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007 Escola, licença para aproximar

Community and family involvement in schools is a well-documented antecedent to student success; yet, educators often find it challenging to increase involvement with parents and members of diverse communities. One solution is to use information and communication technology as a bridge between schools, families and the community.
[Hohlfeld, T., Ritzhaupt, A. & Barron, A. (2010). “Connecting schools, community, and family with ICT: Four-years trends related to school level and SES of public schools in Florida”]

Entre a ficção e a realidade há missões possíveis e impossíveis. Às impossíveis eu chamo desafios. Aproximar a Escola da Família e a Família da Escola não é impossível, mas também não é fácil.
E quem se encontra no meio da Educação ou no meio das famílias sabe, com certeza, que as justificações são muitas e variadas. Da (in)disponibilidade dos intervenientes – e o facto de as pessoas estarem presentes não é sinónimo de disponibilidade – às dificuldades de comunicação, muito é preciso ultrapassar.
Em setembro de 2013, iniciei o ano letivo com uma vontade férrea de me sentir próxima das famílias dos meus alunos e de lhes proporcionar a mesma aproximação. Afinal, move-nos o mesmo interesse: o bem-estar e o sucesso educativo das crianças. E até considero que assim tenho pensado desde há muito, mas queria mais...
Adepta da utilização das tecnologias de informação e comunicação, particularmente e-mail, Facebook (FB), blogue e Twitter, pensei na hipótese de criar um grupo secreto para os pais (no FB), além da utilização do e-mail com pais e alunos, do blogue e do Twitter com alunos. E tudo se concretizou, sendo o Twitter o menos utilizado.
Pela minha experiência, apercebo-me de que imensas pessoas estão no FB, mesmo as mais resistentes às tecnologias. A opção de criar um grupo secreto prendeu-se com o facto de considerar que as famílias se sentiriam mais confiantes num grupo que apenas tem elementos convidados pelos seus membros ou administrador e aprovados pelo administrador, neste caso, a professora.

Virtual não basta. Na primeira reunião de pais/encarregados de educação perguntei quantas pessoas tinham conta de e-mail e quantas tinham conta no FB. O FB ganhou: em 16, 13 tinham conta na rede social. Evidentemente, quem utiliza o FB tem, necessariamente, uma conta de correio eletrónico; no entanto, como não a utilizam, não se lembram que a têm.
Apresentada a proposta do grupo 007escola, mães e pais ficaram entusiasmados. Como a escola é pequena (duas turmas de 1o Ciclo e uma de Pré-Escolar), convidei as minhas colegas para a aventura. Tínhamos planos para várias atividades em conjunto, pelo que não fazia sentido uma iniciativa tão inovadora naquele estabelecimento ser apenas para uma turma. Passámos, então, a ser três administradoras e tratámos de todas as autorizações que entendemos necessárias.
No entanto, a aproximação virtual (comunicação, exposição, integração) não substitui os encontros pessoais – este é um ponto que considero muito importante. Por isso, semana após semana, promovi encontros individuais com os pais dos alunos. Estando pela primeira vez na escola, era impensável não conhecer cara a cara, e individualmente, as pessoas que mais perto estão dos meus alunos; e na primeira reunião geral este objetivo não é conseguido. Foi até curioso ouvir o comentário de uma aluna quando lhe passei a informação de querer falar com a mãe: “Professora, mas eu fiz alguma coisa de mal?”...
Mas a ideia de dinamizar o grupo secreto no FB teve outro objetivo, para além da aproximação Escola-Família: promover a aproximação de pais e filhos em ambientes virtuais. Sejamos realistas, no mundo de hoje, todos sabemos que utilizar o mundo virtual é uma inevitabilidade, mas também sabemos que toda a moeda tem duas faces. Assim, entendo que desde cedo as crianças e os pais devem estar alerta para as questões da utilização segura das potencialidades da internet. Conhecer é poder; poder de decisão, poder de ação. É fundamental que entre pais e filhos se criem ambientes de confiança em todas as vertentes da vida, e a entrada no 2º Ciclo de escolaridade, para algumas crianças, já pode ser tarde de mais.

Avaliação positiva. Ao longo do ano letivo, o grupo foi crescendo e a curiosidade também. Semana após semana, foram sendo publicadas notícias (a maioria ilustradas com fotografias) de atividades que fomos fazendo na escola, de simples momentos de trabalho ou de descontração e também de informações. Nos primeiros meses tivemos vários “gostos” nas publicações e muitos “vistos”; os comentários foram quase inexistentes. Sensivelmente passados quatro meses, o número de manifestações (quer em “gostos”, quer em comentários) começou a aumentar.
Como sou otimista, interpretei o facto como sinal de confiança e à vontade, o que muito me agradou. Afinal, o tempo extra, a desoras, que é necessário para manter regular a dinamização do espaço virtual, justifica-se. E para maior agrado, a avaliação final realizada pelos pais deu-nos licença para continuar neste ano letivo. É o que estamos a fazer.

Betina Astride


  
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