O professor do 1º ciclo é um docente generalista, e por isso
deve leccionar as áreas, ditas, do conhecimento e todas as outras que abrangem
as áreas de expressão (física, dramática, plástica e musical).
Ao professor do 1º ciclo é pedido que exerça a sua profissão com inovação e
criatividade. Este professor terá de ser capaz de ensinar e de desenvolver nos
seus alunos as competências estipuladas nos programas oficiais, criar nestes
o gosto pelo estético, pela arte, pelo prazer de aprender...
Para dar cumprimento aos programas oficiais e para formar futuros ( e porque
não actuais?) cidadãos responsáveis, participativos, críticos e atentos o professor
tem como recursos o tradicional quadro preto e o giz branco (o orçamento não
permite a utilização de giz de cor!), os novos/velhos manuais escolares, que
ano após ano repetem os mesmos textos e conteúdos programáticos (apesar das
reformas e revisões que se decretam), instalações degradadas e desajustadas.
Onde estão as cantinas, as bibliotecas escolares e os espaços polivalentes ou
desportivos em todas as escolas do 1º ciclo?
As exigências sociais e individuais dos nossos alunos não se coadunam com as
condições das escolas do 1º ciclo nem se satisfazem com o tradicional aprender
a "ler, escrever e contar".
Defendo que o professor deve ser criativo e motivador, não contesto a Psicologia
Educacional quando advoga que a motivação dos alunos é essencial para o seu
sucesso educativo, mas questiono os meios que o professor tem ao seu dispor
para materializar e operacionalizar a sua capacidade criativa e inovadora das
práticas pedagógicas. O professor tem de motivar e o aluno tem de estar motivado...
Parece-me que a maior boa vontade e profissionalismo dos professores, o famoso
quadro preto e o giz branco não poderão ser a poderosa varinha de condão que
transformam as nossas cinzentas e monótonas escolas em espaços "cor de rosa"
onde será agradável estar e aprender, onde a escola seja capaz de competir/colaborar
com as inúmeras atracções sociais e tecnológicas que conquistam os nossos alunos.
A massificação do ensino, o meio social, as condições de trabalho... ,ou a falta
delas, exigem muito do professor, que não pode arcar isoladamente com toda as
consequências negativas e por isso deve co-responsabilizar e exigir do Estado
aquilo que lhe compete na construção de uma Escola de Qualidade.
Dulce Rocha / Professora do 1º Ciclo
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