1. (...) elegemos a fotografia como um dos meios privilegiados para a eficácia da comunicação necessária. Como técnica e como arte, mormente no que às artes plásticas diz respeito, sendo que estas estarão, seguramente, contempladas num trabalho de animação comunitária.
Pela fotografia, como pelo sonho, também vamos. (...)

2.Um dia talvez se atribua o Nobel à fotografia. Porque a fotografia, como a própria poesia, também é a captação de um instante. Sebastião Salgado, o que retratou os Sem-Terra com um traço de Uccello, será então a nossa esperança de mais um Nobel que fale português.
Agarra-me esse instante de 1/2000 avos do segundo, como quem apanha, num passe de alquimia o efémero de um gesto, seja ele o de trocar um beijo, as alianças ou os caracóis virgens de uma cabeleira de menino: "quando era pequeno parecia uma menina".
Ninguém resiste a um album de memórias em nitrato de prata. "Esta tirei-a em Luanda". "Aqui era estudante em Coimbra". "Esta Praça de S. Marcos é um dos sítios mais bonitos do Mundo", vês?.

3. Fruir é um verbo pouco democratizado. Fruir é o verbo que alguns, poucos, usam para verbalizar o gozo da arte. "Eu gosto do Ungaretti. E de um poema muito especial, de um único verso, deslumbro-me de imenso. Conheces?" Se o outro conhece estão isto é fruir, acompanhadamente, a poesia. Talvez o mesmo, um dia, possa acontecer relativamente a uma obra de arquitectura, de pintura, de desenho. E talvez a fotografia possa, em alguns casos, contribuir para que tal aconteça.
(...)

4. (...) Mas o que é a arte? Como se define algo que apela à sensibilidade, ao subjectivo, ao sonho mas também ao concreto e à técnica? (...) "Temos um povo iletrado e de alguma maneira arredado de uma parte da cultura. Daí que a cultura tem que estar disponível; oferecer-se às pessoas para que possam aprender a disfrutá-la".
Poder-se-ia, pela fotografia, contribuir para alterar este estado de coisas? (...)

As artes plásticas na Animação Comunitária
Trabalho de formandos da Escola Superior de Educação /Porto