Três anos depois do encerramento para obras de remodelação, o popular Rivoli do Porto reabriu as portas ao espectáculo e à cidade. Com o miolo completamente renovado parabéns arquitecto Pedro Ramalho! o Teatro Municipal mantém os seus motivos escultóricos, mas surge agora com novos e melhores espaços, designadamente: Grande Auditório (858 lugares), Pequeno Auditório (178), Cafetaria/Café-Concerto (100 sentados e 80 de pé), Restaurante (54) e espaços próprios aos serviços de produção, técnicos e administrativos. Acompanhando a revolução física, há também mudanças que apenas se poderão sentir a médio-longo prazo. Desde logo, pela natureza da orientação que a Câmara Municipal do Porto pretende para o novo teatro e que passa por: estimular e divulgar a criação nas diversas expressões artísticas; apoiar novos artistas e novas criações; atingir públicos amplos e diversificados, bem como criar novos públicos; fomentar o intercâmbio nacional e internacional. "Como todos os projectos culturais escritos num papel, o importante é saber passá-los à prática", escreve a vereadora Manuela de Melo no primeiro programa trimestral do Rivoli. Para isso, e apostando num modelo de gestão inovador, a autarquia criou, com a Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, uma associação de produção cultural (Culturporto), que assegurará não só a superior orientação do Teatro Municipal, mas, também, da animação da cidade no seu todo. Concretamente em termos de programação, o Rivoli teve uma espécie de reabertura antecipada, com uma exposição fotográfica [ , no Foyer, onde estará patente até ao final do ano] que reflecte "o antes e o depois da obra de recuperação". Seguiu-se o concerto de inauguração propriamente dita, com a Orquestra Nacional do Porto, que sucedeu à Régie Sinfonia. Momento particularmente significativo nesta fase festiva terá sido o duplo concerto de Sérgio Godinho porque foi ele o último a pisar o palco do velho Rivoli. Mas particularmente significativo, também, porque Godinho apareceu no seu melhor (com uma banda de putos) e o público portuense não lhe perdoou, obrigando-o a concerto-extra. Evitando uma enumeração de iniciativas que se tornaria fastidiosa, aconselha-se a consulta do opúsculo que contém a programação prévia até ao final do ano, de onde se destacam a sétima edição do Festival de Jazz do Porto, as , as conversas ( ), a animação noctívaga ( ), os concertos de domingo, espectáculos de dança, teatro, etc. Quanto ao Festival de Jazz, assentou arraiais no Rivoli logo no primeiro fim-de-semana de Novembro (trio de John Hicks, no sábado, e quarteto de Claude Barthélémy/Daunik Lazro, no domingo). No fim-de-semana de 7 a 9, o cartaz alarga-se para quatro concertos, sendo que o de sábado é duplo. Assim, na sexta-feira (dia 7, às 22 horas), o festival regressa ao Grande Auditório do Rivoli com o Marty Ehrlich's New York Child, um quarteto que integra, para além do próprio Ehrlich, Uri Caine (piano), Michael Formanek (contrabaixo) e Billy Drummond (bateria). O líder da formação é natural de St. Louis e, como refere a , a versatilidade "parece ser a menor das suas virtudes". No sábado, dia 8, a função começa (22 horas) com a "Conferência de Sons", um projecto liderado pelos portugueses Fátima Serro (voz) e Paulo Gomes (piano), que surgirão em palco acompanhados por Carlos Bica (contrabaixo), Bruno Pedroso (bateria) e Rolf Delfos (saxofones). Tudo aponta para que o quinteto, formado em 1994, evolua em torno do álbum , já gravado e com edição prevista para breve. A noite sabatina prossegue com o pianista Donald Brown, em quarteto com Billy Pierce (sax tenor), Carl Allen (bateria) e Essiet Essiet (contrabaixo). A fechar o festival (domingo, 22 horas), sob ao palco o quinteto de Leroy Jones o "trompetista de New Orleans desta década", segundo a . Assumidamente influenciado por Louis Armstrong, o seu segundo álbum ( , 1996) confirma-o e deverá constituir o ponto de partida para o concerto do Rivoli, onde se apresentará na companhia de Craig Klein (trombone), Geoff Clapp (bateria), Glenn Patscha (piano) e Kerry Lewis (contrabaixo). António Baldaia
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