IRAQUE
Um grupo internacional de especialistas em saúde pública quer uma "investigação independente" para determinar o número de iraquianos mortos após a ocupação americana, em Março de 2003. "Consideramos que não há um esforço por parte da coligação anglo-americana para investigar as mortes de civis iraquianos. Fazemos, por isso, um apelo aos governos americano e britânico para que permitam uma investigação independente e global sobre as perdas iraquianas ligadas à guerra", afirma Klim McPherson, professor de Saúde Pública e Epidemiologia da Universidade de Oxford, em nome de um grupo de 24 especialistas da Grã-Bretanha, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Espanha e Itália. "A política da Grã-Bretanha, que consiste em citar dados extremamente limitados do Ministério da Saúde iraquiano, é inaceitável", dizem estes activistas, lembrando um estudo publicado em Outubro pela revista médica britânica «The Lancet» que calculava em 98 mil o número de mortes causadas pela invasão anglo-americana de 2003. De acordo com um outro estudo realizado pela equipa do médico Lesley Roberts, do hospital John Hopkins, de Baltimore, nos Estados Unidos, estas cerca de 100 mil vítimas civis iraquianas, na sua maioria mulheres e crianças, tiveram em muitos casos uma morte violenta. A equipa comparou a mortalidade durante os 14 meses precedentes à ocupação, em Março de 2003, aos 18 seguintes, chegando à conclusão que o número de mortes rondaria os 98 mil, sem levar em conta a mortalidade na região de Fallujah, onde ocorreram dois terços das mortes violentas no país. A investigação da equipa de Roberts levou em conta as perdas humanas ocorridas num total de 988 localidades iraquianas, repartidas por 33 áreas, coligidas antes do início da guerra. Contrariando estes dados, obtidos por métodos estatísticos, o ministério da saúde iraquiano admite apenas 3.853 mortos e 15.517 feridos entre os civis durante os primeiros seis meses de guerra.
|