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Currículos realizados nos cotidianos

redes de conhecimentos tecidas dentrofora das escolas

Nossa atual pesquisa, “Currículos realizados nos cotidianos de escolas públicas das séries iniciais do ensino fundamental”, é desenvolvida na Rede Municipal de Vitória, com financiamento do CNPq.

Em nossas pesquisas temos tentado problematizar os currículos realizados nos cotidianos das escolas públicas do ensino fundamental, em meio às redes de conhecimentos tecidas pelos sujeitos praticantes (Certeau) ousando, como sugere o autor, elaborar uma teoria das práticas. Nesse sentido, pensar currículo como redes de conhecimentos pressupõe, de modo geral:

a) assumir a dimensão de complexidade (Morin) dos cotidianos escolares;

b) compreender que “currículo” diz respeito a tudo o que acontece nas escolas, incluindo os usos (Certeau) que são feitos dos textos das propostas curriculares governamentais;

c) superar as dicotomias que ainda vigoram nos discursos educacionais, tais como práticas/políticas, quantidade/qualidade, prescrito/vivido, escolar/ não escolar, macro/micro, etc.;

d) romper com as análises que se limitam a identificar o que deveria ser feito nas escolas e, em seu lugar, afirmar uma perspectiva de pesquisa com os cotidianos, problematizando (Foucault) o que é feito e do modo como é feito, visando, sempre, ampliar as redes de conhecimentos tecidas.

Dessa maneira, ao problematizarmos os currículos realizados na complexidade dos cotidianos das escolas, temos tentado mapear alguns dos principais contextos (ou planos, ou atratores caóticos, ou campos gravitacionais) que produzem sentidos nessas redes de conhecimentos, em meio às relações vividas pelos sujeitos praticantes das escolas nos espaçostempos:

a) de suas residências;

b) dos bairros e/ou municípios em que moram;

c) das instituições educacionais que frequentam;

d) das redes sociais de que fazem parte, tais como Facebook, Twitter, Orkut, MSN, Myspace, etc.;

e) dos lugares de diversão onde vão, tais como bailes funk, cinema, teatro, shopping center, shows, praia, rua, etc.;

f) das igrejas e/ou religiões que seguem;

g) dos seus ambientes de trabalho;

h) entre tantos outros.

[Trata-se de uma tentativa de sistematização para efeito de identificação dos principais determinantes e/ou condicionantes da tessitura dessas redes. Nesse sentido, temos total convicção dos limites dessa tentativa, na medida em que esses contextos estão, todo o tempo, sendo ‘tecidos juntos’, caracterizando a dimensão de complexidade dos conhecimentos dos currículos realizados nas escolas.] Como já dito, esses espaçostempos não se separam, não se excluem, mas se inter relacionam, ao mesmo tempo em que se diferenciam e se desdobram, a partir dos múltiplos modos como são vividos, concomitantemente, por esses sujeitos, imprimindo a marca de complexidade das redes dos conhecimentos curriculares tecidas dentrofora das escolas [estética de escrita aprendida com Nilda Alves, que tem como principal objetivo superar as dicotomias herdadas do discurso hegemônico da ciência moderna, potencializando múltiplos e complexos sentidos a partir da “tessitura” dos pólos que, tradicionalmente, caracterizam essas dicotomias].

Carlos Eduardo Ferraço 

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Edição:

Edição N.º 194, série II
Outono 2011

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