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O paradoxo da Internet ? aliado e inimigo?

Hoje, um dos paradigmas do pluralismo e um dos principais catalisadores do mesmo é a Internet. Realmente, o uso deste recurso da modernidade tem revolucionado a contemporaneidade. O acesso às denominadas auto-estradas de informação e de comunicação é um recurso ímpar desde finais do século XX. O acesso a milhões e milhões de percursos, de assuntos, de imagens, de ideologias, de vídeos, de informação e de som, é hoje uma realidade para um número cada vez maior de indivíduos. Qualquer assunto é contemplado, podendo ser apresentado com diferentes tónicas, num continuum enorme de sensibilidades, onde os conceitos soft e hard são pólos de uma linha quase infinita de projecções e densidades.
O virtual e o real, o verdadeiro e o embuste, o facto e a especulação, confluem e coexistem numa lógica por vezes irracional e imperceptível. Neste quadro cósmico, nesta janela universal, densa e híbrida de portais, o adolescente e jovem têm a possibilidade de, num ápice, num vislumbre duma página Web, aceder a um particular conteúdo. A questão que é suscitada é se tal constitui um contributo válido na educação e na formação das novas gerações. Se por um lado existem constelações de recursos de enorme aplicação pedagógica e formativa, a todos os níveis, assuma-se com a mesma frontalidade a consideração da existência de autênticos buracos negros no universo cibernético. A metáfora ganha substância pois alicerça-se nas palavras recentes do psiquiatra Daniel Sampaio, quando refere que o contacto dos adolescentes com determinados sites tem efeitos altamente nocivos no seu desenvolvimento psicossocial. Como exemplo, presentemente existe um fenómeno crescente de disfunções sexuais de jovens portugueses, causadas por lesões irreversíveis no cérebro, ao nível do sistema límbico, devido ao cocktail de Viagra, Ecstasy e Red Bull. As consequências posteriores são antagónicas em relação ao efeito imediato pretendido (aumento da resistência física e melhoria do desempenho sexual). A Internet é identificada como principal responsável deste problema dado que os medicamentos se encontram à disposição de qualquer indivíduo, sem qualquer tipo de controlo, e o apelo diário (através de mail) é incisivo, não só em relação aos medicamentos mais emblemáticos mas toda a sorte de fármacos. Apesar de ser uma actividade ilegal, a fiscalização não opera, vivendo-se o controlo zero na rede cibernética. O problema que é já denominado de saúde pública, está a assumir contornos tais que o Conselho da Europa está a analisá-lo.
Tais situações devem interpelar as comunidades educativas. Em primeiro lugar deve-se assumir a presença e o desenvolvimento do fenómeno. É necessário reconhecer a sua influência, nomeadamente no domínio da formação pessoal e social. O desconhecimento impede que sejam tomadas acções que visem a prevenção ou a confrontação adequada, e simultaneamente castra apriori o que realmente é benéfico, pedagógico e construtivo. Uma educação global deve conceder ferramentas e capacidade de análise e discernimento. Nunca como hoje, a educação para o diverso, para o antagónico e para o impensável, são prementes.
Nesse sentido, o Programa para uma Internet mais segura da Comissão Europeia está a financiar a criação de nós nacionais em 16 países europeus, visando a sensibilização para os desafios e riscos da Internet. Na comemoração do Dia para uma Internet mais Segura realizado no dia 7 de Fevereiro de 2006, a temática eleita foi a «Ética na Internet». É neste contexto e com esse tema que o nó nacional Seguranet decidiu lançar um concurso para as escolas básicas e secundárias. Motivar alunos e professores para a relevância das questões relacionadas com a utilização da Internet é o alvo do Concurso:  "Net + segura - uma ética para navegar e comunicar"! (www.crie.min-edu.pt)


  
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Edição:

N.º 154
Ano 15, Março 2006

Autoria:

Eduardo Nuno Fonseca
Professor do Ensino Básico
Eduardo Nuno Fonseca
Professor do Ensino Básico

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