A recente visita de George W. Bush à Europa, onde participou numa cimeira da NATO e onde manteve encontros, a dois, com o presidente francês Jacques Chirac, com o chanceler alemão Gerhard Schroeder e com o presidente russo Vladimir Putin, prenuncia novidades, no jogo mundial, que apontam mais para a Guerra do que para a paz. O presidente Bush disse, na comunicação semanal que dirige aos americanos via radio, que os Estados Unidos e a Europa são os pilares do Mundo livre, mas absteve-se de referir se inclui Putin entre os europeus bons e amigos, especialmente quando este insiste em garantir que o Irão não está a produzir armas nucleares? Não terá sido por acaso que a senhora Condoleezza Rice, secretária de Estado de George W. Bush disse, recentemente, que o ataque ao Irão ainda não estava na ordem do dia. A senhora Rice não é pessoa para se enganar nas palavras. A senhora Rice tem códigos subtis de comunicação, o mais mediático dos quais foi ter oferecido um atlas de bolso aos jornalistas que a acompanharam na sua primeira viagem ao estrangeiro como secretária de Estado. Uma viagem ao Médio Oriente que, a julgar pelos media internacionais, estará já a dar frutos. No mesmo domingo em que Portugal escolheu novo Parlamento e a Espanha referendou a Constituição Europeia, o governo de Ariel Sharon aprovou, por maioria, uma resolução a determinar a retirada de colonos em Gaza e na Cisjordânia. Os israelitas vão sair dos 21 colonatos que ocupam em Gaza e de quatro dos 120 colonatos da Cisjordânia. Mesmo tendo em conta que Israel despreza, estratégica e economicamente, Gaza e que a evacuação na Cisjordânia é quase símbólica, esta retirada israelita de territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias é uma brecha na política de Telavive e parece confirmar a inevitabilidade da formação do Estado Palestiniano. O cessar-fogo assinado pelo presidente palestiniano Mahmoud Abbas e pelo primeiro-ministro israelita Ariel Sharon, na cimeira de Charm el Cheikh, no Egipto, realizada a 9 de Janeiro último, é o caminho, mesmo se tal acordo é violado dois dias depois e se ele resulta de uma jogada diplomática mundial, sob o comando dos Estados Unidos, uns Estados Unidos muito influentes sobre Israel mas com uma imagem internacional muito desfocado, por força da invasão do Iraque, da resistência aos acordos de Quioto e da ilegítima imunidade face ao Tribunal Penal Internacional.
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