[Testemunho no âmbito do artigo ‘A PÁGINA nasceu há dezoito anos’]

À Isabel, à Ana, a todas e a todos os obreiros da PÁGINA,
num esforço que só pode ser colectivo e virado ao futuro.

«a Página da Educação» nasceu há dezoito anos, para consubstanciar e contribuir para a afirmação do projecto sindical do Sindicato dos Professores do Norte (SPN). Foi um jornal – agora revista – que se, no seu início, era assumidamente dirigido aos professores, procurando contribuir para a sua formação integral, é hoje, apesar de manter o ensino e a educação como elementos estruturantes, um jornal que tem vindo a abrir-se e a despertar interesse em pessoas que, trabalhando noutros campos, têm preocupações sociais e políticas.

Nunca, como hoje, «a Página da Educação» foi tão importante e necessária. O carácter alternativo, não só pelos conteúdos, mas também pelo modo como aborda as questões que trata, fazem dela um instrumento de combate à cultura dominante, que parece enredar-nos cada vez mais, chegando a ser asfixiante.

Foi contra esta asfixia cultural que o Zé Paulo lutou e nos convocou ao assumir a direcção da PÁGINA. São cerca de mil os que, sempre com toda a liberdade, aqui já escreveram: professores, mas também alunos, investigadores, jornalistas, cientistas, escritores... Muitos encontraram aqui a sua voz, outros o seu espaço – de participação e de luta. Foram muitos os que lutaram, uns mais do que outros, mas quase todos procurando olhar sempre o futuro bem de frente. E o futuro é já hoje!

No poema “Perguntas de um Operário Letrado”, Brecht perguntava: No dia em que ficou pronta a muralha da China, para onde foram os seus pedreiros? Eu sei que a PÁGINA não é a Muralha da China... Não quero que seja uma muralha da China! Na PÁGINA, como em tudo na vida, perdemos alguns dos obreiros e esquecemos outros. Mas há os que continuam. Se o futuro é já hoje, como disse, vamos à luta!

Henrique Borges