Estamos em pleno processo de transição entre uma educação escolar e familiar extremamente arbitrária e a abusivamente permissiva. Antigamente a obediência era sustentada pelo medo e, hoje, a falta de obediência demonstra um profundo desrespeito para com o outro. Estou radicalizando? Talvez! Mas às vezes é preciso chocar para ser ouvido... Acontece que Escola e Família não ëfalam a mesma línguaí, não se comunicam, não trocam ideias. E é exatamente com essa comunicação que, aos poucos, vai-se chegando ao equilíbrio desejado e necessário à Educação dos nossos jovens. É o exercício da autoridade da família e da escola, sem que para isso sejam arbitrárias ou intolerantes. A Escola somente requisita a presença dos pais em reuniões esporádicas e formais, em festas, ou quando há indisciplina, notas baixas... É necessário que a Escola se abra e promova reuniões para tratar da educação global de seus alunos, trocando idéias com os pais; é necessário que preste atenção aos mínimos detalhes inseridos nas diversas disciplinas, para que possa de fato educar por completo seus alunos: formar, ao invés de simplesmente informar. Sensibilidade e Responsabilidade são ingredientes básicos ao Educador dos dias atuais e futuros - do contrário, reduzem-se a meros transmissores de informações. Os Pais, por sua vez, não se aproximam da Escola, a não ser para ëcasos gravesí de notas baixas, de briguinhas entre colegas - geralmente super-protegendo seus filhos. Uma boa parte dos pais não comparece às reuniões, ou então só comparece para conferir o Boletim. Estabelecer limites às crianças e jovens é fundamental, desde que os leve a compreender o por quê do 'sim' e do 'não', e representa, desse modo, uma relação saudável, amistosa, com autoridade (não com autoritarismo) e respeito de ambos os lados. Mas para que isso ajude na formação do indivíduo, é preciso colaboração e comunicação entre Família e Escola, pois ambas são responsáveis! Um outro ponto muito importante é quanto à orientação dos pais nesse momento de estabelecer limites, quanto à sua participação na vida escolar de seus filhos, etc. Sugiro que comecem a procurar livros que tratem desses assuntos e que são originalmente destinados a professores. Existem muitos que não são unicamente técnicos e que podem auxiliar e muito. Os pais têm que saber os porquês das atitudes dos professores, têm que saber o que e quando cobrar determinadas posturas da Escola, têm que saber como podem colaborar com a Escola, etc. Um dos problemas mais graves desta nossa Sociedade é a impunidade - todos concordam - mas desde que se esteja falando ëdos outrosí... Por exemplo, se a criança ou jovem deixa de cumprir com seu dever na Escola e esta lhe aplica uma simples ëadvertênciaí por ter quebrado uma regra pré-estabelecida, muitos pais rapidamente procuram a Escola para justificar essa falha, ao invés de reforçar, em casa, que tudo na vida tem uma consequência e que todo cidadão tem direitos, desde que cumpra com seus deveres! O excesso de proteção, de desculpas, é muito prejudicial na formação da personalidade da criança e do jovem - isso leva à impunidade. A Sociedade que aí está é injusta, egoísta, aproveitadora, desonesta! Ou nós nos unimos com o objetivo único de formar nossas crianças e jovens para o bem, ou estaremos conscientemente reproduzindo a desumanização da Sociedade.
Giselle Castro Fernandes, <giselle@arlais.com.br> Psicopedagoga, co-Autora do livro "A Informática na Era da Educação"
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