Se as dimensões das escolas promotoras da saúde forem uma base para a implementação de programas no âmbito da Saúde Escolar, é necessário realizar algumas adaptações.
Quando se trabalha quer na promoção de estilos de vida saudáveis, quer na prevenção de consumos nocivos e de comportamentos de risco, aquando da estruturação dos diferentes programas são, por vezes, consideradas as cinco dimensões das escolas promotoras da saúde (EPS): organizacional, curricular, psicossocial, ecológica e comunitária. No entanto, quando consideramos estas dimensões como base para implementação de um programa, é necessário realizar algumas adaptações. Quando as atividades são dirigidas à comunidade escolar, que dimensão se está a trabalhar? Na verdade, depende não só das atividades em si, mas também do grupo-alvo. Se se trata de aprendizagens formais, devidamente estruturadas, trabalhadas por um professor com os seus alunos em sala de aula, poderemos incluí-las na dimensão curricular. Se, além da educação da saúde, existem sessões de promoção da saúde tendo por base manuais elaborados pela equipa de Saúde Escolar, a dimensão será a mesma, uma vez que se está a potenciar o currículo para a aquisição de atitudes e/ou comportamentos salutogénicos. Se se trata de atividades em que a comunidade escolar intervém na comunidade extraescolar, a dimensão será a comunitária. No que diz respeito à dimensão psicossocial, pretende-se a promoção da saúde mental na comunidade escolar, em particular quanto a discentes, docentes e demais profissionais terem prazer em pertencer à sua comunidade, criando-se um ambiente de entreajuda (na minha experiência, ao invés de realizar atividades específicas para esta dimensão, tenho-a tornado transversal às restantes quatro). A dimensão ecológica – designação que facilmente causa alguns equívocos, aquando da apresentação dos programas de promoção da saúde à comunidade escolar, dado evocar prontamente imagens de reciclagem e afins – está relacionada com ações relativas ao meio escolar: salas de aula e espaços exteriores, cantinas e bufetes, casas de banho, instalações desportivas... Onde se enquadram, então, as atividades dirigidas à restante comunidade educativa: docentes, encarregados de educação, manipuladores de alimentos e outros profissionais escolares? E as atividades dirigidas aos discentes que não beneficiaram de sessões a nível da dimensão curricular? Como a ecologia não se refere apenas a um determinado meio-ambiente, mas também aos seres vivos que nele interagem, a minha opção foi popular a dimensão ecológica com a comunidade escolar, de modo a não omitir tão importantes alvos da saúde escolar. Deste modo, os programas que tenho elaborado na última década incluem, nesta dimensão, atividades como a criação de clubes de alunos, eventos temáticos dirigidos a elementos específicos da comunidade educativa e educação/promoção para a saúde, formal (curso, formação) ou informal (tertúlias, reuniões, exposições, teatro, atividades ludopedagógicas/interpares, publicações em papel ou na internet). Deste modo, não são trabalhadas apenas todas as dimensões, mas também todos os agentes que contribuem de modo direto ou indireto nos nossos conhecimentos, atitudes e comportamentos.
Nuno Pereira de Sousa
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