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As TIC transversais ao currículo

As Tecnologias de Informação e da Comunicação (TIC) provocaram uma mudança a todos os níveis: educativo, cultural e social e a entrada no mundo da informação digital, o ensino a distância, o e-mail, o e-government, o e-banking, a vídeo-conferência, as compras online, etc. estão a mudar significativamente a nossa forma de viver. Os equipamentos interactivos e multimédia colocam à disposição dos estudantes e dos professores um conjunto enorme de informações, aumentam as possibilidades de pesquisa e ajudam-nos a tornarem-se "exploradores" activos do mundo que os envolve. Acrescende ainda o facto de, para os professores, ser uma ferramenta essencial para a criação de conteúdos e desenvolvimento de estratégias de ensino e aprendizagem.
Quando falamos em criação de conteúdos com os alunos estamos a referir-nos à importância da qualidade dos materiais pedagógicos e à vantagem que será ter materiais que abram o espaço de sala de aula - por exemplo as plataformas de gestão de conteúdos - e referimo-nos ainda à capacidade de ensinar o aluno a investigar e a procurar informação, quer no computador da escola, quer em casa. Quando se coloca material numa plataforma ? quer seja pelo professor, quer seja pelo aluno ? este material fica disponível para o aluno, para a turma, para a escola, para os colegas, para os professores, para os pais, ou por vezes para uma outra turma, para quem isso possa ser interessante. Isto é um avanço no conceito de aprendizagem e autonomia. Permite ainda uma coisa mais interessante que é uma educação centrada no aluno: cada um pode fazer ao seu ritmo e de maneira diferente.
São muitos os exemplos de projectos escolares bem sucedidos em que as TIC foram uma componente essencial (Projectos de implementação de Jornais Escolares Digitais, Projecto Hyperscore nas Escolas, Projecto Geometer's Sketchpad, etc), como são imensas as pistas para ajudar a desbloquear esta situação: WebQuests isto é pesquisa orientada, e-portefólios digitais, utilização de programas de desenho e imagem para abordar as temáticas da Educação Visual, dicionários online, hot potatoes (palavras cruzadas, jogos interactivos para aprendizagem da língua, etc). Para quem quer dar passos mais simples pode começar por utilizar e incentivar o email ou Messenger para troca de informação com os professores e colegas, criar blogs ou fóruns. As plataformas Moodle, em implementação por todas as escolas públicas do país, permitem que de uma forma interactiva os alunos façam os testes e a correcção imediata. Se estas vantagens, entre outras, já testadas e estudadas suficientemente, são importantes para todos os alunos e professores para os alunos com algum tipo de incapacidade são completamente imprescindíveis.
No entanto, as TIC são muitas vezes percepcionadas como equipamentos que podem ou não ser usados e não como tecnologias transversais ao currículo que permitem acesso e produção de informação original, um meio privilegiado de comunicação. Aliás, a sigla não é perceptível para todos da mesma forma e confunde-se Tecnologia de Informação e Comunicação com aulas de informática o que não ajuda e percepcionar a necessidade de ter uma visão mais ampla que ultrapasse as paredes da escola, a vontade do governo ou a vontade e energia pessoal de cada docente. Neste sentido, a forma como os professores percepcionam os modelos de ensino aprendizagem e os meios que colocam à disposição dos estudantes, para que estes aprendam, está condicionada pela vontade e saber de cada um, como referia Rui Grácio (1995-1996).
Se para alguns jovens a falta de uso das novas tecnologias, no âmbito das suas rotinas escolares é apenas um problema parcial, pois têm essa experiência facilitada em casa, para outros, que não têm outro acesso à tecnologia a não ser na escola, é uma oportunidade perdida. Aliás, à medida que a sociedade da informação se vai desenvolvendo, os jovens têm muito a perder ou a ganhar com o desenvolvimento de competências tecnológicas. Assim, somos de opinião que, em todos os graus de ensino, mas sobretudo no Ensino Básico, deve haver acções conducentes a que se alterem as práticas pedagógicas incorporando as TIC em todas as disciplinas, de forma a que sejam transversais ao currículo e não consideradas como uma disciplina autónoma em que o objectivo é o domínio da ferramenta.

Maria José Araújo
José Alberto Lencastre


  
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Edição:

N.º 175
Ano 17, Fevereiro 2008

Autoria:

Maria José Araújo
Bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Investigadora do Centro de Investigação e Intervenção Educativas da FPCE-UP
José Alberto Lencastre
Investigadores do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) Núcleo E:etc - Expressões, Espaços e Tempos de Criatividade. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Maria José Araújo
Bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Investigadora do Centro de Investigação e Intervenção Educativas da FPCE-UP
José Alberto Lencastre
Investigadores do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) Núcleo E:etc - Expressões, Espaços e Tempos de Criatividade. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

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