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Fenprof em campanha pelo 1º Ciclo

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) está a levar a cabo a campanha 1º CEB: caminhos para a sua valorização, uma iniciativa que pretende chamar a atenção para os problemas que se vivem no 1º Ciclo do Ensino Básico, dando voz aos professores e a todos os elementos envolvidos na comunidade educativa. “Quem sabe o que se passa nas escolas são os auxiliares, são os professores, são os coordenadores de departamento, são os vereadores da Educação, são os autarcas em geral. E precisamos da opinião de todos para levar isto à sociedade. A escola precisa da sociedade, mas a sociedade também precisa da escola”, considera Manuel Micaelo, coordenador do Departamento de 1º Ciclo da Fenprof.

"É preciso dignificar e respeitar a criança e dignificar e respeitar o professor. E esta campanha visa exatamente esses objetivos. Os colegas do Sindicato dos Professores do Norte tiveram a feliz ideia de vir para uma escola que não é muito habitual encontrar, porque tem caraterísticas completamente diferentes da esmagadora maioria: tem muitos anos de escolaridade e recebe alunos de todos os estratos sociais (Escola Básica Integrada de Matosinhos). É uma escola pública, que nós defendemos. Nós defendemos que os miúdos sejam integrados e uma escola pública precisa, não só de ter os alunos de todos os estratos sociais, mas de condições para dar resposta a todos”, referiu o dirigente da Fenprof, sublinhando que é preciso lançar o debate na sociedade portuguesa para que se fale do 1º Ciclo e dos problemas que afetam os alunos deste nível de ensino. 

CURAR A DOENÇA. Nos últimos anos, foram encerradas mais de cinco mil escolas do 1º CEB, assistiu-se ao regresso das turmas com diversos anos de escolaridade, ao aumento do número de alunos por turma e ao número de alunos com necessidades educativas especiais nas turmas (alunos esses que deveriam estar integrados em turmas de menor dimensão), à falta de apoios às crianças, à desregulação dos horários de trabalho, quer dos professores, quer dos próprios alunos. Há uma “incoerência”, nas palavras do secretário geral da Fenprof, Mário Nogueira, na forma como o 1º Ciclo se organiza. “Parece muitas vezes que essa organização depende menos daquilo que é a exigência pedagógica de responder aos alunos e depende mais das disponibilidades financeiras ou dos recursos”, o que significa que há cada vez mais diferenças entre as escolas.

"É importante registar que concluídos os quatro anos de governação do anterior Executivo, com o ministro Nuno Crato, o insucesso escolar no Ensino Básico voltou a aumentar, o que não se verificava nos últimos anos. E isso teve a ver sobretudo com uma política que foi essencialmente orientada por razões de ordem economicista e que, naquilo que era importante investir, nomeadamente na Educação e no futuro do país, foi o corte que se sabe, mais de 3.300 milhões de euros. Os resultados estão à vista: o insucesso escolar voltou a subir no Ensino Básico. Nós queremos inverter isso e pensámos que hoje há condições políticas para tal”, referiu Mário Nogueira, alertando que é tempo de passar “das palavras aos atos”.

A Fenprof tem estado em conversações com o Ministério da Educação, sobre esta e outras matérias. E de acordo com o dirigente da estrutura sindical tem havido “compreensão”. “O que fica do diálogo que temos estabelecido é que há conhecimento das situações. Portanto, agora o que esperamos também é que haja condições para resolver os problemas. Se o diagnóstico está feito vamos então curar o doente, e isso significa tomar medidas”, afirmou Mário Nogueira, ressalvando ser evidente que tudo depende também das questões relacionadas com o orçamento, pois isso “mexe com os euros”. Mas importante, adiantou, é “perceber onde é que queremos mexer com os euros: se queremos mexer a aumentar 150 por cento os administradores e os gestores, se queremos mexer a continuar a pagar à banca os desvarios que se vão cometendo ou se queremos gastar os nossos euros na Saúde, na Educação e naquilo que é o bem-estar das pessoas, neste caso das crianças”.

A campanha decorre até março e pode ser acompanhada em www.fenprof.pt.

 

Maria João Leite / A Página da Educação


  
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