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Evolução: o mundo da ciência reage aos criacionistas

As mais destacadas academias de ciência do mundo pediram, em 21 de Junho, aos pais e professores que informem correctamente os seus filhos e alunos sobre os factos relativos à evolução e à origem da vida na Terra.
Uma declaração assinada por 67 academias nacionais de ciência, critica o facto de o ensino da biologia se submeter às Escrituras, considerando que daí decorre uma distorção das mentes juvenis.
"Em vários países, no âmbito dos cursos de ciência ensinados no ensino público, o conhecimento científico, tem vindo a ser substituído por explicações religiosas?, adverte a declaração.
"Exortamos os decisores, os professores e os pais a educarem todas as crianças com base nos métodos e nas descobertas da ciência e a promoverem um entendimento da ciência da natureza", recomenda. "O conhecimento do mundo natural, no qual as pessoas vivem, capacita-as  para irem ao encontro das necessidades humanas e a proteger o planeta", continua.
A declaração aponta para descobertas que mostram ter o Universo entre 11 e 15 biliões de anos e a Terra cerca de  4,5 biliões de anos. Nesta linha, a vida na Terra apareceu há pelo menos 2,5 biliões de anos como resultado de processos físicos e químicos, e evoluiu para as espécies hoje existentes.
"As similaridades na estrutura do código genético de todos os organismos hoje existentes, inclusive os humanos, indicam claramente a sua origem primordial comum", argumenta.
O documento não nomeia religiões, mas vai ao encontro das crescentes preocupações entre os biólogos sobre a sentida influência do criacionismo nos Estados Unidos, onde cristãos evangélicos, apoiados pelo presidente Bush, fazem uma intensa campanha para que as escolas públicas ensinem a origem divina da vida [o criacionismo] ou reduzam a teoria da evolução ao estatuto de apenas uma das várias teorias existentes para explicar as origens da vida na Terra.
Uma sondagem de opinião, realizada em Maio, descobriu que 46 por cento dos americanos acreditam que Deus criou os humanos na sua forma actual nos últimos 10 mil anos.
Os cientistas afirmam que os hominídeos surgiram há cerca de seis milhões de anos e que um dos seus ramos se desenvolveu para formar anatomicamente o Homo sapiens, o homem moderno, há cerca de 200 mil anos.
Os cristãos fundamentalistas insistem na interpretação literal do Livro do Génesis, da Bíblia, segundo o qual Deus fez o mundo em sete dias, culminando com a criação de Adão e Eva.
Uma variação desta teoria é denominada "desenho inteligente". Reconhece a evolução, mas alega que as mutações genéticas são guiadas pela mão de Deus e não pelo processo de selecção natural defendido por Charles Darwin.
Em Agosto do ano passado, o presidente americano, George W. Bush, disse acreditar neste conceito religioso e que apoia o seu ensino nas escolas públicas americanas.


  
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Edição:

N.º 158
Ano 15, Julho 2006

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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