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O Muro da Vergonha

CRIME NA CISJORDÂNIA

Seiscentos e oitenta mil palestinos da Cisjordânia irão sofrer directamente com o muro de separação que está a ser construído por Israel, cuja legalidade será estudada a partir de 23 de Fevereiro pelo Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) de Haia. Cerca de 850 km2 do território da Cisjordânia, com excepção de Jerusalém Leste, cerca de 14,5% daquele total, estarão brevemente no interior deste muro e da linha de armistício de 1949, a chamada linha verde, segundo revela um relatório elaborado pela agência da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
Mais de 274 mil palestinianos que vivem em 122 povoações e cidades irão  "viver em regiões fechadas - entre o Muro e a linha verde - ou em  enclaves totalmente cercados pelo muro", segundo revela o documento. Outros 400 mil que vivem a leste daquela linha serão obrigados a atravessá-la em "check-points" para chegar às suas quintas ou locais de trabalho.
"Isto significa que o muro afectará directamente mais de 680 mil palestinianos, o que representa 30% da população da Cisjordânia", revela o relatório da  ONU. Apenas 11% do traçado do muro, que se estende por 700 quilómetros, coincide com a "linha verde", que separa a Cisjordânia de Israel.
Pelo seu traçado sinuoso, que avança em profundidade na Cisjordânia, a linha de separação, uma vez terminada, será muito mais longa do que a linha verde, segundo a mesma fonte, adiantando ainda que "os danos causados pela destruição de terras e de bens para a construção do muro são irreversíveis e os palestinianos correm o risco de não se conseguirem impor economicamente ainda que a situação política melhore no terreno".
Os 180 km de muro já construídos isolaram já povoações inteiras da Cisjordânia dos mercados, dos serviços hospitalares e das escolas. Para terminar este troço, mais de 1100 hectares de terras particulares palestinianas foram confiscadas e 102 mil árvores arrancadas.
Estas terras, onde trabalha um quarto da população total, são das mais férteis da Cisjordânia e geram em média 900 mil dólares por ano e por km2, isto é, o dobro do que geram os campos noutros locais da Cisjordãnia ou da Faixa de Gaza.


  
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Edição:

N.º 132
Ano 13, Março 2004

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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