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De Londres a Bagdad

David Kelly, especialista inglês em armas nucleares, sob o qual recaiu a suspeita de ser o informador da BBC que revelou eventuais e deliberadas mentiras de Tony Blair sobre a perigosidade bélica do Iraque de Saddam Husseim, foi encontrado, no mês passado, morto num jardim de Londres.
Kelly, que o governo trabalhista de Londres apontava como o inoportuno informador da BBC, proclamou, até ao fim, a inocência, apesar de ter enfrentando interrogatórios que considerou serem insuportáveis. O aparente suicídio poderá ter sido provocado pela pressão a que estava submetido.
Já depois de ser conhecida a morte de David Kelly, a BBC disse que foi ele quem revelou os expedientes de Tony Blair para justificar o ataque ao Iraque, identificando-o como fonte privilegiada da informação (apesar das sucessivas declarações em contrário do próprio Kelly) e aliviando as culpas morais do governo de Londres.
Mais claras são as causas de morte de Uday e Qusay, filhos do ex-presidente iraquiano Saddam Hussein. Médicos legistas americanos revelaram que cada um dos corpos foi baleado 20 vezes e que não há nos dois cadáveres indícios de que tenham cometido suicídio. As fotos, entretanto divulgadas, destes mortos parecem confirmar esta tese.
Comentando estas execuções, o próprio presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que foi feita justiça ao por fim aos caminhos violentos destes iraquianos que classificou de criminosos ?responsáveis por torturas, mutilações e assassinatos de centenas e centenas de pessoas?.
Embora com reservas e receios compreensíveis, há quem questione o facto do exército dos Estados Unidos da América, que ocupa o território do Iraque, ter preferido matar os filhos de Saddam, cercados numa residência de um dirigente tribal, em vez de os capturar para posterior julgamento.


  
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Edição:

N.º 126
Ano 12, Agosto/Setembro 2003

Autoria:

João Rita
Jornalista, Porto
João Rita
Jornalista, Porto

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