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Eurodyssée: Mogadouro em Ciney

Um grupo de alunos do Agrupamento de Escolas de Mogadouro deslocou-se a Ciney (Bélgica) para participar na 25ª edição da Eurodyssée, no Institut Saint-Joseph – uma escola frequentada por cerca de 1.800 alunos dos vários níveis de ensino e onde exercem, actualmente, 200 professores.
Numa breve resenha histórica, diria que a ideia da Eurodyssée surge no ano de 1986, na referida escola, e emerge da vontade de um grupo de professores “sonhadores” com o intuito de preparar e sensibilizar os jovens para a mobilidade e o diálogo entre culturas. A partir desta escola, os alunos foram impulsionados a encontrar outros jovens de um país europeu. Pretendia-se inspirá-los para um genuíno interesse, solidário e respeitoso, por outros estilos de vida, outras tradições, e assim abrir as portas à mobilidade na Europa, considerando que estes são os actores e decisores do futuro. Inacreditavelmente, este projecto manteve-se inalterado desde então e permanece fiel à sua filosofia de partida, em que um estudante belga acolhe um estudante de um país parceiro (o gémeo) durante uma semana e, em contrapartida, este retribui essa hospitalidade noutra época do ano.
É interessante sublinhar que este projecto emerge com o lema e a ambição de ser uma dupla referência para a unidade europeia, alicerçando esse espírito nos contos de viagem de Ulisses, figura que transcendeu o âmbito da mitologia grega e se converteu no símbolo da capacidade do homem para superar as adversidades e, sabiamente, evidenciava: “Les Grecs savaient que l’âme d’un pays ne se découvre que par la rencontre avec les personnes qui l’habitent. Pour découvrir une région, un pays, il faut aller à la reencontre des habitants de ce pays” (cf. www.isjciney.be/page32.php).
Ao longo destes 25 anos, o projecto consolidou-se a partir da escola-alicerce, variando em cada ano a sua temática e somando, na actualidade, 22 países participantes, 34 escolas e 218 intercâmbios de uma semana, incluindo alunos e professores.
Nesta edição, o tema de fundo era a imigração e participaram delegações da Bélgica, Eslováquia, Espanha, Grécia, Hungria, Itália, Polónia, Roménia e Portugal.
Como participante, considero e avalio esta experiência como extremamente pedagógica. Julgo que permitiu aos 11 alunos (do Secundário) aprenderem a importância da hospitalidade, da diferença, da reciprocidade, da responsabilidade, da solidariedade, convivendo e vivendo não só com os gémeos belgas, mas com as suas famílias. Tiveram oportunidade de trocar experiências, falar e aperfeiçoar outras línguas (inglês e francês), criar laços com outros jovens europeus, representar o seu país e a sua escola (danças, canções, filmes, símbolos, sabores, cultura, jogos, etc.). Na verdade, muitas das actividades programadas exigiam comunicação, partilha, troca de saberes e articulação entre os grupos previamente organizados.
A participação da delegação portuguesa foi o resultado da articulação e do empenhamento do professor-coordenador do projecto (Fernando Oliveira), que ao longo do ano manteve um contacto permanente com o Instituto Saint-Joseph e que, entretanto, prepara a recepção da delegação belga que virá a Mogadouro na última semana de Agosto, acompanhada por um dos autores do projecto, professor Jean-Marie de Bruyn.
Em resumo, penso que para os alunos terá sido uma oportunidade pedagógica marcante e, neste momento, impossível de descrever e avaliar, sobretudo pela qualidade e riqueza de experiências de aprendizagem que lhes foram proporcionada s. Relativamente aos professores, considero que estas experiências num espaço que não é o nosso, com diferentes rotinas, em diferentes contextos e com diferentes olhares, nos ajudam a (re)elaborar as nossas práticas e a sustentar de forma mais alicerçada o “ser professor”.
Parafraseando Isabel Baptista, “ser professor” significa assumir a plenitude do compromisso com essa exigência do tempo a que chamamos futuro. Cabe-nos, por isso, considerar a abertura para acolher construtivamente os reptos da alteridade, sobre tudo, ensinando a os nossos jovens a importância de aperfeiçoar o amanhã na era planetária da sociedade do século XXI.

Evangelina Bonifácio

Equipa de Apoio às Escolas do Nordeste Terra Fria e Arribas (Bragança)


  
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Edição:

Edição N.º 193, série II
Verão 2011

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