nº 199/sumário
|
|
Editorial
O inverno só agora chega, poisando sobre este tapete de folhas secas, rubras e douradas, que o outono nos trouxe e que nos inunda. E nós, gelados, a tentarmos inventar uns raios de sol. Nós inconformados, a tentarmos, sem cedências, quebrar o gelo que ameaça tolher-nos.
Ana Brito Jorge
|
|
O cinema de infância, apesar de numerosos sucessos, não escapa nem à mediocridade, nem à falta de talento, nem a uma forte proliferação de lugares-comuns. A fronteira entre tema e lugar-comum pode revelar-se, por vezes, pouco clara.
José Miguel Lopes
|
|
A vitamina C não se armazena no organismo. Por este motivo, é importante que a sua administração/ingestão seja diária. No caso de as quantidades ingeridas serem superiores às necessidades fisiológicas, o excedente é excretado.
Departamento de Conteúdos Científicos do Visionarium
|
|
Estaremos perante uma inflação dos diagnósticos por forma a contornar a limitação dos apoios prevista na Lei? A situação seria de verdadeiro “double bind”, caso não pudéssemos falar sobre ela…
Rui Tinoco
|
|
Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço! É uma frase que, retirada de um contexto irónico em que seja eventualmente proferida, se revela infeliz ao referir-se à incapacidade ou vontade de quem a profere ser coerente nas suas ações com os princípios que defende e/ou promove. No entanto, “educar pelo exemplo” é uma prática salutogénica se o exemplo é saudável.
Nuno Pereira de Sousa
|
|
Aí, onde afagas a margem da minha cidade, onde correm águas que fazem de prata o berço das fragatas e de cinza as amarras que deram vento ao pano das caravelas, aí se vão lembranças da minha infância, as vistas que de tão velhas quase não têm idade são ilhas na bruma da distância, os passos dos homens
Luís Vendeirinho
|
|
Tínhamos por hábito com Alice Miller trocar ensaios e comentários sobre a mente das crianças e as suas formas de pensar.
Raúl Iturra
|
|
Nunca tinham feito qualquer reparo sobre o modo como ia trabalhando. Por isso, foi quase inacreditável quando se deu conta de como o seu investimento tinha sido invasivo, ameaçador, e como a sua conceção de aprendizagem era uma linguagem que ninguém falava.
Angelina Carvalho
|
|
A presença diferenciada das sonoridades musicais nas festas tradicionais com máscaras do Nordeste Transmontano integra distintos rituais e assume diversas funções.
Mário Correia
|
|
Albano Martins
“Diria que ele [o próprio] é um homem torturado que passa os dias a interrogar – a interrogar-se – e não encontra resposta para as questões essenciais que a existência lhe coloca. Que é, também, um homem apaixonado, um enamorado da beleza, esteja ela onde estiver, assuma ela as feições que assumir. E, ainda, que aspira a um mundo donde sejam banidas as injustiças e onde as crianças e todos os inocentes não sejam maltratados, humilhados, feridos, ofendidos. Alguém que, utopicamente (mas de utopias está cheia a história da humanidade), aspira à construção de uma nova idade de ouro, na qual a felicidade esteja, de facto, ao alcance do homem.”
Albano Martins respondeu por escrito às questões colocadas pela PÁGINA
Maria João Leite (entrevista) Ana Alvim (fotografia)
|
|
Para o Manuel António Pina
Estava eu a ver o Paulo Portas “a vender o seu peixe patrioteiro”, como tu dizias, quando vi passar no rodapé a notícia da tua morte. Fiquei... Como deves imaginar, foi “a notícia mais inesperada que podia esperar”. Pensar que nunca mais pegarei no JN para procurar a tua crónica... Quando alguém gosta tanto de fazer qualquer coisa como tu gostavas, custa saber que já não poderás fazer. É tão simples como isso.
Paulo Teixeira de Sousa
|
|
A Página da Educação “tem como objetivo contribuir para a formação integral dos educadores e professores e dos profissionais da educação social”.
António Baldaia
|
|
Num dia normal não seria necessário pedir ajuda. Num dia normal seriam eles a contribuir para ajudar os outros. Mas estes dias de crise deixaram de ser dias normais. Perderam-se os rendimentos, as oportunidades de trabalho; pensa-se em proteger a família e até se equaciona sair do país. Perdeu-se quase tudo, menos a vergonha, porque a necessidade não faz com que seja mais fácil pedir ajuda. São muitos os novos rostos que a pobreza não conhecia, mas que um dia menos normal fez com que estendessem a mão.
Maria João Leite
|
|
Dados estatísticos da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) confirmam que a violência doméstica é o crime mais reportado desde o ano 2000; as vítimas são maioritariamente mulheres, avultando os maus tratos psíquicos e físicos. Por outro lado, o sentimento de insegurança em termos pessoais e em relação a bens está a afetar uma quota significativa de portugueses.
Maria João Leite
|
|
Apresentadas como um mal absolutamente necessário e justificadas no quadro de uma racionalidade económico-financeira implacável, as situações de empobrecimento, de privação e de injustiça social acentuam-se de dia para dia na nossa sociedade, causando sofrimento, minando vontades e obscurecendo utopias.
Isabel Baptista
|
|
Não precisamos de (mais) gente com cabeça de tijolo! Não temos de preparar para o mercado de trabalho. Temos de mudar de vida, e para isso temos de pensar.
Carlos Mota
|
|
Parece que a mídia e seus produtos, sendo o futebol um deles, circulam livremente pelo mundo, compondo e recompondo as identidades de todos nós e de cada um em particular.
Rodrigo Koch
|
|
“Quem quer que esteja lutando pela preservação da vida e pelo futuro dos seus filhos deve necessariamente opor-se ao fascismo, mesmo que mascarado de democracia, tanto da direita como da esquerda. Não tanto porque os fascistas de esquerda, à semelhança dos fascistas de direita, no seu apogeu, tenham uma ideologia assassina, mas porque transformam os jovens em desempregados, em inválidos, em tristes e deprimidos; porque, através de uma informação alienante, exaltam o Estado mais do que a Justiça, a mentira mais do que a verdade e a guerra mais do que a vida”.
Manuel Sérgio
|
|
A Europa é uma violência. Uma incubadora de credenciados indignados. Portugal (vai) sai(r) da Europa como entrou. Na violência da penúria. Portugal está descalço. O país está sem projeto.
João M. Paraskeva
|
|
Urge pensar novos modelos de democracia e de intervenção democrática. Urge mudar ou ampliar as formas de contestação e protesto. Urge uma mudança constitucional do sistema político e governativo.
Paulo Raposo
|
|
Quando ouvimos repetidamente os atuais governantes, ou outros por eles, alegarem que, para vencer a crise económica, financeira e moral que avassala o País, é necessário “refundar o Estado e renovar a Constituição”, somos levados a perguntar se não é urgente refundir primeiro as mentes...
Leonel Cosme
|
|
Ser capaz de acompanhar a movimentação do sistema globalizado. Transformar o outro e a si mesmo numa busca constante por atualização científica e ético-moral. Esses são alguns dos desafios a serem enfrentados pelo educador hoje.
Cláudio Pellini Vargas
Parceria com a revista brasileira PRESENÇA PEDAGÓGICA
|
|
Ao fincar-se na “meritocracia”, os governos preferem investir em ridículas apostilas com que desejam controlar o que a cada dia e a cada hora docentes e discentes devem fazer para se saírem bem nas provas que os vão avaliar.
António Eugênio do Nascimento
|
|
O desafio, hoje, é disputar uma Escola que incorpore realidades diversas para superá-las; que seja capaz de estreitar margens e apresentar possibilidades reais de outros mundos.
Roberto Marques
|
|
No próximo janeiro de 2013, no Brasil, se assinalam 10 anos da promulgação da Lei 10.639/2003 que determinou a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana na Educação Básica.
Petronilha G. Silva
|
|
Há um hábito muito incorporado no senso comum de muitos alunos e professores que é o de considerar muitas diferenças como patologias. Este pensamento é muito autocentrado e monista, como veremos, mas pode ser alterado.
Ana Vieira
|
|
Se ha dicho de la pedagogía social que no es ni un método ni un conjunto de métodos. Pienso, en contrapartida, que una de las características diferenciadoras de la pedagogía social respecto de otras pedagogías ha sido el método o, precisando un poco más, los principios metodológicos.
Xavier Úcar
|
|
A unidade de informação “bit”, as unidades de espaço e tempo, ou de massa e peso, e de um modo geral as outras, têm todas o mesmo tipo/ nível de “imaterialidade”, que lhes é conferido com base na “idealidade” dos conceitos respetivos que pairam pelo nosso pensamento. Por isso, só através de uma imaginosa operação nos temos habituado, nesta era digital, a conceder que os “bits” são imateriais, enquanto os “gramas”, porque pesam, como percebidos aqui na Terra, são ditos materiais – se forem muitos os “gramas” do peso de um objeto, poderemos até não conseguir levantá-los nem deslocá-los. Mais, os “gramas” são como que objetos, aparecem coisificados, enquanto os “bits” aparecem um pouco como entes sem peso pertencentes ao domínio das subjetividades.
Francisco Silva
|
|
Ainda que não mais se discuta se os artefatos devem estar nas salas de aula, não está superada a pergunta: para quê? Há computadores sem conexão à internet até mesmo em laboratórios de informática e há restrições específicas de acesso.
Raquel Goulart Barreto
|
|
A Escola precisa de tirar melhor partido do que podem oferecer as ferramentas digitais. Hoje não há desculpas para não se mostrarem vídeos na sala de aula, sejam os quadros interativos ou não.
Jaime Carvalho e Silva
|
|
ELENA THEODOROPOULOU
“O que devemos esperar da Educação é que, sendo capaz de alterar os conceitos, os valores, os referenciais, possa representar um papel transformador, um papel inovador nas sociedades. Se há uma crise de sentido, nós não respondemos a essa crise com respostas prefabricadas. Não se está a ousar colocar a questão crucial e não se ousa dizer que não se tem a resposta. Nós perdemos a nossa juventude, porque todas as respostas estavam já respondidas; mas, no meu ponto de vista, o défice não está tanto nas respostas, mas nas questões.”
Entrevista conduzida por Maria João Leite
|
|
Quando o movimento de “estudantes internacionais” esbarra com a “segurança das fronteiras”, encontrasse com o “mercado”: em Londres, na London Met, com os professores preocupados com o futuro dos seus alunos, do seu local de trabalho e da sua instituição.
Susan L. Robertson
|
|
E se a Educação não é forma única de aprender, a Escola não será certamente o modelo exclusivo de educar, mas…
Henrique Vaz
|
|
Desde a tomada de posse deste Governo, muitas e graves foram as decisões tomadas no campo da Educação e Formação de Adultos (EFA) visando a sua destruição, a desarticulação do sistema existente e a sua substituição por outro, pautado por medidas aparentemente avulsas e incongruentes tendo como reais objetivos a desqualificação das pessoas e a desvalorização do valor do trabalho.
Teresa Medina
|
|
É preocupante o modo como a educação vem sendo (mal)tratada por sucessivos (des)governos. Será através da Educação que o país progredirá, é bem verdade, mas não através desta educação.
José Pacheco
|
|
Os primeiros Agrupamentos de Escolas a serem selecionados como Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP) na área da ainda existente Direção Regional de Educação do Norte foram, na altura, na cidade do Porto, Areosa (com a escola do Bairro de S. João de Deus), Ramalho Ortigão (que incluía a escola do bairro do Lagarteiro que agora não sei por que razão passou para o Cerco…), Cerco, Miragaia, Amial (com a escola do bairro de S. Tomé), Viso e Leonardo Coimbra Filho; também Pedrouços (com escolas entre a Maia e Gondomar) e Fânzeres em Gondomar; Perafita, Matosinhos Sul e Matosinhos, neste concelho; e D. Pedro I, Inês de Castro (ambas em Canidelo), assim como Vila d’Este, tudo em Gaia. Imagino que não seja necessário ser-se professor para ter a maior parte destes nomes no ouvido, quer devido a problemas de natureza social, quer por causa de notícias que por vezes irrompem nos jornais por rixas nas escolas, assaltos, vandalismos. Sou professor há mais de 30 anos, iniciei a minha carreira no primeiro ciclo, e lembro-me bem de projetos realizados por educadoras e professoras em S. Tomé, em S. João de Deus, no Cerco e noutras escolas, heroínas do tempo em que não havia computadores nem telemóveis e em que as cópias se tiravam em tabuleiros de gelatina, à mão, uma a uma.
José Rafael Tormenta
|
|
Está em causa o encaminhamento segregativo de alunos com insucesso no ensino regular para uma via escolar claramente alternativa, mas desvalorizada, configurando uma alteração substancial do Ensino Básico, que obedece a um plano curricular unificado.
Manuel Matos
|
|
A solução da Escola do presente não está na restauração da Escola do passado, nem nas mudanças “cirúrgicas” que, apesar de parecerem muito modernas, não entendem toda a interdependência das alterações necessárias para que uma escola se torne espaço de inclusão, de equidade, de cidadania e de solidariedade.
David Rodrigues
|
|
Governos nacionais, organizações internacionais e até organizações não governamentais internacionais assumem que a qualidade e desempenho dos sistemas educativos dependem cada vez mais daquilo que os professores sabem e fazem na sala de aula.
Xavier Bonal
|
|
Na retrospetiva que, por vezes, realizamos sobre o nosso contributo para a PÁGINA, demos conta que, pelo menos, os três últimos artigos que subscrevemos nesta revista tiveram como objeto de reflexão Nuno Crato e, de um modo geral, o cratês como ideologia pedagógica.
Ariana Cosme Rui Trindade
|
|
Carlinda Leite
“Não podemos ignorar que existe um desentusiasmo dos professores, só não vê quem não quiser. E não porque os professores não gostem da sua profissão – estou em crer que é precisamente porque gostam e lhes desagrada a mudança contínua. Um exemplo concreto: a legislação sobre a organização curricular determinava que as escolas e os professores tinham de conceber projetos em função das competências. Vem uma medida e já não são só as competências; são as metas, e algumas escolas começaram a reorganizar os planos curriculares em função das metas. Vem outra medida e as metas estão acabadas; aquele trabalho fica anulado. E agora já são outras metas e nem sequer se pode falar em competências...”
Entrevista conduzida por Maria João Leite
|