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Continente africano está ameaçado por novas doenças

De acordo com um estudo publicado pela Real Sociedade britânica as regiões Central e Ocidental do continente africano estão ameaçadas pelo aparecimento de novas doenças devido à desflorestação intensiva nas duas regiões, que está a reduzir o habitat dos animais selvagens e aumenta assim a probabilidade de contágio de doenças junto da população humana, que cresce rapidamente.
De acordo com os autores do estudo, o maior risco é que os micróbios dos animais passem de primatas como chimpanzés e gorilas para os seres humanos, que têm uma biologia similar mas respostas imunitárias diferentes aos mesmos agentes infecciosos.
Pensa-se que o vírus da Sida (HIV), por exemplo, que já matou cerca de 25 milhões de pessoas em todo o mundo, terá tido a sua origem num vírus do chimpanzé. Os investigadores referem que os vírus têm propensão a superar as barreiras das espécies e a adaptar-se a novos hóspedes quando existe proximidade geográfica.
"O vírus da gripe aviária, o vírus do Nilo Ocidental e o vírus Hendra superaram grandes distâncias na árvore da evolução até chegar ao homem", explica um dos autores do estudo, Jonathan Davies, da Universidade da Califórnia (Santa Bárbara, EUA). Os pássaros são um hóspede natural para o vírus do Nilo Ocidental e da gripe aviária, ao passo que os morcegos transmitem o vírus Hendra, que provoca doenças respiratórias.
"Os pontos mais vulneráveis de futuras doenças poderão surgir onde os humanos estão em estreita proximidade com primatas selvagens, como é cada vez mais frequente nas selvas da África Central e Ocidental, devido ao rápido aumento da população humana e da falta de recursos", destaca Amy Pedersen, da Universidade de Sheffield (Grã-Bretanha), co-autora deste estudo.
Se em África a saúde dos seus habitantes está intimamente relacionada com causas naturais, na América Latina o cenário é diferente. O relatório "Objectivos de Desenvolvimento do Milénio: a progressão no direito à saúde na América Latina e nas Caraíbas", recentemente apresentado, sublinha que os "factores determinantes da saúde estão intimamente associados à desigualdade da distribuição socioeconómica".
"Isto demonstra que as políticas de saúde devem ser implementadas de forma integral com outras políticas, nomeadamente de âmbito educativo, habitacional e de infraestruturas sociais básicas, além de um contexto macroeconómico estável e propício ao crescimento e a uma melhor distribuição dos frutos do desenvolvimento", refere o relatório.
Embora a mortalidade infantil, a mortalidade materna e a incidência de doenças como a malária e a tuberculose tenha diminuído, a América Latina "continua a ter uma cidadania social de primeira e outra de segunda" categoria, afirmou José Luis Machinea, director-geral da Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas (Cepal) na apresentação do referido relatório.
A vice-ministra da Saúde da Costa Rica, Lidieth Carballo, lembrou, por seu lado, que existe uma "grande distância" entre a legislação dos países da região e a situação social, embora a saúde seja um direito fundamental dos povos.

AFP


  
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Edição:

N.º 179
Ano 17, Junho 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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