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Bagdad Cercada

(AFP)

O Iraque acusou recentemente os Estados Unidos e a Grã-Bretanha de bloquearem a compra de computadores destinados ao ensino, de forma a privarem o país de "acesso às tecnologias modernas".
"Os representantes americano e britânico no Comité de Sansões da ONU entravam sistematicamente os contratos estabelecidos entre o Iraque e diversas companhias internacionais, até mesmo na compra de computadores destinados às escolas", declarou o ministro da educação iraquiano, Fahd Salam al-Chaqra. O ministro referia-se à recente assinatura de um contrato de compra de um milhar de computadores, estabelecido com uma empresa indiana, destinados a equipar os estabelecimentos escolares daquele país.
A educação no Iraque sofre de uma falta crónica de equipamento e de quadros devido ao embargo que atinge o país desde 1990. Bagdad afirma, nomeadamente, que as sansões impedem o estado de iniciar a construção de mais de quatro mil escolas necessárias para responder à crescente vaga demográfica do país e acusa Washington e Londres de entravarem sistematicamente a aprovação de contratos humanitários visando a reabilitação do seu sector educativo.
Entretanto, um parlamentar americano chegou recentemente a este país para avaliar o impacto das sansões no sector educativo. Numa escola de Bassorá, Tony Hall, representante do partido democrata, viu como as alunas da escola primária al-Baraaem se aglomeram em grupos de cinco em carteiras que habitualmente não levariam mais de dois alunos, e se servem de manuais antiquados em salas onde faltam mesas e outro equipamento. Ali, cada sala de aula é frequentada por uma média de cinquenta alunos. Awatef Abdel Razzak, responsável por esta escola situada num quarteirão popular de Bassorá, explicou também ao parlamentar americano que falta água potável e que a maioria dos alunos estão sub-nutridos.
"As sanções foram impostas para impedir o uso de armas de destruição maciça, (...) mas são os inocentes que estão a pagar a factura", declarou Hall aos jornalistas que o acompanhavam. A sua visita constitui a primeira missão de avaliação humanitária das sansões contra o Iraque por parte de um político americano, que deverá comunicar ao congresso o resultado das suas observações.

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Jornal a Página da Educação nº 90 - Abril de 2000, pg. 13


  
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Edição:

N.º 91
Ano 9, Maio 2000

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
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