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Bioterrorismo: um cenário ficcional ou real?

INSEGURANÇAS

O cenário é tão terrível que nem os próprios especialistas gostam de evocá-lo. Porém, nos corredores da primeira conferência da Interpol sobre bioterrorismo, realizada no mês passado em Lyon, França, investigadores, polícias e médicos não conseguem deixar de pensar na tragédia que constituiria um ataque bioterrorista em larga escala: centenas de milhares de mortos, milhões de doentes, hospitais sobrelotados, falta de médicos e enfermeiros, boatos, o caos...
Entre os presentes na conferência estava a investigadora Tara O'Toole, directora do Centro de Biosegurança da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e editora da revista "Biosecurity and Bioterrorism". No pior cenário possível, diz esta especialista, uma série de ataques simultâneos poderiam propagar uma doença contagiosa como a varíola, capaz de matar milhões de pessoas, para a qual não existe tratamento e cujas reservas de vacinas cobrem apenas 10% da população mundial. A concretizar-se um ataque desta dimensão, dificilmente haveria tempo para identificar em tempo útil o micróbio ou vírus responsável pela infecção e suster a sua propagação.
"O maior problema é saber quando dar o alerta", afirma o professor François Bricaire, chefe do serviço de doenças infecciosas do hospital da Pitié-Salpêtriére, em Paris, e um dos fundadores do plano francês de alerta "Biotox?, que depende do agente infeccioso em causa e do seu período de incubação.
Para William Bograkos, ex-médico do exército americano que se tornou especialista internacional nesta matéria, "o pior dos cenários seria que as populações e os governos estivessem mal informados, mal preparados, fazendo com que ninguém confiasse nas informações postas a circular. Além dos milhões de mortos, o verdadeiro pesadelo seria que ninguém acreditasse em ninguém, gerando o caos. O mundo nunca mais seria o mesmo" diz Bograkos.


  
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Edição:

N.º 144
Ano 14, Abril 2005

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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