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Mais de um milhão de mortes de bebés podem ser evitadas em África

Na África, um bebé tem poucas hipóteses de sobreviver ao seu primeiro dia de vida e mais de um milhão e cento e sessenta mil recém-nascidos morrem por ano, antes de completar um mês, por causas fáceis de evitar, de acordo com um relatório divulgado no mês passado na África do Sul.
No total, um milhão e cento e sessenta mil bebés morrem todos os anos em África nos primeiros 28 dias de vida. Cerca de meio milhão morrem no dia do seu nascimento, segundo este documento intitulado "Uma oportunidade para os recém-nascidos em África".
"É um número enorme", lamentou o Dr. Joy Lawn, co-autor do relatório, durante a sua apresentação em Johannesburgo.
"Os primeiros dias de vida são os mais arriscados", ressaltou, acrescentando que três milhões de crianças africanas morrem antes de completar 5 anos, assim como pelo menos 250.000 mulheres grávidas.
Os cuidados pré-natais como a vacinação contra o tétano, a prevenção da malária, além de melhores condições de higiene para o nascimento e um estímulo maior ao aleitamento poderiam salvar, pelo menos, cerca de 800.000 recém-nascidos.
"Se estes cuidados essenciais chegassem a 90 por cento das mulheres, 67 por cento destas mortes poderiam ter sido evitadas", acrescentou o Dr. Lawn.
O relatório de 246 páginas apresenta dados e análises reunidos por uma equipe de 60 especialistas e nove organizações internacionais, entre as quais a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Save the Children, agrupadas na Parceria pela Saúde da Mãe, do Recém-Nascido e da Criança (PMNCH).
Os países que apresentam o risco mais elevado de mortalidade neonatal são aqueles cuja situação é mais instável, como a Libéria com 66 mortes para 1.000 nascimentos, seguida da Costa do Marfim e Serra Leoa.
Cinco países, dentre eles a Nigéria e a República Democrática do Congo (RDC), são responsáveis por metade das mortes de recém-nascidos do continente.
Mesmo que a mortalidade infantil esteja intimamente ligada à pobreza, alguns países entre os mais pobres como o Malawi ou Burkina Fasso conseguiram inverter a tendência dedicando grande parte de seus orçamentos nacionais aos serviços de saúde básicos.
Francisco Songane, director do PMNCH, com sede em Genebra, e ex-ministro da Saúde de Moçambique, frisou que os países africanos deveriam fazer da saúde da mãe e da criança uma prioridade.
"Devemos trabalhar da maneira correcta e evitar os programas verticais (...) É uma questão de solidariedade. Nós vivemos no mesmo mundo", disse durante a apresentação do relatório.
"Os governos mais ricos do mundo continuam mais preocupados com a guerra do que com a vida", lamentou um participante na apresentação do relatório.

  
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Edição:

N.º 162
Ano 15, Dezembro 2006

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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