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As Políticas da Educação

Nós temos um absurdo sistema do Ensino Superior que, nalguns sectores, é uma verdadeira fábrica de licenciados desempregados. Temos, por exemplo (é a última informação que me deram)  43 cursos de Engenharia Mecânica,  enquanto a Holanda tem três. Temos várias dezenas de cursos de Direito quando, antes do 25 de Abril, havia, salvo o erro,  três. Sendo esta a situação, a senhora Ministra,  em vez de agir a montante, age a jusante.

Custa-me a compreender qual é a estratégia política da actual Ministra da Ciência e do Ensino Superior e da sua colega da Educação. Nós temos um absurdo sistema do Ensino Superior que, nalguns sectores, é uma verdadeira fábrica de licenciados desempregados. Temos, por exemplo (é a última informação que me deram)  43 cursos de Engenharia Mecânica,  enquanto a Holanda tem três. Temos várias dezenas de cursos de Direito quando, antes do 25 de Abril, havia, salvo o erro,  três.  Sendo esta a situação, a senhora Ministra,  em vez de agir a montante, age a jusante. A sua preocupação parece ser  a de criar esquemas de formação para adaptar os licenciados desadaptados a um mercado de trabalho que, possivelmente, não existe.  Acho muito bem esta sua preocupação, mas o fundamental é ir à origem do problema, e isso, tanto quanto vejo, não o está a fazer. 
No que diz respeito á formação de Educadores e Professores dos vários graus, para um mercado do trabalho saturado, estamos a formar, possivelmente, três vezes mais diplomados do que seria normal.  E, quantos mais formamos, pior é, em muitos casos, a qualidade? e mais altas as notas.  Vemos, assim, professores com  três, quatro e mais anos de bons serviços,  serem substituídos por jovens diplomados com notas mais altas. Se não se tomarem  medidas muito sérias (que exigem alguma coragem),  a única solução a curto prazo será a de montar um sistema de bolsas para os professores já formados , alguns já com bons anos de serviço, mas considerados sem formação conveniente. Esta solução abrirá, naturalmente, vários postos de trabalho para formadores. Mas como estes não estão preparados, haverá lugar para cursos de formação de formadores. É esta  política ?à Dona Branca? que temos estado  a seguir.  Os  Ministérios da Educação   preferiram , este ano, fechar os olhos a estes problemas e confiar o problema da colocação dos professores  a um computador, e foi o que se viu.
 Para ultrapassar a política da Educação em que o País se afundou, temos, sem perda de tempo,  de procurar  respostas  tecnicamente correctas, precisas e concretas  para os diferentes problemas e que possam ter uma razoável aceitação de todos os intervenientes. Mas, sobretudo,  não sejam respostas  isoladas, pontuais, nem   transitórias,   mas se possam inserir numa visão  global da evolução de todos os problemas, ou seja, do futuro do País.
Vamos a ver o que , neste novo ano,  fazem os Ministérios e o que propõem aqueles que os criticam.


  
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Edição:

N.º 138
Ano 13, Outubro 2004

Autoria:

António Brotas
Professor Jubilado do Instituto Superior Técnico
António Brotas
Professor Jubilado do Instituto Superior Técnico

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