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Uma ciência aplicável
Ana Campeão
25 anos, professora de Geografia
7º e 11º anos (Porto e Maia)

Que problemas a Geografia pode resolver na sociedade?

Casos como os de Arcos de Valdevez, onde há cerca de um ano houve aquele acidente na montanha, e da Ribeira Grande, nos Açores, poderiam ter sido evitados se houvesse um acompanhamento de um geógrafo numa Câmara Municipal. Mas as autarquias só se lembram dos geógrafos depois dos acidentes terem acontecido. Deviam lembrar-se dos geógrafos antes para fazerem os mapas de risco e saber se aquela casa podiria ser ou não construída naquele sítio, se se poderia proceder ou não ao abatimento de florestas. Porque se abatemos as florestas a montante, com as chuvas há um arrastamento de terra e as casas a juzante vão sofrer com as derrocadas. Infelizmente a nossa sociedade ainda está a pensar muito na Geografia Descritiva: saber os rios que correm em Portugal, as serras... A sociedade ainda limita a Geografia.

Será que o ensino da Geografia pode preparar os alunos para ter uma visão ampla da Europa?

Não nos limitamos a estudar qual é a capital e o número de habitantes de cada país. A Geografia permite-nos comparar os diferentes países a diversos níveis, quer seja ao nível social quer seja ao nível económico.

A Geografia deve mostrar as clivagens entre os diferentes países?

Os alunos têm de ter a noção de como vivem e de como se vive nos outros países para poderem melhorar a situação no seu próprio país. Queremos alunos que mais tarde tenham um papel de intervenção bastante grande. Para isso os alunos não podem ficar confinados ao que se passa no seu país, têm de ter um conhecimento que lhes permita perceber porquê a agricultura em Portugal está assim e na Alemanha está diferente. Neste sentido, os alunos podem discutir, por exemplo, a distribuição dos subsídios da União Europeia, o modo como foram aplicados. Os professores têm de pôr os alunos a par destas realidades.

E a Geografia, o que é que desperta mais a curiosidade dos alunos?

Os alunos do 11º ano interpelam-me muito acerca dos outros países: o que se passa, como é este país, porque é que há um crescimento tão elevado na China ou na Índia... São alunos que têm possibilidades para viajar e que trazem essas suas experiências para a sala de aulas, isso é bastante importante. É muito mais fácil trabalhar assim.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 109
Ano 10, Fevereiro 2002

Autoria:

Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação
Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação

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