Já não é a primeira vez que em "A Página" se aborda o tema da voz; recordemos a entrevista com o tenor Rui Taveira, sempre de reler, e uma recensão do livro de Margarida Magalhães, o primeiro (e único, ao que conheço) em português e de autor português, sob o título de "Voz e Relação Educativa", da Afrontamento. Entretanto, o autor destas habituais crónicas, comprometido desde há vários anos com um trabalho musical semi-profissionalizado em que voz desempenha um papel determinante, atreve-se a escrever algumas linhas que o leitor pode absorver como quiser: uma simples descrição de alguma experiência, um ou outro conselho subentendido, nunca porém, um exercício de retórica dirigido a quem tem, de resto de fazer da voz o instrumento essencial do seu trabalho; assim: - sabe que existe um músculo chamado "diafragma", situado ao nível do ventre que raramente usamos, mas que pode ser ensinado a mover-se? - sabe que quando fala ou canta põe em movimento uma coluna de ar que pode ter as mais variadas dimensões, quer em "altura", quer em "largura" (e conforme a constituição física de cada um)? - sabe que se ensinar o seu diafragma a mover-se ele poderá influenciar o movimento em altura e largura da sua coluna de ar? - sabe que no seu rosto existe um "aparelho fonador" que também pode ser ensinado a funcionar? - E finalmente sabia que da conjugação destes factores (diafragma, coluna de ar, aparelho fonador, etc.) pode depender a característica da sua voz, como por exemplo o volume (forte e piano) o timbre (voz mais clara ou mais escura), etc. Mas para terminar fique com esta experiência: coloque uma mão sobre o peito e outra sobre o ventre. Se estiver a inspirar correctamente, verá que o primeiro movimento é o da mão que se encontra sobre o ventre; a outra movimentar-se-à a seguir. Mas para experiência basta. Voltaremos ao assunto muito em breve. Guilhermino Monteiro
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