EMBARGO AMERICANO A CUBA, IRÃO, LÍBIA E SUDÃONuma nova demonstração da sua política de isolamento em relação a Cuba, o governo dos Estados Unidos proibiu recentemente a publicação e edição de trabalhos científicos procedentes daquele país, medida que foi considerada como uma ?agressão" por parte de Havana e criticada pelos meios académicos americanos. "Mais uma vez, o governo de George W. Bush recrudesce na sua política anti-cubana no afã de satisfazer a ultra-direita cubano-americana do sul da Florida, a que não será estranho o facto de estarmos em plena conjuntura eleitoral", disse o presidente da Academia de Ciências de Cuba, Ismael Clark. A disposição de Washington, adoptada no final de Fevereiro, proíbe a edição, publicação e difusão nos Estados Unidos de artigos científicos procedentes de Cuba, Irão, Líbia e Sudão - países que se encontram sob sanções ou embargo americanos ? bem como as viagens de intercâmbio entre profissionais americanos e cubanos, que nos últimos anos vinham tendo um contacto mais frequente. "Esta decisão é uma ruptura da liberdade académica, do nosso direito como cidadãos a viajar e também prejudica a ciência dos Estados Unidos e de todo o mundo", disse Stuart Youngner, professor da Universidade Case Western Reserve, em artigo publicado pelo jornal oficial cubano Granma. A nova medida não afecta directamente os interesses económicos cubanos, mas atrapalha a troca de informações e opiniões entre cientistas dos dois países, que trabalham em áreas comuns como a oncologia clínica e o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus HIV, causador da Sida e de outras doenças. Recorde-se que a comunidade científica cubana tem feito avanços substanciais nas áreas da biogenética, medicina e biotecnologia, que despertam o interesse de seus colegas nos Estados Unidos. O director do Centro de Imunologia Molecular de Havana, Agustín Lage qualificou por sua vez a decisão do governo Bush como "uma medida medieval e fascista". "Pensávamos que a humanidade tinha deixado para trás etapas como estas, que nos recordam o tempo de (Adolf) Hitler, quando a única ciência reconhecida como válida era a ciência ariana e o restante era descartado", lembrou.
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