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Quem é o intruso?

O sentimento de superioridade e segurança que muitos utilizadores jovens têm face aos meios da internet é um dos motivos que leva a comportamentos de perigo e a situações indesejáveis. Por passarem longas horas como utilizadores, pela acumulação de experiência, muitos jovens defendem possuir um sentido de mestria e de análise das situações que nem sempre é o mais adequado. No seguimento de textos anteriores, partilhamos aqui uma proposta de dinâmica de grupo, tendo em vista trabalhar esta importante dimensão. Inicia-se a actividade com uma conversa sobre quem já foi enganado na internet. O dinamizador deve provocar os alunos, no sentido de desvalorizar a sua capacidade de análise e de os envolver no exercício que será de seguida proposto.
Antes do início da sessão os dinamizadores devem identificar uma sala de chat que normalmente não tenha utilizadores naquela altura do dia – é importante esta salvaguarda, para que a dinâmica corra conforme o aqui previsto. É necessário ainda uma sala de computadores com ligação à internet. Os alunos entram no chat indicado sob identidades fictícias. O dinamizador diz depois que na sala existe um intruso e convida todos a conversarem um pouco e tentarem descobrir quem é (qual o nick desse intruso). Quando os alunos começarem a identificar o nick do intruso, o dinamizador aponta os nomes e os motivos das identificações... Mas não existe nenhum intruso. Se estivermos atentos, podemos sempre desconfiar de muitos comportamentos.
O dinamizador faz uma sistematização aludindo ao facto de, se estivermos atentos, podermos ver perigos nas conversas, mas acaba acedendo aos pedidos: “podem conversar mais um pouco na sala de chat!” A autorização deve ser vivida como mais um tempo de brincadeira do que outra coisa, só que desta vez existe mesmo um intruso não identificado (um outro professor ou aluno que está combinado entrou no chat e conversa com os utilizadores). Depois de mais um diálogo em que se reflecte sobre a natureza das conversas e o que sentiram, o intruso entra na sala e revela o nick que utilizou.
A parte final da dinâmica pretende a realização de uma sistematização das aprendizagens: realmente não se pode estar 100% seguro na internet. O sentimento de segurança pode revelar-se completamente infundado. Muitas vezes só vemos o que queremos ver...

Rui Tinoco


  
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