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Da sociabilidade virtual à aprendizagem

Haverá alguma diferença entre as comunidades reais e as comunidades virtuais? O que será que as distingue? À partida, é a tecnologia e o meio envolvido: o computador e o acesso à Internet.

A cultura, no sentido das tradições e das representações partilhadas de uma sociedade, tem um efeito profundo no desenho, adopção e uso da tecnologia. Existe uma influência recíproca entre tecnologia e sociedade, que muitas vezes é caracterizada como uma co-evolução ou adaptação mútua. Mas, sociedade não é sinónimo de comunidade. As comunidades, para que possam ser consideradas como tal, terão de ter um objectivo, uma identidade, comunicação, confiança, reputação, formação de grupos, ambiente, limites, governo, troca ou comércio, expressão e história.
Então se assim é, haverá alguma diferença entre as comunidades reais e as comunidades virtuais? Não serão as comunidades virtuais reais? O que será que as distingue? À partida, é a tecnologia e o meio envolvido: o computador e o acesso à Internet. Como se constrói uma comunidade? Será uma comunidade virtual diferente de outros grupos de uma comunidade real?
É fácil pensar que as comunidades off-line (reais) e on-line (virtuais) são diferentes, logo impossível de estabelecer uma comparação. Mas, qual o fundamento? A distância geográfica? A ausência de linguagem corporal? Os meios de comunicação disponíveis? Será que comunicar em bits e bytes tem o mesmo efeito imediato da comunicação em presença?
Passa-se a falar do ciberespaço. É um espaço social alternativo onde há indivíduos que trabalham, jogam, compram, se encontram, falam, aprendem, etc., de uma determinada forma e em locais específicos. Pode-se, inclusive, ser proprietário de espaço, pode-se ficar durante o tempo que se quiser ou puder, pode-se visitar uma cidade ou um amigo, e finalmente, também se pode ficar perdido e completamente desorientado. Mas, tal como no mundo real, podemos sempre voltar a casa.
Na verdade, poder-se-ia simular a situação estrutural de uma comunidade virtual on-line, sobretudo dos grupos que utilizam a comunicação mediada por computador (CMT), juntando numa sala escura um grupo de indivíduos desconhecidos uns dos outros, pedindo-lhes para comunicarem entre si escrevendo apenas bilhetes afixando-os num quadro.
Porém, os indivíduos constroem as suas vidas em grupos pequenos: inicialmente na família, depois nos grupos de amigos, nos grupos de colegas de trabalho e outros. A natureza dos grupos pequenos está em dar corpo à comunicação face-a-face utilizando expressões faciais, gestos corporais, tom de voz, sotaque e ritmo, imprimindo-lhe uma riqueza comunicacional que dificilmente será reproduzida em contexto electrónico.
Passa-se a falar das transformações das relações interpessoais com a introdução das novas tecnologias na sociedade. Fazem-se estudos sobre essas relações virtuais, sobre as motivações e identidade(s) dos utilizadores das salas de chat, sobre as estruturas antropológicas no ciberespaço, sobre as alterações na formação de amizades, nas relações de proximidade, nas interacções com os pares, que ocorrem nesse processo de transição do real para o virtual não existiam.
O valor das comunidades on-line reside no facto da informação partilhada e na criação de amizades não estar restrita aos limites geográficos ou temporários. Quando um indivíduo se liga à Internet fazendo assim parte de uma comunidade, transporta consigo interesse, vivências, experiência e desejo de agir e interagir. Quanto mais pessoas participarem, mais enriquecedora se torna a comunidade.
Em contexto virtual estendido à educação, há como que um prolongamento da sala de aula. Na verdade, em contexto real, por vezes por inibição ou vergonha, não colocam as suas dúvidas em frente aos colegas… mas em ambiente virtual não se inibem de as colocar resultando daí, por vezes, uma troca de ideias entre pares facilitadora da discussão, reflexão e aprendizagem.

Adelina Silva


  
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