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IndieJúnior Allianz: Dias de cinema com lugar para miúdos e graúdos

A exibição de filmes criativos, curtas e longas metragens de ficção e de animação realizadas mundo fora, aliada a oficinas, exposição, debates e conversas, resultou em seis dias de cinema para crianças e jovens, dias de cinema com lugar para todos, onde cabem também adultos, famílias e escolas.

A terceira edição do IndieJúnior Allianz – Festival Internacional de Cinema Infantil e Juvenil do Porto, que teve como tema ‘Lugar’, decorreu de 29 de janeiro a 3 de fevereiro, em quatro espaços da cidade do Porto: Teatro Municipal Rivoli, Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Casa das Artes e Reitoria da Universidade do Porto. E pelo IndieJúnior passaram miúdos e graúdos, para assistir à competição internacional de 50 curtas e longas metragens e aos clássicos eleitos na secção ‘O meu primeiro filme’.

No terceiro dia de evento, na manhã de uma quinta-feira de chuva, o Rivoli encheu-se de vozes animadas, crianças do Pré-escolar e do 1º Ciclo, preparadas para assistir à sessão ‘Bicharocos por todo o lado’, que reuniu nove curtas coloridas e dinâmicas, que iam arrancando palmas ao público. No final, foi tempo de votar no filme preferido e as opiniões foram-se dividindo entre o ‘Viagem de Barco’, o ‘Rabiosque Bailarino’ e o ‘CucuCores’.

O facto de eles poderem assistir ao filme e de avaliarem as películas é visto como algo benéfico por Cátia Freire, professora da turma de 3º ano da Escola Básica São João da Foz. “Esta é uma possibilidade que eles têm de viver o cinema. Ver, votar, avaliar é uma mais-valia que ajuda a enriquecer o currículo”, referiu.

Não foi a primeira vez que Ana Teixeira, professora do Infantário Sete Ventos, marcou presença com os seus alunos no festival. “Temos vindo todos os anos e eles têm adorado. Também trabalhamos um bocadinho com o cinema de animação no infantário, pelo que eles virem ver as curtas metragens fazia todo o sentido.” O cinema de animação é um instrumento de trabalho, adiantou a professora, que destacou a importância que tem não só na narrativa, mas também na forma como os mais pequenos “conseguem perceber a sequência da história e ter claro as ações daquela história”.

 

 

O cinema como “veículo de transmissão de conhecimento”

Nesta edição, quatro escolas do Grande Porto participaram na seleção de alguns filmes a concurso, através do projeto “Eu programo um festival de cinema!”, organizado em parceira com o Programa Paralelo do Teatro Rivoli. A Escola da Ponte, a Escola Básica/Jardim de Infância dos Carvalhos, o Liceu Francês e a Escola Profissional Bento Jesus Caraça, cobrindo vários anos de escolaridade, participaram na programação.

Vitorino Santos, professor da turma de 11º ano da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, esteve presente em todas as edições. O docente considera o cinema uma “ferramenta de aprendizagem” e, desta vez, no âmbito da seleção de filmes, a visualização das fitas serviu para trabalhar o tema do projeto de escola, dedicado este ano à igualdade de género e à cidadania. “Ao longo dos visionamentos foi-se articulando o tema dos filmes com o tema do projeto, de forma a trabalhar aprendizagens com os alunos”, explicou Vitorino Santos.

Sendo professor de Comunicação Gráfica é fácil introduzir o cinema no dia a dia da sala de aula. O cinema “está presente todos os dias, particularmente na nossa escola”, contou. “Nós somos uma escola profissional e usamos o cinema como veículo de transmissão de conhecimento, porque ele tem esta capacidade de trabalhar vários sentidos.”

Um festival como o IndieJúnior Allianz educa “não só para o cinema”, como também para as questões que cada filme vai colocando, como lembrou Maria João Costa, de 18 anos, aluna do 12º ano na Escola Artística Soares dos Reis. Para o também membro do Júri Escolas – um dos prémios do evento –, “enquanto que os livros são uma experiência mais pessoal, os filmes são uma experiência mais imersiva de nos encontrarmos com certos problemas”.

 

 

“O melhor feedback é quando os professores voltam”

Esta é a terceira edição do IndieJúnior Allianz, um festival que forma públicos, que lhes pretende dar bom cinema e “mostrar que há linguagens, narrativas e mundividências muito diferentes daquelas que muitas vezes chegam ao grande público”, explicou Irina Raimundo, diretora do festival, acrescentando que a ideia é contribuir também para o aumento da produção do cinema para crianças e jovens em Portugal. “Se há um espaço onde se pode mostrar filmes portugueses, a produção também pode surgir.”

A participação das escolas é essencial para o evento, mesmo não sendo “uma coisa nova” o envolvimento de crianças e jovens na programação de um festival de cinema. Escolher filmes para outros miúdos verem é algo de “grande responsabilidade”, afirmou Irina Raimundo, frisando o contributo importante que os mais pequenos dão ao nível do que pode despertar interesse àquele público específico. “Acho que é um bom encontro com aquilo que os programadores adultos fazem”, a pré-seleção de filmes.

Em todas as edições são abordados temas importantes “para a comunidade, para eles, para as famílias, para os pais” e é criado um espaço “onde se aprende, se discutem formas e estratégias”. Este ano, a propósito do documentário ‘No meu quarto’/‘In my room’, de Ayelet Albenda (Israel, 2018), houve um debate em torno das redes sociais.

Esta fita venceu o Grande Prémio IndieJúnior Allianz, do Júri Oficial da Competição Internacional, e recebeu uma Menção Honrosa do Júri Escolas, que atribuiu o Prémio Escolas para Melhor Filme à animação ‘Fogo na Cidade de Cartão’/’Fire in Cardboard City’, de Phil Brough (Nova Zelândia, 2017). O Júri Oficial da Competição Internacional atribuiu ainda uma Menção Honrosa ao filme de animação ‘Laços’/’Threads’, de Toril Kove (Noruega, 2017), e o Júri do Público atribuiu o Grande Prémio do Público à película ‘Mary e a flor da feiticeira’/’Mary and the witch’s flower’, de Horimasa Yonebayashi e Giles New (Japão, 2017).

“Não há dúvidas [de que o cinema] é uma das melhores ferramentas de aprendizagem. Aliás, a arte é uma das melhores”, sublinhou Irina Raimundo, adiantando que “o melhor feedback é quando os professores voltam – e eles têm voltado”.

O IndieJúnior já tem data marcada para o próximo ano. O festival regressa à cidade do Porto de 28 de janeiro a 2 de fevereiro de 2020.

Maria João Leite (reportagem)
Ana Alvim (fotografia)


  
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