japão.

Paulo Teixeira de Sousa





Conhecido como um intelectual marxista de marcante inteligência, com uma ponta de rigidez provocadora, elegante e ferina no seu staccato argumentativo, Nicos Poulantzas nasceu na Grécia, mas, exilado em França, foi em Paris que alcançou notoriedade com trabalhos de significativa originalidade, construídos com finura e imponência teórica. A sua memória reaviva-se agora como fonte de iluminação perante o sofrimento abrigado na grande insónia do mundo.

Ivonaldo Leite





Há um sítio onde podemos começar o nosso trabalho de pessoas bem intencionadas: a Escola. Não a da nossa “formação cívica” anquilosada, mas aquela onde haja idade para nos livrarmos dos complexos, da violência e dos sonhos por dominar.

Luís Vendeirinho





Descansados nas praias cosmopolitas ou nas aldeias onde ainda há leite e mel, preservemos a alma, tanto quanto possível, de conjecturas angustiantes sobre o cânone que o Outono nos reserva para preencher o vazio das expectativas.

Leonel Cosme





O VI Encuentro Iberoamericano de Colectivos Escolares y Redes de Maestros/as que Hacen Investigación e Inno vación desde la Escuela congregou mais de 800 professores e professoras da América Latina (México, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Argentina, Uruguai, Chile e Brasil) e de Espanha (Sevilha e Madrid).Muita emoção e um sentimento de potência que teimosamente continua a nos alimentar. É assim que descrevemos de forma sucinta a experiência, no sentido benjaminiano, de termos participado visceralmente do encontro realizado em Córdoba (Argentina), de 17 a 22 de julho.

Carmen Sanches
Tereza Goudard





RITA PESTANA

“Eu penso que, eventualmente, o peso e a influência das políticas pós-25 de Abril só começam a sentir-se, aqui na Madeira, passado um ano ou dois, com a alteração dos programas (...) com acções de formação para implementação dos novos programas, e aí com a presença de colegas vindos do continente, o que nos dá uma visão mais alargada do que está a acontecer a nível nacional. E há, também, uma importante alteração ao nível da direcção das escolas, que é a criação das delegações escolares a nível concelhio, que nada têm a ver com as actuais (...) Na altura, as delegações eram estruturas intermédias e efectivamente democráticas”.

Entrevista conduzida por António Baldaia





A gastronomia molecular surgiu há mais de 40 anos, com o físico Nicholas Kurti e o físico-químico Hervé This, e tornou-se popular através de chefs de renome, como Ferran Adriá (El Bulli, Catalunha), Heston Blumenthal (The Fatduck, Inglaterra) e Pierre Gagnaire, com restaurante em nome próprio, em Paris.

Departamento de Conteúdos Científicos do Visionarium





A questão do emprego de fontes energéticas não poluidoras, ditas alternativas, sobretudo soluções minimizadoras da libertação de CO2 para a atmosfera, está na ordem do dia. 

Francisco Silva





A partilha e a produção de conhecimento apresentam-se como um filão a ter em conta. Afinal, nesta área, a realidade altera-se a uma velocidade muito superior à que usamos quando escrevemos sobre ela.

Rui Tinoco





Domingos Fernandes

“Eu penso – e sei que este pensamento não é propriamente o mais comum – que este é um momento de grande oportunidade para o sistema educativo português. Mas, naturalmente, é um momento de oportunidade se nós tivermos um pensamento sobre a Escola, um pensamento sobre a Educação, um pensamento sobre o sistema educativo e como é que o podemos e devemos desenvolver, identificando clara e inequivocamente as áreas, os domínios, em que é fundamental investir nos próximos anos. Penso que não será a troika, ou outra estrutura supra-nacional qualquer, que nos pode impedir de desenvolver determinadas políticas. É evidente que não ignoro que há constrangimentos financeiros, que todos conhecemos e que podem não nos permitir desenvolver as coisas de uma determinada maneira. Por isso, temos que ser inteligentes e criativos, e ter as pessoas mobilizadas”.

Entrevista conduzida por António Baldaia





Uma das quatro áreas prioritárias contempladas no Programa Nacional de Saúde Escolar é a saúde individual e colectiva. Em conjunto com as áreas de inclusão escolar, ambiente escolar e estilos de vida, constitui a base de uma estratégia de intervenção global para obtenção de ganhos em saúde que beneficie o maior número possível de indivíduos. Esta abordagem da saúde individual e colectiva enquadrada na saúde escolar consiste num conjunto de actividades principais que podemos dividir em cinco pontos.

Nuno Pereira de Sousa





Por detrás da actividade docente de Educação Física e Desporto há um corpo de conhecimentos científicos caquético, obsoleto, doentiamente envelhecido, contra o qual vêm lutando alguns profissionais, que, contudo, não conseguem ultrapassar a ignorância de muitos políticos, nem a teimosia dos “especialistas” que fazem e propõem os currículos escolares.

Manuel Sérgio





Ou criamos uma energia colectiva para gerar o salto para o futuro ou confinar-nos-emos às consequências derivadas da passividade e da acomodação. A Escola está no meio desta turbulência, que desencanta a quem se destina. De nada lhe valerá resistir à mudança, simplesmente porque tudo está a ser posto em causa e reequacionado. No desporto, também.

André Escórcio





O II Encontro de Investigadores promovido pela Universidade Lusófona do Porto (8 e 9 de Julho) centrou-se num tema de enorme acuidade, Investigar em Educação e Mudança na Escola, propondo um debate de reflexão sobre os problemas, as exigências e o estatuto da investigação no século XXI

Vânia Cosme





No âmbito da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas Sem-Abrigo, está pensada a criação de uma ferramenta informática que dê garantias em ter mos de comunicação, quer na organização dos recursos necessários para as pessoas sem-abrigo e na geo-referenciação dessas pessoas, quer na comunicação interna e no funcionamento de uma loja virtual que agregue todos os produtos necessários para os apoios a dar. O projecto encontr a-se em stand-by devido à integração da rede inter institucional na Rede Social do Porto, que também pretende criar uma ferramenta semelhante .

Maria joão Leite





São muitos os motivos que podem levar alguém a tropeçar na vida e a deixar de acreditar numa saída. São várias as pessoas que “caem” nas ruas e fazem delas a sua casa, que fazem das soleiras as suas camas e das estrelas o seu tecto. Estender-lhes a mão, para que voltem a erguer-se, com dignidade, é a missão da Rede Interinstitucional de Apoio aos Sem-Abrigo, na cidade do Porto.

Maria João Leite 





La crisis ha llegado demasiado lejos. Se ha vuelto intolerable e inexplicable, incluso en sus claves financieras. Insondable e impredecible en todas sus profundidades. Indignante. Las ilusiones pequeño-burguesas que alimentaron durante décadas formas de producir y consumir desbocadas, se han derrumbado estrepitosamente. O lo que es peor aún, prosiguen en su demolición sin que nada ni nadie ponga la racionalidad y la sensatez necesarias. Y, con ellas, el coraje preciso para reorientar decisivamente los rumbos de un mundo completamente desajustado, agotado.

José A. Caride Gómez





La cultura de la apariencia se impone como uno de los rasgos de la sociedad. El ser es menos importante que el aparentar. El tener es más relevante que el ser. La apariencia es más apreciada que la autenticidad.

Miguel Ángel Santos Guerra





(ou quando a vida se torna totalmente administrada)
Maximizar a vida, no sentido de torná-la totalmente estratégica, útil, sem desperdício de ações e energias, mostra-se o objetivo central da vasta gama de investimentos para ampliar o capital humano dos sujeitos, tornando-os produtivos e plenamente inseridos nas lógicas vigentes no capitalismo neoliberal contemporâneo. 

Viviane Castro Camozzato





O envelhecimento demográfico é um fenómeno à escala global, embora tenha mais expressão nos países desenvolvidos. A população idosa está também a viver mais tempo. Na Europa, e em particular em Portugal, nas próximas décadas, este fenómeno irá acentuar-se. Sendo a idade mais do que uma variável cronológica, estas transformações têm e terão repercussões na sociedade, apresentando-nos múltiplos desafios, principalmente de natureza económica e social.

Dénis Conceição





Desenvolver uma oferta pública sem obrigatoriamente edificar um sistema público de Educação e Formação de Adultos (EFA) parece ter sido a opção quando, em 1999, se tratou de dar corpo ao S@ber +, Programa para o Desenvolvimento e Expansão da Educação e Formação de Adultos, 1999-2006. Essa orientação afastou-se das propostas programáticas desse texto e do Documento de Estratégia para o Desenvolvimento da Educação de Adultos. Uma Aposta Educativa na Participação de Todos (1998).

Fátima Antunes





Uma educação que se define “para”, assume o adiamento do presente e coloca a sua consumação no futuro. Ora, se a escola é uma parte da vida do aluno, precisamos de uma educação “em” e não de uma educação “para”. No entanto, as escolas estão cheias de projectos “para”: educação para a saúde, para o consumo, para a cidadania, etc.

David Rodrigues





Nossa atual pesquisa, “Currículos realizados nos cotidianos de escolas públicas das séries iniciais do ensino fundamental”, é desenvolvida na Rede Municipal de Vitória, com financiamento do CNPq.

Carlos Eduardo Ferraço





Têm experiências de vida distintas e são casos atípicos no âmbito da docência e da formação. A PÁGINA foi ouvir as histórias de Ricardo, Miguel e Tomás. Não seguiram o percurso tradicional até chegarem às salas de aula; enveredaram por este caminho como recurso ou apenas por curiosidade. E gostaram.

Maria João leite





As culturas e as práticas de ensino na educação básica e na formação de professores e o seu impacto na qualidade das aprendizagens dos alunos foram, ao longo dos últimos anos, objecto de intervenções críticas por parte do novo ministro da Educação. Talvez devido à assertividade de tais críticas, especificando os objetos dessas críticas, as reações contrárias foram débeis, desconexas e pouco consistentes

Carlos Manuel Neves Cardoso





As escolas TEIP reúnem condições de maturidade para definirem alguns critérios de contratação do corpo docente, a par de um desenho organizacional próprio e de adaptações curriculares. Impõe-se garantir estabilidade de recursos, alargar margens de autonomia e criar uma dinâmica verdadeiramente territorial.

João Teixeira Lopes





ler, debater, libertar um mundo para o mundo

Não tivesse sido este mundo, composto de um sem fim de micro e de meso-redes onde “imperam” os professores, a dar uma mãozinha a tanta confusão, a tanta necessidade e a tanto sofrimento, e os últimos 30 anos da sociedade portuguesa teriam sido bem piores. Por isso, é necessário que o outro mundo, aparentemente cá fora, saiba ler, debater e libertar os professores e as escolas de tantos maus intentos com que os têm querido agrilhoar.

José Rafael Tormenta





Os resultados dos exames voltaram a encher as páginas dos jornais, talvez para confirmar que, como titulava o Público de 24.07.2011, as “Escolas prepararam mal os seus alunos”. Ainda que nos apetecesse discutir os riscos inerentes a uma concepção de trabalho escolar cujo sucesso se subordina aos resultados expectáveis que os estudantes obtenham nos exames nacionais, parece-nos mais interessante, neste momento, olhar para alguns dados disponibilizados acerca dos exames de Matemática do 9º e do 12º anos e reflectir sobre Ariana Cosme o seu impacto.

Ariana Cosme
Rui Trindade





Eis que emerge triunfante o anti-eduquês, agora em discurso político legitimado e como referência normativa inscrita ao mais alto nível no Programa do XIX Governo. Trata-se de um facto inédito, pois nunca antes um programa governamental para a Educação assumira com tanta clareza uma tese pedagógica, ainda que apresentada como contra-pedagógica.

Licínio C. Lima





Com os anos que pensamos que nos restam, vamos pensando nas árvores que vimos, em aromas passados, imagens de amor que nos ofereceram. A vida é muito curta, o passado não importa, temos ainda oportunidades?

Carlos Mota


  
A Página impressa
Edição N.º 194, série II
Outono 2011


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