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Nos 20 anos da PÁGINA

Nessa perspetiva, “disponibiliza informação e divulga opinião resultante da investigação científica, promovendo a partilha do conhecimento com interesse para o desenvolvimento da sociedade em geral e dos campos da educação, ensino e ciência, em particular” [do estatuto editorial].

Publicação na área da Educação e Ensino com edição periódica regular mais antiga, a PÁGINA comemorou este ano o 20º aniversário – efeméride que a direção optou por assinalar sobretudo em termos editoriais.
Foi nesse sentido que iniciámos a Coleção a Página na Profedições. Uma coleção que de alguma forma recupera e consolida a participação regular de colaboradores permanentes da revista e cujos três primeiros volumes já estão disponíveis, da autoria de José Paulo Serralheiro (Reinventar os Sistemas Educativos), Miguel Santos Guerra (El Árbol de la Democracia) e Almerindo Janela Afonso (Fragmentos de Escrita Pública).
Foi nesse sentido, também, que convidámos alguns artistas plásticos para ‘encaparem’ as quatro revistas publicadas este ano com ilustrações de autor – Rui Anahory, Alberto Péssimo, Acácio de Carvalho e Adriano Rangel honraram-nos com a sua arte, mas, pelo acolhimento que a iniciativa tem tido junto dos artistas, como dos leitores, vai ter continuidade no próximo ano.
Foi ainda nesse sentido – e concretizando uma opção de origem, de valorização da imagem enquanto conteúdo editorial específico – que convidamos antigos colaboradores na área da fotografia para regressarem às páginas da PÁGINA com portefólios de sua autoria: Lucília Monteiro (nesta edição, mais adiante), João Paulo Coutinho, Ana Alvim e Adriano Rangel responderam à chamada, publicando aqui uma parte do trabalho que têm realizado lá fora, nos contextos das suas carreiras profissionais posteriores. Relativamente à Ana e ao Adriano, que estiveram na primeira hora do “desenho” da PÁGINA-jornal, este ano foi, simultaneamente, de regresso à direção de fotografia e de arte da revista, correspondendo ao desejo de renovação da imagem gráfica com que também quisemos assinalar estes vinte anos.
E é nesse sentido que estamos a preparar a renovação do site oficial (www.apagina.pt), apostando no seu enriquecimento, e a abertura de contas nas redes sociais Facebook e Twitter. Projetos que ainda se encontram em fase experimental e que desejamos consolidar no próximo ano.

À margem das iniciativas editoriais, a PÁGINA promoveu e animou, em parceria com o Sindicato dos Professores do Norte, uma mesa de reflexão sobre sindicalismo e associativismo docente. Na verdade, este é um projeto editorial nascido no seio do sindicato, traduzindo um perfil de sindicalismo que não se esgota na ação reivindicativa, antes estimula a reflexão e o debate em torno de todas as possibilidades que configuram a profissão docente. A reflexão ocorreu justamente na sessão comemorativa do 30º aniversário do SPN e contou com a participação de Abel Macedo, Isabel Baptista e Licínio Lima.
Finalmente, e como é da praxe ‘aniversitária’, fizemos um jantar-convívio com bolo, velas e parabéns.
Por um ou outro motivo, não teve a dimensão que gostaríamos de lhe ter dado (também consequência da “crise”), mas ainda assim foi possível (re)encontrar alguns colaboradores e amigos à volta de uma mesa de sabores moçambicanos.
Enquanto atual editor da revista, uma última nota para agradecer publicamente a todos quantos colaboram graciosamente com a PÁGINA. É sobretudo a eles, e aos leitores, que se deve a notoriedade e o reconhecimento deste projeto editorial único, que, cumpridos 20 anos, se propõe alcançar mais. Creio que não ficará mal envolvê-los aqui num abraço fraterno e solidário.

António Baldaia

A Página da Educação “tem como objetivo contribuir para a formação integral dos educadores e professores e dos profissionais da educação social”.

A Página da Educação não é uma página, são muitas páginas! Páginas de reflexão educacional, de intervenção cívica e política, e de análise crítica (tantas vezes com contribuições polémicas, contraditórias, combativas e de intervenção). E a pensar nos quotidianos escolares, nos percursos educativos, nos desafios que homens e mulheres, crianças e jovens têm pela frente, nos dilemas do país e do mundo, nas possibilidades ao nosso alcance, nas alternativas à degradação dos direitos e na invenção de outros lugares e tempos (mesmo breves, mesmo frágeis) onde a emancipação não seja uma miragem.
Páginas que, na maior parte das vezes, nascem da alma. Mas que também incomodam, inspiram, entristecem, motivam, produzem solidariedades e impulsionam à ação.
Nelas (re)conhecemonos e (re)conhecemos os outros (das indiferenças às cumplicidades...). Mas precisamos mais debate, muito mais debate entre nós, mais tensão cognitiva, mais confronto de ideias, mais olhares cruzados, dialógicos e intersubjetivos. Precisamos urgentemente alimentar as nossas convergências, as nossas divergências, as nossas dissidências... Temos vinte anos de idade e o tempo urge.

Almerindo Janela Afonso, Universidade do Minho

Do que quisemos, ao que queremos; / Para onde íamos e onde estamos; / Do que sonhamos, ao que somos; / Entesourando o que juntamos, / Entendendo o que perdemos. / Aqui chegamos. Aqui estamos. / Penedos esculpidos pela corrente / No meio do rio. // Vinte anos de tantas páginas / Escrevem um livro inteiro de viagens, / De fósforos e sóis, montanhas e areias, / De trigo e de flores. / Mudaram-se os viajantes / E descobriram-se novas rotas? / Talvez… / Mas o destino é que não.

David Rodrigues, Universidade Técnica de Lisboa

Agora que tes vinte anos te celebramos, celebrándonos. Case dez mil días construíndote alentada pola vontade inequívoca de facernos partícipes da mellor educación imaxinada, con todos e para todos. Da educación que temos e nos gusta (libre e liberadora), mais tamén da que nos incomoda, e fronte á que insistimos na que deberá ser posible, por desexada e reivindicada, especialmente nos momentos duros que vivimos. A educación dunha Páxina chea de páxinas, herdeiras e ao tempo artífices da apaixonante tarefa que supón prolongar a maxia da escritura no extraordinario don de ler, pedagóxica e socialmente. Grazas e parabéns a José Paulo Serralheiro, sempre con nós, e a todas as persoas – antes e hoxe – que o teñen/temos procurado.

José Antonio Caride, Universidade de Santiago de Compostela

Quiero enviar mi más encarecidas felicitaciones a la revista A Página da Educação por sus 20 años de andadura. Ha sido y es, sin duda, un referente para todas las personas interesadas en el mundo de la educación: profesionales, padres y madres y estudiantes. A Página da Educação es como un crisol en el que convergen y se mezclan ideas, reflexiones, proyectos, prácticas y propuestas que nos ayudan a todos y todas a comprender y vivenciar mejor los procesos educativos en los que participamos. Gracias A Página por lo que nos das a todos los que amamos la educación.

Xavier Úcar, Universitat Autònoma de Barcelona

 Na merecida comemoração do seu vigésimo aniversário, vejo a Página como uma daquelas árvores longevas que, mesmo depois de morrerem, porque nada é eterno, ainda deixam na profundidade do seu espaço o rizoma da sua história de vida: uma vida que convocou uma plêiade de homens e mulheres empenhados numa causa que nunca se extinguirá: a educação para a cidadania, o conhecimento e a liberdade.

Leonel Cosme, Escritor

N’a Página escrevo / em liberdade total / sempre incentivado / por Director sem igual. // a Página jornal / gémea de minha filha / (talvez por isso, trago ambos no coração). // a Página revista / de olhares diversos / (talvez por isso, sob suspeita de ortodoxias) // a Página revista / de movimentos alternativos / (talvez por isso, circunscrita a nichos) // a Página revista / de escritores resistentes / (talvez por isso, ancorada no contra-poder) // Assim entendo a Página / e também nisto, creio, / o nosso entendimento é plural.

Luís Souta, Instituto Politécnico de Setúbal

 Se, por absurdo, se pedir algo de valor para celebrar este aniversário, podemos ousar uma nota, uma apreciação de valor e afecto por esta realização de tanto empenho e imaginação. Seria um vinte, para além do rigor, do saber inquestionável, da argumentação ou da inventiva dos saberes. Uma nota de excelência a premiar toda a dedicação dos mentores pretéritos e sempre presentes desta nossa Página, dos seus herdeiros, a fazer justiça sobre as intenções num mundo mais feliz e culto, onde haja lugar para reflectirmos acerca do nosso papel neste cenário em que se desenham a fraternidade e a arte dos mestres, mestres que serão também eles amigos por condição. Parabéns à Página da Educação e votos de longa e frutífera vida.

Luís Vendeirinho, Escritor

No início da década de 70, Paulo de Carvalho, a comemorar agora 50 anos de carreira, cantava: 10 anos é muito tempo, muitos dias, muitas horas a cantar; 10 anos é muito tempo, deste tempo inteiro que eu vos quero dar...
É caso para dizermos que 20 anos da Página é também muito tempo, muito tempo a escrever, a divulgar e a comunicar sobre educação, sobre sociedades e sobre culturas. Aqui encontrei pistas para muitos trabalhos e lancei as sementes de ideias para textos e livros desenvolvidos mais tarde. Parabéns à Página da Educação e à equipa que tem mantido este trabalho fantástico com regularidade. Um abraço extensivo ao José Paulo Serralheiro que continua vivo através deste projeto.

Ricardo Vieira, Instituto Politécnico de Leiria

A Página da Educação é uma revista única no nosso país. Por ser uma aposta editorial consistente assumida por um sindicato, projecto cultural que alarga e enriquece o perfil próprio de um sindicato que reúne educadores, professores, investigadores. Em 2001 fiquei muito sensibilizado quando o José Paulo Serralheiro me contactou convidando para colaborar numa nova página da Ciência e da Vida, mais me confiando sugerir outros colaboradores para esse propósito. Dos vinte anos que agora se cumprem, cerca de metade se fizeram com essa página também. Para mim foi uma honra e uma satisfação. A revista continua e continuará um projecto cidadão da classe docente e pela Escola Pública.

Rui Namorado Rosa, Universidade de Évora

O grupo de escrita “Saúde Escolar” encontrou n’a Página da Educação um espaço de partilha e de reflexão para um conjunto de práticas que vinham sendo por nós postas em prática. O professor José Paulo Serralheiro acolheu o projeto prontamente, que acabou também por se traduzir num livro de dinâmicas de grupo nesta área. Este espírito de abertura é uma mais-valia do projeto, que se tornou indispensável, no sentido de garantir uma pluralidade de perspetivas, de metodologias e abordagens sobre a vasta área da educação. Parabéns a todos!

Débora Cláudio, Nuno Pereira de Sousa e Rui Tinoco - Médicos

A Página da Educação é, desde há vinte anos, um portal de liberdade aberto para a democracia. Precisamos de instrumentos críticos de conhecimento em diálogo, como este, para construir novos caminhos para a democracia e para a socialização, numa educação democrática sempre adiada. Por isso mesmo, a Página é, mais do que nunca, um lugar de urgência para o futuro da educação dos portugueses.

Sérgio Niza, Movimento da Escola Moderna

 Celebrar o vigésimo aniversário d’a Página da Educação é saudar todos aqueles que souberam dar forma a um projeto pioneiro e inovador. É impossível não prestar homenagem a José Paulo Serralheiro sublinhando a relevância do seu papel na definição de uma linha editorial não dogmática e não ortodoxa, mobilizadora e integradora de visões progressistas sobre a educação e a formação. Nos seus 20 anos, a Página, constitui um raro espaço de debate e de interpelação. O que, nesta altura, podemos desejar é que, por muitos anos, a determinação, a cooperação e o saber continuem a animar todos aqueles que, de algum modo, “fazem” a Página. Motivos não nos faltam e não nos faltarão com certeza.

Domingos Fernandes, Universidade de Lisboa

Página a página, vinte anos a intervir. É notável, nos tempos que correm, a longevidade d’a Página da Educação, a resiliência e a motivação de quantos a fazem a cada número, a diversidade dos temas abordados e dos autores que colaboram, reunindo alguns dos mais desatacados educadores e investigadores em educação do país, e vários estrangeiros de renome, o que faz dela um projeto editorial ímpar entre nós. Fora do universo restrito das revistas académicas, é cada vez mais difícil encontrar publicações que, integradas na tradicionalmente designada “imprensa pedagógica”, abordem de forma crítica, bem informada e diversificada os temas da educação e da cultura que interessam a educadores, professores e outros leitores não necessariamente especializados. O debate público sobre a educação e a defesa da educação pública, de forma intelectualmente séria, crítica e argumentativa, transcendendo visões puramente ideológicas ou mal informadas sobre o quotidiano e as práticas educativas em Portugal, é o que não está ao alcance de todos e, no entanto, é exatamente o que de melhor nos é oferecido, página a página. A Página tem já um lugar na história das publicações periódicas sobre educação em Portugal e representa um repositório dos temas e problemas que, ao longo dos anos, emergem como centrais e exigem reflexão e tomada de posição crítica.
Um dia será, plausivelmente, objeto de estudo, mas, por agora, importa assegurar que o projeto continue por muitos anos.

Licínio C. Lima, Universidade do Minho

 Cuenta una hermosa leyenda persa que, al comienzo de los tiempos, los dioses repartieron la verdad dando a cada persona un trocito. Para reconstruir la verdad, hace falta poner el trozo de cada uno. Verdad y comunicación serían las dos caras de una misma moneda. A Página es ese lugar en el que verdad y comunicación se funden en aras de una utopía. En ella encontramos pequeños trozos de verdad que nos ayudan a comprender la realidad y nos impulsan a ser mejores personas y mejores profesionales de la educación. A Página no es solo una página, es un libro ide incalculable valor que se construye con la ilusión, el esfuerzo y la pasión de quienes escriben y quienes leen. Cada vez que me llega un ejemplar de A Página, se reaviva en mí el deseo de saber y se me ensancha un poquito el corazón.

Miguel Santos Guerra, Universidad de Málaga

Veinte años de vida en una revista pedagógica es un espacio temporal que refleja con lucidez la salud social y educativa de un território y un país como Portugal, sus éxitos y fracasos, expectativas y luchas; es una etapa suficiente para madurar proyectos de cambio en el lento y pesado devenir del sistema educativo; es un período de tiempo adecuado para que florezcan o declinen las utopías pedagógicas, las experiencias innovadoras, para ver la felicidad de las muchas caras de emoción por aprender y enseñar de niños, jóvenes y profesores, a veces también de desilusión; es una oportunidad del curso de la vida de una generación para afirmarse o malograrse, para ganar o perder justicia e igualdad a través de una escuela para todos y de calidad, o no tanto. Lo mejor de la escuela portuguesa de estos últimos veinte años, siempre a través de sus profesores, no puede entenderse sin A Página da Educação. Por ello, desde Salamanca, “os meus parabéns”, y animando a caminar con energía otros veinte años más, al menos.

José M. Hernández Díaz, Universidad de Salamanca

Os meus contactos com a Página da Educação datam do fim da década de 1990, por via do saudoso e inesquecível José Paulo Serralheiro. Na altura, residindo no Porto e levando a cabo o doutoramento na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, enviei um texto à publicação, e logo o Zé Paulo me contactou a dizer: “penso que o Ivonaldo poderia manter uma colaboração permanente na Página”. E assim foi, e tem sido. De jornal a revista, seja como for, penso que a Página da Educação constituiu-se num canal de referência acerca do debate educativo no mundo de língua portuguesa, e fundamentalmente respeitando todos os seus sotaques. A Página faz valer Fernando Pessoa: “a minha pátria é a minha língua”.

Ivonaldo Leite, Universidade Federal da Paraíba


  
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Edição:

Edição N.º 199, série II
Inverno 2012

Autoria:

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