A Conferência Episcopal Italiana (CEI) desaconselhou recentemente contra o casamento misto, em particular entre católicos e muçulmanos, por considerá-lo "intrinsecamente frágil" e implicar ?visões diferentes sobre o papel da mulher?. Segundo o cardeal Camillo Ruini, presidente da CEI, "a experiência dos últimos anos leva-nos a crer que, para além das dificuldades inerentes à vida em casal, os católicos e muçulmanos que querem criar uma família encontram problemas relacionados com profundas diferenças de carácter religioso e cultural". Para a Igreja italiana, tais uniões representam uma "fragilidade intrínseca", diferindo sobre "a educação religiosa dos filhos" e, principalmente, sobre a diferença de concepção da instituição do matrimónio e do papel da mulher. A CEI aconselha assim os sacerdotes que celebram estes casamentos a questionarem os candidatos sobre o conhecimento recíproco da cultura e o tipo de educação religiosa que pretendem dar aos filhos. De acordo com números da CEI, nos últimos anos multiplicaram-se em Itália os casamentos entre católicos e muçulmanos, que passaram de 8600, em 1992, para 19 mil em 2005. Entretanto, o Papa Bento XVI defendeu recentemente, durante uma recepção para embaixadores na Santa Sé, o direito de a Igreja intervir no debate público para defender as suas convicções sobre a família, o aborto ou a eutanásia. "A Igreja tem o direito e o dever de assinalar os perigos nascidos da ignorância ou de uma negação da origem e do destino divino do homem", disse Bento XVI, em referência à secularização das sociedades ocidentais. Na ocasião, o Papa aproveitou também para recordar a posição da Igreja relativamente ao combate à epidemia da Sida, lembrando que "a abstinência, a promoção da fidelidade, do casamento, da família, da educação e da assistência aos pobres" são as melhores formas de prevenir a enfermidade.
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