A Europa corre o risco de ficar atrás da China e da Índia porque os governos do continente estão a fazer "muito pouco" para implementar os padrões educacionais que promovem o crescimento económico, alerta um estudo publicado no fim de Outubro. "Ainda estamos a fazer muito pouco para dar o passo mais necessário: desenvolver e manter o capital humano que vai determinar a nossa futura prosperidade económica", denuncia o relatório preparado pelo "think tank" Deutschland Denken para o Conselho Europeu de Lisboa para a Competitividade Económica e a Renovação Social. Em Lisboa, a União Europeia prometeu no ano 2000 tornar-se a sociedade tecnicamente mais avançada do mundo no prazo de uma década, uma ambição reafirmada na cimeira da UE realizada em Lahti, na Finlândia, no início deste ano. Mas o relatório destaca que "a boa vontade política para tratar a inovação" não se traduziu no investimento em educação e formação. Segundo o documento, a Europa disputa com a China e a Índia uma "corrida rumo ao topo", na qual "a capacidade de produzir mais produtos e serviços com valor acrescentado determinará a nossa capacidade de gerar a riqueza necessária para preservar o nosso modelo social para as próximas gerações". O estudo listou os países segundo um "?índice de capital humano", que considera as instalações educacionais de 13 países relacionadas com emprego, produtividade e demografia. As descobertas indicam um aumento das diferenças económicas e sociais na União Europeia. Segundo o estudo, se a tendência actual se mantiver, por exemplo, "em 2030 os cidadãos da Alemanha e da Itália poderão vir a ter um PIB per capita 50 por cento menor do que o registado na Suécia, Irlanda ou Reino Unido". De acordo com o relatório, a Suécia investe duas vezes mais recursos em escolas, universidades e educação para adultos do que a Itália e a Espanha. Em geral, a Europa gasta menos com educação que os seus parceiros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), acrescenta o documento. Mas a situação pode ser revertida: mesmo que um país esteja atrasado no quesito investimento educacional, ele poderá rapidamente restabelecer a sua situação, ao fornecer oportunidade para a educação dos adultos e formação profissional, que o estudo apontou como um dos motivos do sucesso dos países nórdicos. Por exemplo, as pessoas entre os 44 e os 64 anos na Suécia gastam em média 358 horas por ano em formação profissional, duas vezes mais que os alemães e três vezes mais que os espanhóis. A Suécia também investe 1,7 por cento do seu Produto Interno Bruto nas suas universidades, menos que a Dinamarca e a Finlândia, mas o dobro da Itália. Não é dada informação sobre Portugal, mas o estudo surge no momento em que o governo português apresenta o seu orçamento para 2007 com uma forte redução no investimento em educação.
|