SIDAA XV Conferência Mundial sobre a Sida terminou com muitas críticas às polémicas campanhas de abstinência sexual adoptadas pelos governos dos Estados Unidos e do Uganda como principal estratégia de combate à doença. A campanha do governo americano - "ABC" (Abstinence, Be faithful, Condoms when appropriate (Abstinência, Fidelidade e Preservativo quando necessário) -, aplicada a nível interno e em países em desenvolvimento, revolta os activistas que acusam os governos dos países mais ricos de não cumprirem a promessa de destinar 10 mil milhões de euros por ano ao fundo global de combate à doença. O governo Bush pediu recentemente ao congresso americano que desbloqueie uma verba de 15 mil milhões de dólares para combater a Sida nos próximos cinco anos. No entanto, especialistas como o professor Brook Baker, da Northeastern University School of Law, afirmam que a contribuição deveria ser calculado no dobro deste valor. Em contrapartida, o presidente do Uganda, Yoweri Museveni, afirmou, durante a conferência, que a campanha de abstinência sexual no seu país foi responsável pela forte queda das taxas de contágio por HIV. Cerca de um milhão de pessoas morreram de Sida no Uganda desde que o primeiro caso foi diagnosticado há 22 anos e outras 1,2 milhões foram infectadas. Entretanto, as taxas de infecção no Uganda, que atingiram 30% na década de 90, caíram para 6%, uma diminuição que Museveni atribui à campanha de abstinência, avaliada em 35 milhões de dólares anuais. As Nações Unidas, por seu lado, avisaram que a falta de políticas e de apoio financeiro para o programa de uso do preservativo prejudicam os esforços para evitar o avanço da doença, já que ?apenas 20% dos actos sexuais de risco tiveram protecção em 2003 nos países de baixo e médio rendimento", afirmou a consultora-chefe para a área científica da ONUSida, Catherine Hawkins.
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