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O presente envenenado

A Senhora Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues com o apoio do Engenheiro Sócrates, na senda do anúncio diário de medidas populistas e demagógicas de show-off que este governo adoptou como estratégia, resolveu este Natal presentear, os educadores e professores portugueses, com a alteração do Diploma que regulamenta os seus concursos. 
Como grande inovação, a «proposta» apresenta a obrigatoriedade de estes permanecerem durante três ou quatro anos lectivos (conforme o sector de ensino a que pertençam) em determinada escola, ficando impossibilitados durante esse período de concorrerem e tentarem melhorar a sua colocação.        
Assim, duma assentada só, extingue-se o princípio democrático e justo que sempre esteve subjacente ao espírito da lei: «a melhor graduação corresponder melhor colocação», legaliza-se a ultrapassagem com a figura da recondução e acaba-se com o concurso anual que possibilitava aos professores aproximarem-se da sua área de residência e respectiva família. Em nome da estabilidade, a fixação a qualquer preço!        
Esta ministra que já por várias vezes deixou claro o seu autismo e arrogância, avança com alterações a uma legislação de 2003 (!) fazendo jus ao laboratório de experiências em que a Educação se transformou. Uma pasta onde sucessivos ministros, de experiência em experiência, sem um projecto definido e coerente, avança decretando do topo para as bases sem que estas participem nas decisões. As mudanças não se impõem... constroem-se.
A verdadeira estabilidade, se a Senhora Ministra estivesse sinceramente interessada em resolver o drama anual de milhares de professores, desejasse contribuir para a continuidade pedagógica dos Projectos Educativos das Escolas e para o aprofundamento da relação afectiva com os alunos, alcançar-se-ia com a fórmula à muito proposta pelos professores:
O aumento do número de lugares de quadro de escola, com a consequente redução do número de alunos por turma.
A diminuição da área geográfica dos quadros de zona pedagógica.
A vinculação dos docentes contratados ao fim de três anos de contratos sucessivos.
Admito que a Senhora Ministra esteja muito empenhada na sua tarefa, mas em política, agir movido por vontade, capricho e teimosia é um mau princípio. O tempo cá estará para comprovar...


  
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Edição:

N.º 152
Ano 15, Janeiro 2006

Autoria:

Paulo Marques
Professor
Paulo Marques
Professor

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