Estão confirmadas cerca de 50 competições desportivas, em 38 modalidades diferentes. Vão ser 90 dias de atividade, com mais de 26 mil atletas participantes.
Depois de, no ano passado, ter sido Capital Europeia da Cultura, Guimarães é este ano Cidade Europeia do Desporto. É a primeira vez que uma cidade portuguesa recebe este estatuto atribuído pela Associação Europeia de Capitais de Desporto (ACES) e pela União Europeia. Guimarães pretende intervir ao nível da promoção e do desenvolvimento da prática desportiva e envolver a população em todo o projeto. Estão previstas cerca de meia centena de iniciativas, que prometem colocar a cidade e o país no mapa desportivo europeu. “Acreditamos que a Cidade Europeia do Desporto possa desempenhar um papel determinante no domínio da promoção, fomento e desenvolvimento da prática desportiva. Estamos apostados em colocar o desporto e o fomento da atividade física no centro da nossa intervenção, porque entendemos que o desporto é um veículo determinante na formação dos cidadãos e um instrumento poderoso de promoção de saúde e de hábitos de vida saudáveis”, declarou à PÁGINA Paula Nogueira, da coordenação geral de Guimarães Cidade Europeia do Desporto 2013. A responsável adianta que a organização pretende “deixar para o futuro um legado de conhecimento, cientificamente validado, para que se pense a cidade, as políticas de desporto e a qualidade de vida dos cidadãos numa perspetiva mais ampla”, estabelecendo uma ponte entre o ano passado e este ano, entre a celebração da Cultura e do Desporto: “Entre as duas margens existe em comum uma linguagem universal.” Estão a ser recolhidos documentos que vão ajudar a organização “a redigir a História do Desporto em Guimarães”, um projeto que pretende enriquecer “o já rico património histórico” da cidade. E tudo isto envolvendo os cidadãos, “não apenas naquilo que é a essência prática do desporto (exercício e competição), mas também na sua componente cívica. Falamos da cidadania desportiva, dos valores da ética e do fairplay, do voluntariado”, acrescenta Paula Nogueira.
Parcerias com universidades
São várias as atividades previstas no âmbito da Cidade Europeia do Desporto, que vai atuar em cinco áreas: eventos desportivos, desporto para todos, desporto e cultura, formação e qualificação e investigação e conhecimento. “A programação está definida de acordo com uma estratégia orientada para cinco grandes áreas de intervenção, destacando-se a investigação e conhecimento como o principal eixo, na medida em que nos vai permitir estudar, analisar e escrutinar o presente, a realidade atual, o território e a comunidade desportiva existente, no sentido de deixar um legado de conhecimento que potencie melhores políticas públicas desportivas e uma melhor gestão e organização do desporto local”, argumenta a responsável. Neste capítulo, existem parcerias com universidades e institutos de estudos superiores e estão já a ser desenvolvidos vários estudos, entre os quais a atualização da oferta e procura desportiva em Guimarães (Faculdade de Desporto da Universidade do Porto), a participação desportiva nas escolas básicas do 1º Ciclo (Universidade do Minho), o perfil do gestor desportivo local (Instituto Superior da Maia) ou o impacto económico do desporto em Guimarães (IPAM - The Marketing School), por exemplo. E num programa que contempla “a inovação”, eventos “fora do comum”, com modalidades “menos convencionais ou conhecidas”, estão confirmadas cerca de 50 competições desportivas, em 38 modalidades diferentes. Vão ser 90 dias de atividade, com mais de 26 mil atletas participantes. No que toca a grandes competições, de dimensão internacional, destaque para a Final Four da Taça de Portugal em futsal (11 e 12 de maio), o jogo de seleções principais de rugby (1 de junho), Portugal-Espanha em andebol, de qualificação para o Europeu da Dinamarca de 2014 (12 de junho), o Campeonato da Europa de boccia (15 e 23 de junho), o Championship Footvoley (20 e 21 de julho) e ainda o Speedminton World Series (14 de setembro). Mas há mais: ténis, natação sincronizada, ginástica, atletismo, entre outras modalidades. “Nos restantes segmentos de programação, serão desenvolvidas múltiplas atividades, como conferências, cursos, exposições, provas e jogos de comunidade”, refere Paula Nogueira.
“Se Guimarães ganhar, o país ganha”
Guimarães conta com 300 espaços e instalações com aptidão desportiva. Ao todo soma 100 clubes desportivos organizados e oito mil atletas federados, em 42 modalidades diferentes. “A candidatura de Guimarães a Cidade Europeia do Desporto e, consequentemente, a atribuição do título, confirma a capacidade empreendedora de uma comunidade que não cruza os braços, que não se acomoda, mesmo e sobretudo nos tempos mais difíceis. Este título surge na sequência de duas décadas de políticas de desenvolvimento desportivo, ao nível de equipamentos, infraestruturas e serviços. Importava agora partilhar com o país, com a Europa, a paixão de Guimarães e dos vimaranenses pelo desporto”, explica a responsável. Depois de ter sido Capital Europeia da Cultura, Guimarães “atingiu um elevado nível de notoriedade”, que a organização pretende manter este ano. Até porque “a própria identidade histórica de Guimarães não se ajusta a compassos de espera. A cidade reclama uma dinâmica própria, porque é cheia de vida”. E com esta nomeação torna-se mais fácil promover a cidade e o país em termos turísticos. “Guimarães é hoje uma das principais rotas para o turismo em Portugal e, obviamente, é importante manter o atrativo, dar seguimento ao trabalho positivo que foi desenvolvido até aqui”, sublinha Paula Nogueira, acrescentando que está prevista a passagem pela cidade de mais de 30 mil atletas, milhares de técnicos, dirigentes e formadores, em 40 modalidades diferentes. “Atrair pessoas significa dinamizar o tecido económico local. E se Guimarães ganhar, o país ganha”.
Maria João Leite
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