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Metrossexualidade não é homossexualidade!

Somos levados a pensar que foi com a chegada do século XXI que surgiram ?novos? fenómenos sociais, culturais e atitudinais. Esse erro indutivo tem um pouco a ver com o que a sociedade portuguesa está habituada a ser confrontada. Sem querer explicar esse surgimento quer pelo novo século, quer pelos programas transmitidos por algumas televisões nacionais (porque é de todo mentira!), o que acontece é que tanto um como outro contribuíram fortemente para a ênfase atribuída ao assunto.
O fenómeno da metrossexualidade, tendo o seu expoente máximo no Sr. José Castelo Branco, trata-se, vulgarmente, da exacerbação da beleza física do homem, quer através de tratamentos de pele e corpo, quer da prática de exercício físico apenas para manter a forma, quer inclusivamente de solários, depilações definitivas, pinturas faciais e gosto por bem vestir, não se pode comparar com o que se aplica à homossexualidade ou mesmo à transsexualidade, na medida em que um homem que goste de si não precisa necessariamente de gostar de outros homens ou de se fazer passar por uma mulher.
Poder-nos-emos questionar, e eu constantemente o faço, porque razão este fenómeno arrasta consigo tanta polémica e quando se trata da exacerbação da beleza feminina (seja em que idade for) é sempre louvada e admirada por parte dos homens, e o contrário apesar da polémica é mal aceite e até mal interpretada.
Na minha opinião, sempre tivemos que viver em fases (logo não é só esta), em que se não formos nós a gostar de nós mesmos e a tratar do nosso corpo, implicando o tratamento da nossa mente, ninguém o fará por nós. Desta forma, não são só as mulheres que têm que se sentir bem com elas próprias, mas também, e cada vez mais os homens. Se se admite a defesa da divisão da maternidade/paternidade, a divisão e partilha das tarefas domésticas, a divisão dos fundos económicos, inclusivamente as dívidas, e assim sucessivamente, porque não defendermos também a partilha dos tratamentos de beleza e de sentimentos de bem-estar físico (se isso tiver como consequência o psíquico), sem os considerarmos como associados a fenómenos homossexuais?
Seria muita prepotência da minha parte dar uma resposta a esta questão, deixo, por isso, aos leitores interessados este momento de reflexão, não querendo de modo algum lançar a polémica, apenas, como já foi referido, permitir o pensamento sobre um assunto que está cada vez mais em voga e que não tardará a se expandir, quem sabe, aos nossos filhos.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 143
Ano 14, Março 2005

Autoria:

Ana Melro
Socióloga. Mestranda em Sociologia da Infância
Ana Melro
Socióloga. Mestranda em Sociologia da Infância

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