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A Cidade e as Serras

Serve o título do romance de Eça de Queirós para ilustrar a relação entre o urbano e o rural, a cidade e o campo, o Homem e a Natureza e de como é importante o papel da educação ambiental. Porque educar para o Ambiente é preciso. Sempre. E de forma contínua. A necessidade não é de hoje, mas, tendo em conta que as pessoas procuram viver e comer de forma mais saudável, nos tempos que correm é necessário não esquecer os cuidados a ter com a Natureza e conhecer as implicações que as nossas atitudes podem ter no Ambiente. E são várias as instituições que há anos se dedicam à Educação Ambiental. A PÁGINA visitou o Parque Biológico de Gaia e a Quinta da Gruta e falou com os respetivos responsáveis.

 

PARQUE BIOLÓGICO DE GAIA

Mostrar e explicar a natureza

 

O Parque Biológico de Gaia (PBG) é um dos espaços privilegiados para o contacto com a natureza. Numa visita, é possível ficar a conhecer a fauna e a flora em contexto natural, caminhar pelos percursos, passear junto ao rio Febros e fugir à correria da cidade. O trabalho que lá se faz é, essencialmente, através de visitas ou ateliês sobre os mais diversos temas, mostrar a natureza e explicá-la. Assim, simples.

É que “o trabalho de educação ambiental não se faz num momento e num sítio. Pressupõe uma preparação em sala, uma exploração no terreno e depois uma avaliação em sala; pressupõe estes três tempos para ser um processo educativo”, explica Nuno Gomes Oliveira, que defende a importância da abordagem desta temática nas escolas: “A escola é o lugar certo para se fazer isso, porque tem lá os alunos durante uma série de anos. Não é com a intensidade desejada, mas é feita muita coisa.”

O diretor do PBG considera, ainda assim, haver um decréscimo da importância das questões ambientais nas escolas. “Muito do que se faz é ‘folclore’. É plantar a árvore no Dia Mundial da Floresta, é reciclar papel, etc.” Mas uma coisa é certa: “O trabalho de educação ambiental feito em Portugal nas últimas décadas, por uma série de instituições, com mais ou menos sinceridade, deu alguns resultados. E hoje há claramente mais sensibilidade para o Ambiente, pelo menos na população urbana, porque na população rural sempre foi muito grande.”

Nuno Oliveira lembra que mais de metade da população mundial vive em cidades e parece que perdeu a ligação ao Ambiente. “Não percebe que a água que bebe vem do campo, que as couves e as batatas que come vêm do campo, que o ar puro vem do campo… e depois mandam para o campo os esgotos e os lixos.” A relação causa-efeito no meio ambiente tem escapado à população urbana, frisa, “e explicar isso compete à educação ambiental.”

Compreender para decidir melhor

No PBG, além dos espaços naturais, existe um Centro de Recuperação de Animais, onde são recebidos e tratados animais feridos, um observatório astronómico, complexos para exposições, salas de formação, um moinho de água, entre outros – diversos espaços onde decorrem programas de educação ambiental e atividades de descoberta da natureza, como visitas guiadas aos Sábados no Parque, oficinas nas férias escolares ou a Noite dos Pirilampos (em junho).

Todo o trabalho feito, mesmo que de forma descontinuada, é importante; explicar as espécies, os comportamentos em natureza e o que está em causa quando se agride o Ambiente. “A sensibilização e a educação ambiental são atividades muito necessárias, porque não pode haver políticas de Ambiente se não houver da parte da população uma boa recetividade e uma boa compreensão. Quer dizer, se as pessoas não perceberem que a reserva ecológica é fundamental, vão estar sempre contra ela. Compete à educação ambiental explicar e sensibilizar as pessoas para isso.”

Mas há um problema. “O grande drama é que, muitas vezes, quando se pensa em educação ambiental, pensa-se logo nas crianças. E há muitos anos, num congresso nacional para a conservação da Natureza, foi definido que os públicos prioritários da educação ambiental são, em primeiro lugar, os decisores e, em último lugar, as crianças, porque elas só vão chegar ao poder daqui a 20 ou 25 anos.”

Embora seja inegável a importância de educar gerações desde cedo – em casa, nas escolas e em estruturas como o PBG –, Nuno Oliveira considera que “o maior atentado ambiental que as crianças podem fazer é pegar no papel do chocolate e deitar para o chão”, pelo que é importante que a educação ambiental chegue aos decisores. E esse foi o ‘falhanço’ da educação ambiental até ao momento. “Por isso, as decisões são frequentemente tomadas sem ter em consideração pressupostos ambientais. São mal tomadas.”

Obstáculo ao desenvolvimento

Mas então não há boas políticas ambientais em Portugal? “Há boas intenções políticas, mas há más práticas ambientais. Por exemplo, os parques, as reservas, ficam ao abandono. Ainda só não acabaram com a reserva ecológica porque ainda não houve coragem, e o mesmo com a reserva agrícola, porque quer uma quer outra são sempre apontadas como ‘obstáculos ao desenvolvimento’. Felizmente – é uma heresia dizer isto! – veio a crise. E se a crise teve efeitos muito perversos para todos, teve a vantagem única de refrear a construção, que é uma atividade predatória do território. Não há um sentimento sério, profundo, de compreensão das questões ambientais.”

Sobre a questão dos sacos plásticos, o responsável considera que a medida, “aparentemente muito bondosa”, na prática, leva a que sejam gastos mais sacos do que antes. “É uma medida meramente fiscal, porque as pessoas têm de ter o lixo em algum lado, não vão levar o lixo na mão até ao contentor. Portanto, vão ter de comprar sacos plásticos.”

O “regresso” à terra

Depois de passar as cegonhas e de espreitar os gamos, há um caminho que leva à horta; uma horta que existe, essencialmente, “para preservar o último terreno agrícola que existia aquando da compra dos terrenos para a criação do parque”. E quem por lá passa deixa-se conquistar facilmente pelos produtos hortícolas que vão despontando da terra: alfaces, couves, diversas ervas aromáticas – produtos tratados com “carinho” e “cuidado” – desfilam naquele pedaço de memória.

Numa altura em que se assiste a uma espécie de regresso à terra, as hortas na cidade são cada vez mais comuns, seja por uma questão de poupança – “há quem pegue na enxada por causa da crise, é verdade” – seja por uma questão de moda. “O desejável era que se incentivasse, de facto, um verdadeiro regresso à terra, à agricultura, porque o país vive pendurado na orla costeira. O interior está a ficar absolutamente desertificado, abandonado, degradado. Portanto, era de alto interesse nacional incentivar o regresso ao interior, com medidas fiscais e apoios. Temos a Bolsa de Terras, que teoricamente pretende fazer isso. Não sei que resultado vai dar, mas há pelo menos essa iniciativa da ministra da Agricultura”, referiu Nuno Oliveira.

E se, antes, a agricultura era vista como uma atividade pouco prestigiante, hoje já é encarada como uma atividade conceituada. “Sempre houve hortas periurbanas. Lembro-me que à entrada de Lisboa, pela autoestrada, estava tudo cheio de hortas. Só que na altura, nos anos 70/80, parecia mal e não descansaram enquanto não acabaram com aquilo. O homem do campo vinha para a cidade à procura de emprego, tornava-se empregado fabril, mas, como tinha as raízes do campo, aproveitava um bocadinho que tinha para fazer a sua horta. E isso era verdadeiramente espontâneo. Mas combateu-se. Aliás, na cidade combatem-se sempre, ou combateram-se até há pouco tempo, os sinais de ruralidade, porque são conotados com menos dignidade, menos qualidade de vida, etc.”

Sem campo não há cidade

Trata-se então de uma questão de evolução. “A cidade não pode recusar o campo. A cidade vive do campo e sem campo não há cidade. Já se começa a admitir que o campo deve entrar na cidade. E as hortas são uma manifestação disso.” Campo e cidade estão cada vez mais próximos. Sendo o “único ecossistema construído pelo Homem”, a Cidade deveria ser “o local ideal para o Homem viver. Deveria ter todas as qualidades necessárias ao bem estar, à qualidade de vida, mas tornou-se um monstro, em muitos casos inabitável, como são os casos de São Paulo ou Cidade do México. É a sede de todos os problemas, quando deveria ser sede de todas as oportunidades”, considera Nuno Oliveira.

E como a cidade “cansa”, veem-se cada vez mais pessoas a procurar a serra, a montanha e um contacto mais próximo com a Natureza, através de caminhadas e outros desportos. Há mais turismo de Natureza, o que torna o Ambiente um “recurso económico importante”. Mas é preciso ter cuidado com algumas dessas atividades, como com os desportos motorizados, por exemplo. Do Parque Biológico de Gaia, assegura o responsável, vê-se a Serra de Santa Justa, em Valongo, e “os trilhos de motocrosse e de outras modalidades marcados...”

“Mas, por outro lado, há muito mais gente a fazer caminhadas, aqui ou no Parque da Lavandeira. Mesmo em dias de chuva, quando, antes, as pessoas metiam-se em casa ou nos centros comerciais”, regista Nuno Oliveira.

[www.parquebiologico.pt]

 

QUINTA DA GRUTA (MAIA)

Terra à mão de semear

 

Há mais de 20 anos que o município da Maia tem um Departamento de Educação Ambiental organizado e aposta em programas e atividades para as diferentes faixas etárias. Entretanto, como a sensibilização para as problemáticas ambientais é encarada de forma séria, foi criado o Complexo de Educação Ambiental da Quinta da Gruta (CEAQG), que conta com uma escola para o efeito. Entre os projetos a decorrer, conhecemos de perto o Horta à Porta, dirigido aos munícipes que queiram trabalhar um pedaço de terra. O programa resulta de uma parceria que a autarquia estabeleceu, há mais de dez anos, com a Lipor, que também aposta em programas de educação ambiental. No âmbito do Horta à Porta, são disponibilizados talhões em vários espaços da cidade e qualquer munícipe pode inscrever-se para assegurar, gratuitamente, um pequeno espaço de cultivo.

“Damos formação, gratuita, em agricultura biológica e compostagem, para as pessoas terem uma noção do que são as rotações das culturas ou as consorciações de plantas. Mas, independentemente da experiência que tenham, é sempre possível inscreverem-se e ficarem com um talhão de horta”, esclarece a coordenadora da CEAQG, Marta Moreira.

No complexo existem 66 talhões, mas pelo município espalham-se algumas centenas. A procura é muita. São pequenos espaços de cultivo, onde os munícipes podem cultivar o que quiserem para consumo próprio. E dá gosto observar as couves, as alfaces, as cebolas ou as ervas aromáticas que vão crescendo nestes espaços, graças à dedicação dos que lá vão, independentemente da faixa etária ou do estrato social.

Da vergonha ao orgulho

Há, contudo, uma horta com talhões maiores do que os outros (100 metros quadrados). Trata-se da Horta de Subsistência de Castêlo da Maia, composta por 41 talhões cultivados por munícipes para consumo pessoal e para venda. Mas há critérios: “Enquanto para as outras hortas os únicos critérios são ser da Maia e a ordem de inscrição, para cultivar na Horta de Subsistência é preciso estar desempregado, ter três ou mais filhos ou ter rendimento familiar anual inferior a 20 mil euros”, explicou a responsável à PÁGINA.

O importante é pôr em prática os princípios da agricultura biológica e que os utilizadores possam retirar daquelas hortas uma contribuição para uma alimentação saudável, aliada a uma pequena poupança. “A questão económica é uma realidade, mas, pelo contacto diário com as pessoas, não me parece que seja o principal motivo para as pessoas quererem ter uma horta. A meu ver, é a preocupação com a alimentação de qualidade”, frisa Marta Moreira.

Por outro lado, quem produz parte dos seus alimentos, “já não tem vergonha de dizer que tem uma horta; hoje em dia, isso é um orgulho.” E mesmo quem não tem tempo para se deslocar, pode fazer uma pequena horta em casa, numa floreira ou em sistema vertical, e até cultivar sem solo, utilizando técnicas de hidroponia. “Mesmo quem vive num apartamento pode ter uma horta. Há imensas soluções e produtos perfeitamente plausíveis de serem cultivados numa varanda.”

Hortas nas escolas

A Escola de Educação Ambiental do CEAQG tem, também, uma horta biológica, na qual participam estudantes das escolas que a visitam. E os alunos fazem o que é necessário: semear, preparar o terreno ou fazer a compostagem. Mas como quem semeia gosta de colher, e nem sempre é fácil coordenar deslocações regulares das turmas, há cerca de quatro anos foi lançado o desafio de criação de hortas nas escolas. Assim surgiu o projeto Uma Horta Em Cada Escola, que já está implantado em 21 estabelecimentos de ensino.

Havendo vontade por parte das escolas, primeiro é preciso escolher o espaço – se não existir, opta-se por hortas verticais, com recurso a materiais recicláveis – e depois prepara-se o terreno, com alunos e professores. A autarquia oferece as primeiras culturas – “deixamos a primeira horta prontinha, damos formação prática e teórica.” A partir daqui, é preciso cuidar. Os técnicos do CEAQG fazem visitas para verificar o estado das culturas e dão o apoio necessário.

Para acentuar o sentido de responsabilidade dos alunos, eles assinam uma Carta de Compromisso. E os resultados do projeto são positivos. O interesse dos alunos é grande. “E é engraçado que, em algumas escolas com cantina escolar, os alunos pedem às empresas que servem as refeições para que utilizem os produtos da sua horta. Noutras escolas, por exemplo, a turma que mais trabalhou na horta pode recolher os produtos e levar para casa. É uma forma de partilharem este envolvimento com os pais. Portanto, este é um projeto com muito valor formativo e com valor em termos de atividade de lazer e ao nível da qualidade da alimentação.”

Projeto realizado diariamente

Mas nem só de hortas trata o CEAQG; há um conjunto de programas e atividades que são levadas a cabo porque “a educação ambiental é fundamental”. Como “ninguém nasce ensinado”, é necessário sensibilizar a população para as várias temáticas ambientais. “Aqui levamos mesmo muito a sério a questão da educação ambiental. Temos um plano de atividades anual, específico para trabalhar com os estabelecimentos de ensino, mas também para outros públicos-alvo”, explica Marta Moreira.

No início do ano letivo, esse plano – dividido por faixas etárias e níveis de ensino – é apresentado aos agrupamentos escolares. É “um projeto realizado diariamente”, e não só na comemoração de uma efeméride. “Temos aqui a Escola de Educação Ambiental, onde as turmas se dirigem todos os dias, que pretende complementar, em contexto de educação não formal, aquilo que, eventualmente, não é abordado na escola de forma tão aprofundada.”

Mas nem todas as escolas têm possibilidade de ter uma horta ou de proporcionar aos alunos a oportunidade de pegar num coelho ao colo ou participar em atividades de laboratório. Por isso, o CEAQG tem preparadas experiências que ajudam a complementar o que falta nas escolas. “Por exemplo, temos um programa de percurso na ribeira, onde os alunos recolhem água e depois a analisam no laboratório. Tudo isso cria um interesse e um dinamismo diferente. Efetivamente, o setor de educação ambiental tem um trabalho já muito consistente e com uma programação que é levada muito a sério no decorrer do ano letivo.” E para isso os professores têm tido um papel fundamental.

As propostas para famílias e seniores, assentes em três campos temáticos (ambiente, sustentabilidade e experimentação), incluem workshops, formações, comemorações de datas e atividades diárias que permitem adquirir conhecimentos e promover comportamentos e atitudes sustentáveis. Entre fazer pão ou compotas e participar na reutilização de materiais ou trabalhar numa horta biológica, passam uma manhã ou uma tarde. E tem havido muita recetividade: “Eles gostam muito, só não gostam de ir embora.”

Maior consciência

Os resultados deste investimento na educação ambiental estão à vista. Marta Moreira assegura que a Maia é o município com a taxa de separação de resíduos de maior qualidade, ou seja, que coloca os resíduos certos nos sítios certos. Há uma maior consciência ambiental. “Nota-se uma preocupação maior. Muitas pessoas vêm cá apontar uma ou outra situação que observam na rua; acabamos por ser todos fiscais uns dos outros. As pessoas estão efetivamente mais sensíveis.”

Por valorizarem mais o Ambiente, há uma maior proximidade com a Natureza. “Agora a maior parte das pessoas mora na cidade, passa o dia na cidade, e portanto valoriza o espaço verde. E é por isso que os parques da cidade e os jardins públicos estão repletos de gente aos fins de semana”.

[www.quintadagruta.cm-maia.pt]

 

 

DEFESA DO AMBIENTE DESDE 1948

São várias as organizações que, em Portugal, lutam pela defesa do Ambiente e pela conservação da Natureza, destacando-se a Liga para a Proteção da Natureza (LPN) e a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza. Fundada em 1948, a LPN é a mais antiga da Península Ibérica e tem como principais objetivos defender o Ambiente e contribuir para a conservação do património natural, da diversidade das espécies e dos ecossistemas, promovendo a cidadania ambiental e desenvolvendo atividades de sensibilização e projetos de gestão sustentável de recursos naturais. Dispõe de um Centro de Formação Ambiental e de um Centro de Espeleologia (Lisboa), do Centro de Educação Ambiental de Vale Gonçalinho (Castro Verde), do Centro de Acolhimento e Recuperação de Animais Selvagens (Évora) e da Quinta da Moenda (Vila Nova de Poiares). Em 1985, a Quercus foi criada por um grupo de cidadãos interessados na conservação da natureza e dos recursos naturais e na defesa do Ambiente. A comemorar 30 anos de existência, é provavelmente a associação mais relevante em Portugal e, por estar atenta à realidade no país e à atualidade ambiental, é responsável por vários projetos que visam salvaguardar a qualidade do Ambiente à escala global. Conta com 18 núcleos regionais, que acompanham a realidade local e promovem atividades e ações de sensibilização e de educação ambiental e cívica, e asseguram o “Minuto Verde”, programa exibido de segunda a sexta-feira na RTP1. [www.lpn.pt e www.quercus.pt]

 

A TERRA ACESSÍVEL A TODOS

A Santa Casa da Misericórdia do Porto inaugurou em maio, no âmbito do Centro Integrado de Apoio à Deficiência, um projeto de hortas acessíveis. A ideia é permitir que todos os utentes, independentemente da sua mobilidade ou postura, possam pôr as mãos na terra. Para isso, os espaços de horta foram elevados a vários níveis, facilitando o acesso às pessoas, por exemplo, em cadeira de rodas. “Semear mudanças construtivas e positivas” é o lema do projeto, que conta com três tipos de hortas acessíveis e que já tem a participação de 110 pessoas.

 

 

VIVER A MONTANHA DE FORMA RESPONSÁVEL

Especializada na organização de programas de montanhismo, alpinismo e escalada, a Alpine Climbers vive do contacto com a natureza, liderando os clientes em expedições a montanhas por esse mundo fora. Alpes, Andes, Himalaias, Pirenéus ou Picos da Europa, são algumas das experiências proporcionadas por esta empresa, que não esquece também os espaços verdes nacionais. A formação é essencial nestas aventuras e, uma vez que é um trabalho em contacto permanente com a natureza, a educação ambiental faz parte dos seus princípios. “A educação ambiental, e tudo o que envolve a conservação da natureza, é fundamental para todos os que convivem e usufruem do que o espaço natural pode proporcionar. Esse conhecimento é uma forma responsável de estar e de sermos proativos na preservação da natureza”, frisou à PÁGINA, Pedro Guedes, diretor da empresa do Porto.

Na Alpine Climbers é feito um planeamento para redução do impacto ambiental, seja na limitação do número de participantes por atividade, na redução dos vestígios no terreno ou na seleção dos itinerários. “Mas, fundamentalmente, estamos focados na componente de formação dos participantes nas nossas atividades. Como damos formação em montanhismo, a temática ambiental faz parte dos programas. Procuramos que a base garanta bons comportamentos futuros.”

As pessoas estão mais próximas da Natureza e, tendo em conta a experiência de Pedro Guedes, além das atividades proporcionadas, a essência do ‘encontro’ Homem-Natureza está no usufruto da paisagem que envolve os cenários dos programas. “Esse é o grande fascínio que nos faz partir, seja para o Gerês, os Alpes, Andes, Himalaias ou qualquer montanha.” Mas para usufruir é preciso ‘saber estar’. Pedro Guedes considera que, atualmente, as pessoas envolvidas em desportos de montanha estão mais informadas e têm mais consciência ambiental; isso leva a bom senso e boas práticas. “Acredito que o acesso às montanhas para montanhismo, alpinismo e escalada é um direito, desde que as atividades sejam realizadas de forma responsável. No entanto, hoje temos imensas proibições nos nossos parques naturais. O caminho deveria passar pelo estabelecimento de regulamentos e restrições de acesso acordados entre escaladores, federações e autoridades de conservação da Natureza”, concluiu o diretor da Alpine Climbers.

[www.espacosnaturais.net]

Maria João Leite (reportagem)

Ana Alvim (fotografias)


  
Ficha do Artigo

 
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