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ACE reabilitou e inaugurou Palácio do Bolhão

O dia 27 de março de 2015, Dia Mundial do Teatro, foi o escolhido pela Academia Contemporânea do Espetáculo (Escola de Artes e Teatro do Bolhão) para inaugurar o Palácio do Conde do Bolhão, um espaço portuense agora aberto ao teatro, às artes, à cultura. Depois de um período de obras de restauro e conservação que durou nove anos e custaram 2,8 milhões de euros, o Palácio do Bolhão acolheu dezenas de convidados antes da estreia de “Édipo”, com encenação de Kuniaki Ida (em reposição).

O Palácio do Bolhão foi cedido em regime de comodato, por 50 anos, pela Câmara Municipal do Porto à ACE, corria o ano de 2001. Depois das obras, a companhia e a escola de teatro – que celebrou 25 anos de existência no dia seguinte – vão mudar-se aos poucos para este espaço. Ainda há salas por reabilitar, mas o principal está feito, graças a fundos comunitários e mecenas, instituições e particulares, que podem ver os seus nomes inscritos nos degraus da casa.

“Hoje chegámos ao fim de uma longa jornada e materializámos aqui tudo o que para nós, habitantes de uma cidade europeia do século XXI, é relevante. Materializámos no Palácio do Bolhão um projeto de Arte, Cultura, Educação e Património”, afirmou António Capelo, diretor da ACE, acrescentando: “A construção deste projeto foi efetivamente um combate para o qual tivemos de nos armar com o idealismo, a força de vontade e uma resiliência a que os agentes culturais independentes, como nós, estão habituados. Esta luta, começada quando Nuno Cardoso e Manuela de Melo nos cederam o edifício, custou-nos mais de duas décadas e dois milhões e 800 mil euros. E foi tão dura que houve alturas que chegámos mesmo a acreditar na lenda negra que rodeia o palácio, na sua maldição de edifício habitado nos espíritos do Conde do Bolhão que morreu na ruína.”

“Era afinal e só uma forma crónica, muito generalizada no país, de ver os projetos culturais como dispendiosos e dispensáveis. ‘Não se morre apenas de fome’, disse o poeta, ‘morre-se também de ignorância, de tristeza, de abandono’”, frisou António Capelo, lembrando as dificuldades do processo.

Presente na cerimónia de inauguração,  o secretário de Estado da Cultura lembrou o papel importante que a atividade cultural tem nas cidades, podendo e devendo ser “central no modelo de desenvolvimento das sociedades”. “A cidade do Porto e o país ganharam não só a reabilitação de um edifício, mas também um ativo cultural que pode ser muito importante”, sublinhou Jorge Barreto Xavier.

Para Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, este é um “excelente exemplo de que a responsabilidade do exercício de cargos públicos nos deve obrigar a não descontinuar projetos estruturantes apenas porque mudou o ciclo político, ou apenas porque sim. Sempre que o Porto conseguiu fazê-lo, envolvendo-se em projetos capazes de gerar consensos apartidários e transversais a mandatos e protagonistas, a obra nasceu e vingou”. O autarca acrescentou que “às múltiplas vidas deste edifício soma-se agora esta nova vida, que o projeta para uma missão particularmente nobre e que constitui a melhor forma possível de preparar o futuro: utilizar o nosso magnífico património para possibilitar que a memória, a cultura contemporânea e a educação construam pontes para uma cidade cada vez mais singular”.

A ACE/Teatro do Bolhão tem já um programa de espetáculos bastante preenchido. Depois de “Édipo”, em cena até 4 de abril, vão ser apresentados “A Revolução dos que não sabem dizer Nós” (8 de abril a 17 de maio), “Começar a Acabar” (15 a 24 de maio), “Almas Mortas” (27 de maio a 14 de junho), “Território” (8 a 10 de julho) e “Maison Marlène” (15 de julho a 2 de agosto).

Entretanto, já no dia dia 2 de abril, o Palácio do Bolhão vai acolher o guitarrista Peixe (Ornatos Violeta), para um concerto de apresentação do seu segundo álbum de originais, "Motor". Depois, vai também ser palco para o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI, de 14 a 21 de junho) e, em setembro, acolherá a Fundación Siglo de Oro, do Ministério da Cultura de Espanha.

Maria João Leite


  
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