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Formação Profissional Desperdiçada

Contrariamente ao que o professor Cavaco Silva não se cansava de afirmar, até 1994 fomos ‘o pior aluno’ da União Europeia (UE) em termos de formação profissional, desaproveitando muitos milhões de contos de ajudas comunitárias.

De acordo com um relatório elaborado conjuntamente pela Comissão Europeia, pelo Gabinete de Estatísticas da UE (Eurostat) e pelo Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional, e recentemente apresentado em Bruxelas, Portugal foi, em 1993-94, o país que menos cidadãos envolveu em acções de ensino e formação profissional complementares, apesar de ser o ‘vice-campeão’ dos apoios comunitários recebidos para esse efeito — entre 1986 (ano da adesão) e 1994, Portugal recebeu cerca de 500 milhões de contos do Fundo Social Europeu, o que se traduz numa média de 55 milhões de contos/ano para acções de formação profissional.

Pior ainda, e ao contrário da generalidade dos Estados da UE, a formação profissional ministrada em Portugal até 1994 de pouco serviu aos jovens e adultos que dela beneficiaram. De acordo com o relatório, havia mais desemprego entre os jovens portugueses com formação profissional complementar do que entre os que se ficavam pela escolaridade obrigatória.

Do relatório conclui-se, por outro lado, que é o Estado português que garante a maior parte das acções de formação profissional, sendo escassas as proporcionadas pelas empresas nacionais — em 1993, indica o documento, apenas 13 por cento das empresas portuguesas (a mais baixa percentagem da UE) ofereciam formação profissional. Consequentemente, Portugal era, a par da Grécia, o país com a menor percentagem de assalariados sujeitos a acções de formação contínua.

Prefaciado pelos comissários Edith Cresson (Educação, Formação e Juventude) e Ives de Silguy (Assuntos Económicos e Monetários e Estatísticas), o relatório pretende contribuir para a definição da estratégia da UE para a criação de empregos, que deverá ser adoptada na Cimeira Extraordinária de Chefes de Estado e de Governo dos Quinze, que terá lugar o Luxemburgo, a 20 e 21 de Novembro.

A criação de empregos e o combate ao desemprego — que atinge mais de 18 milhões de pessoas, ou seja, 10 por cento da população da UE em idade de trabalhar —, são os dois objectivos prioritários da União e dos Estados-membros.

O relatório conclui que, actualmente, a formação profissional complementar é a principal arma de que os jovens, e desempregados em geral, dispõem para "encontrar e guardar um emprego". Com efeito, e de acordo com dados estatísticos incluídos no documento, a formação profissional não apenas facilita o acesso ao mercado laboral como proporciona maior segurança no emprego, constituindo um importante meio de combate à precariedade do trabalho.


  
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Redacção

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