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Especialista alemão em clima prevê morte do turismo no Sul da Europa

As mudanças climáticas registadas no mundo podem levar ao desaparecimento do turismo no Sul da Europa num prazo de 50 anos, estima o meteorologista alemão Mojib Latif, do Instituto de Investigação Marinha da Universidade de Kiel.
Enquanto o Sul do continente europeu deverá experimentar em breve frequentes períodos de seca prolongados, "nas montanhas continuará a aumentar o limites das zonas com neves eternas", assinala este cientista.
Praticar esqui nos Alpes "com certa segurança é hoje quase impossível abaixo dos 2000 metros de altitude", assinala Latif, um conceituado investigador em matéria de mudança climática no planeta.
Devido ao degelo dos solos nas áreas de alta montanha, pelo reaquecimento da Terra, serão mais frequentes também no futuro os deslizamentos de terra e desprendimentos de massa rochosa, "tornando instáveis essas áreas", explica. No monte Cervino, um dos cumes emblemáticos da Suiça, com 4.478 metros de
altitude, as altas temperaturas que afectam há semanas aquele país derreteram as neves nos cumes e começaram a afectar os glaciares, causando desprendimentos de toneladas de massa rochosa no vale do Zermatt.
Na Alemanha, a onda de calor deste ano baixou a marcas recorde os níveis dos rios, entre eles o caudaloso Reno, uma das artérias fluviais mais importantes da Europa Ocidental, afectando a navegação em diversos trechos.
Os períodos relativamente curtos entre secas e inundações não são uma contradição, afirma Latif. "O clima continuará a evoluir de forma extrema". A actividade humana "não tem incidência directa em cada um dos fenómenos climáticos que se registam, mas sim na sua frequência", refere o cientista. Uma das principais causas destas vertiginosas mudanças climáticas, segundo o meteorologista, são as emissões de gases de efeito de estufa, como o dióxido de carbono, o metano e os combustíveis fluorados e clorados.
"Nem mesmo as medidas adoptadas para reduzir essas emissões poderão influir nesta evolução do clima nos próximos 50 anos", diz Latif, já que o sistema climático do planeta "reage muito lentamente às influências externas".


  
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Edição:

N.º 126
Ano 12, Agosto/Setembro 2003

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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