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Brasil: Pedagogia Social em construção de identidade

A Pedagogia Social no Brasil busca identidade, construção de matrizes teóricas e sua organização. O campo da Educação Social começa a ser compreendido pela Academia e pela sociedade civil como uma demanda contemporânea com especificidades próprias, que não conflitam com a Escola e que exige qualificação de profissionais e voluntários.

Apenas recentemente o processo encontrou respaldo teórico e político. Na diversidade das múltiplas ações existentes, que historicamente se desenvolveram mais sob bases assistencialistas do que socioeducativas, ainda são lentas as aproximações teóricas com a Pedagogia Social. Neste sentido, é precursora a educação popular dirigida a adultos, desde adécada de 1960, na concepção transformadora desenvolvida por Paulo Freire. Embora ele não tenha utilizado a nomenclatura Pedagogia Social para definir o seu trabalho, é reconhecido internacionalmente como expressivo representante da área.
Os congressos internacionais de PedagogiaSocial (CIPS), com sede na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, têm sido um fórum privilegiado de diálogo com os diferentes segmentos envolvidos no processo de construção de identidade da área e de definição da profissão de educadores sociais e/ou pedagogos sociais. Com isso amplia-se a compreensão da Pedagogia Social em relação à Educação Social; à educação não formal, à educação sócio-comunitária, aos movimentos sociais, à educação popular e à Escola.
No III CIPS, ocorrido já em 2010, organizado por Roberto da Silva, João Clemente de Souza Neto, Evelcy Monteiro Machado, Sueli Pessagno Caro e Rogério Moura, as conferências de Bernd Fichtner, da Alemanha, José Antonio Caride Gomes e Violeta Nuñez, ambos da Espanha, focalizaram a Pedagogia Social nas perspectivas ibero-americanas; na relação formação-profissionalização e frente às armadilhas teóricas e conceituais.
Além disso, foram apresentados rumos da Pedagogia Social na Argentina, Uruguai, Chile e Cuba; relações entre educação não formal e Educação Social; instituições da Pedagogia Social; Educação Social em regimes de privação da liberdade; justiça restaurativa sob a perspectiva da Pedagogia Social; Educação Social na infância, adolescência e juventude; cursos, currículo e propostas para formação do educador social; perspectiva da religião e da espiritualidade na Educação Social; e regulamentação e representação profissional dos educadores sociais no Brasil.
O congresso culminou com a criação da Associação Brasileira de Pedagogia Social, que tem como principal finalidade o fomento à criação de representações locais de educadores sociais em todo o país. Esta organização política reveste-se de importância com a tramitação de uma legislação sobre a profissão do Educador Social no Brasil. Na prática, os concursos públicos para educadores sociais em mais de 100 municípios de 21 Estados do país confirmam a necessidade da área e a existência do campo de trabalho.

Evelcy Monteiro Machado


  
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