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Prática reflexiva para o planejamento de ensino em ciências

Durante toda a sua história, a espécie humana, enquanto ser integrante da natureza e de uma dada sociedade e cultura, enfrenta inúmeros desafios que, por sua vez, exigem uma resposta concreta. Estes desafios envolvem desde a compreensão do ambiente natural que o cerca até questões que envolvem a própria sobrevivência, tal como a busca por alimento.  Para tanto, esse mesmo homem pode agir de maneira aleatória ou  planejar as suas atitudes. Para esta última opção, a educação formal representa importantíssimo meio que permite ao homem a organização de suas idéias.
Se considerarmos a educação como formação da competência humana, que envolve os conhecimentos populares e científicos, veremos que essa formação pode acontecer dentro e fora do espaço escolar. Assim, a educação que acontece no cotidiano das pessoas, das suas experiências práticas com o ambiente, seja ele social, natural, cultural, etc, constitui-se a educação não formal. Diferentemente, a educação que acontece na escola, de maneira ordenada, em busca de determinados fins, constitui-se a educação formal. Porém, mesmo esperando que a escola seja um espaço de socialização entre conhecimentos, é interessante notar que as atividades de planejamento de ensino constituem-se numa tarefa burocrática e complicada em que, para cumprir as determinações politico-pedagógicas,  como datas e preenchimentos de formulários, os professores organizam seus planos sem nenhuma reflexão e mudanças sobre os mesmos. Aí tem se manifestado uma postura acritica do ato de planejar em que, ao serem elaborados, são arquivados, ou até mesmo repetidos durante anos, como se a Ciência, o próprio aluno e o contexto social, cultural e ambiental não sofressem modificações. Planeja-se o ensino sem reflexões sobre os contextos aos quais se destina e, como conseqüência, acontece a prática de ensino e a aprendizagem mecânica, sem significados próprios para o aluno, onde este é conduzido a repetir conteúdos de livros didáticos, assumido uma postura cientificista do aprender ciências.
 É sabido que mundo atual sofre rápidas transformações e que essas afetam diretamente a vida das sociedades. Nesse contexto, o professor precisa atualizar-se, colaborar para que o aluno possa compreender o mundo e suas transformações, situando-os como indivíduos críticos, participativos e integrantes do universo social. As tendências mais atuais da educação no mundo apontam para o ensino que estimule o aluno a procurar respostas para as suas dúvidas, a aprender fazendo, permitindo que o espaço da sala de aula seja um local de cidadania em que os seres humanos que ali estão possam interagir conscientemente sobre suas realidades e sobre seu futuro social. Para tanto, é preciso que o professor busque a prática reflexiva sobre suas atividades de planejamento, modificando-a, adaptando-a constantemente, de maneira que leve em conta sempre as características próprias do contexto social, político, econômico e cultural no qual a escola bem como a própria comunidade que dela faz parte se encontram inseridas. Esta ação reflexiva implica em repensar a sua própria prática de ensino, seus métodos, recursos, abordagens que envolvem a sua prática docente. Consequentemente, o ensino ganhará novo significado, em que o objetivo maior será preparar os alunos para que diante das situações que envolvem seu cotidiano, sejam capazes de agir conscientemente, de usar em benefício próprio os conhecimentos.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 131
Ano 13, Fevereiro 2004

Autoria:

Geilsa Costa Santos Baptista
Univ. Estadual de Feira de Santana, Bahia, Brasil
Geilsa Costa Santos Baptista
Univ. Estadual de Feira de Santana, Bahia, Brasil

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