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Confiança dos portugueses nas classes sociais

Num destes fins-de-semana, o maior semanário do nosso país deu à estampa, em local que passou despercebido, um estudo realizado através de ?entrevista directa e pessoal na residência dos inquiridos? onde era questionada a confiança que os portugueses depositavam nas classes profissionais, numa escala de 1 (nenhuma confiança) a 4 (confiança absoluta).
Os resultados foram (in)esperados, devendo realçar o 4.º lugar obtido pelos professores do ensino básico e superior, que só foram batidos pelos Bombeiros, Enfermeiros e Médicos, o que não espanta, pois o bem ?saúde? é de facto essencial e supera naturalmente o bem ?educação?.
Neste estudo ficou bem patente o apreço que merecem os professores, uma classe que anda desanimada, desincentivada, desmoralizada, desnorteada, desmotivada, des? Ficou bem explícito a confiança que os portugueses depositam nos professores dos seus filhos, ao contrário do que seria de esperar, numa altura em que tudo se espera (e pede) da instituição ?escola?. Os professores devem estar contentes com este resultado, tanto mais que foram elencadas 17 classes profissionais entre Padres, Juízes, Polícias, Governo, Bancários, etc..
Serve isto para concluir que, não tenhamos dúvidas, temos uma muito boa classe docente, capaz de conquistar a confiança nacional, num país onde desconfiamos ?por tudo e por nada?. Esta honrosa ?classificação? traz para os professores mais responsabilidade, o que só dignifica quem serve o ensino, de corpo e alma, com a missão de ensinar e educar os jovens portugueses e imigrantes, muitas vezes mal tratada por um poder político centralista e fechado em si mesmo, não ouvindo o que estes briosos profissionais têm para dizer.
Sob outro ponto de vista, e atendendo aos resultados expressos, não tenho dúvidas em afirmar que os portugueses exigem um maior investimento no ensino e na educação de forma a proporcionar bons meios de trabalho, quer para professores quer para alunos. O Estado deve estar atento a este factor, sob pena de desperdiçar uma boa oportunidade, podendo contar com professores que merecem a confiança dos portugueses. E o investimento de que falo deve ser logo efectuado no ensino pré-escolar e no primeiro ciclo, parentes pobres da educação nacional a merecer mais e maior atenção deste Governo.
Contudo, não se pense que o ensino, a educação, a escola pública se pode dissociar da sociedade e, por isso, este investimento deve ser feito tendo em linha de conta a família, primeiro sustentáculo do aluno, futuro cidadão de uma sociedade cada vez mais competitiva, heterogénea e desigual. Julgo que não podemos compartimentar as diversas áreas de uma sociedade; pelo contrário, estas devem ajudar-se mutuamente de forma a proporcionar ao futuro cidadão/aluno um apoio globalizante que lhe proporcione as ferramentas que o ajudarão a viver, a conviver e a ser feliz.
Face aos resultados, estou convicto que os docentes não desdenharão a sua quota parte neste processo que pertence a uma sociedade por inteiro. Assim o Governo a aceite.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 147
Ano 14, Julho 2005

Autoria:

Filinto Lima
Professor, Oliveira do Douro
Filinto Lima
Professor, Oliveira do Douro

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