Desde sempre o Homem, utilizando os mecanismos naturais de multiplicação vegetativa das plantas, reproduziu espécies vegetais de grande interesse agrícola. Contudo, ao longo do século XX, devido ao exponencial aumento da população humana e consequente aumento das necessidades alimentares, a agricultura deixou de ser fruto apenas de um conhecimento empírico para se transformar numa “ciência” que constantemente procura inovar e dar resposta a estas necessidades. Nos últimos anos, tem-se verificado, também, uma crescente procura de espécies vegetais para uso ornamental, pelo que os estudos relativos às técnicas de propagação deste tipo de organismos têm sofrido um enorme desenvolvimento, transformando por completo o ramo da floricultura. Este tipo de técnicas de reprodução de plantas utiliza técnicas de multiplicação vegetativa como, por exemplo, a micropropagação – técnica in vitro de propagação artificial de espécies vegetais – e outras técnicas que utilizam o conhecimento sobre a reprodução assexuada em plantas, a importância da totipotência e a diferenciação celular e tecidular. A reprodução artificial de espécies vegetais utiliza técnicas naturais e in vitro de multiplicação vegetativa de organismos com elevado interesse agrícola ou ornamental, tais como estacaria, mergulhia, destaque de estolhos e micropropagação in vitro. A nível agrícola ou em floricultura, desde sempre têm sido aplicadas técnicas de multiplicação vegetativa a espécies como Hydrangea (hortênsia), Malus (macieira) e Vitis (videira). Ao longo da história, o Homem tem vindo a tirar proveito de mecanismos naturais de multiplicação vegetativa que podem ser aproveitados para a reprodução de espécies com interesse agrícola e ornamental, tais como o destaque de estolhos em Fragaria (morangueiro), a utilização de bolbos de Tulipa (túlipa) ou o destaque de réplicas em Bryophyllum (courama). Na micropropagação de plantas in vitro, a partir de pequenos fragmentos da planta progenitora, tem origem um elevado número de plantas geneticamente iguais entre si e iguais à planta progenitora. A clonagem pode definir-se como o processo através do qual se conseguem, por sucessivas divisões celulares (de modo assexuado), um ou mais indivíduos geneticamente idênticos entre si e ao organismo que lhes deu origem, cada um designado por clone. Para a implementação deste tipo de técnicas é fundamental compreender a importância das fito-hormonas e dos macronutrientes e micronutrientes na formação e desenvolvimento dos clones, bem como das condições abióticas durante o processo de desenvolvimento dos espécimes. Estas técnicas de cultura in vitro têm sido, ao longo dos anos, aplicadas a muitas espécies vegetais cujo interesse económico é relevante, como em Nicotiana tabacum (tabaco) ou em diversas espécies ornamentais de Orchidaceae (orquídeas). A micropropagação de plantas assume-se como uma técnica que apresenta diversas vantagens, como a obtenção de um elevado número de descendentes num tempo reduzido, o facto de ser um processo controlado laboratorialmente e, por isso, permitir a propagação contínua durante todo o ano e a produção de plantas sem fitopatologias. Contudo, apresenta algumas limitações, como a necessidade de equipamentos e instalações específicas, bem como de técnicos especializados. Além destas limitações, e apesar de todo o desenvolvimento científico, ainda não existem protocolos otimizados para todas as espécies com interesse económico.
Departamento de Conteúdos Científicos do Visionarium
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