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Debates em torno do ensino on-line I

Este é o primeiro de um conjunto de seis reflexões em torno do ensino on-line. As circunstâncias que deram origem à sua escrita, no âmbito desta rubrica era digital, são múltiplas. Devo referi-las para situar o leitor. A primeira é o facto de a Universidade Aberta ter criado Um Modelo Pedagógico Para a Educação a Distância e ter iniciado sua transformação em Universidade Virtual.
A segunda circunstância decorre do facto de no âmbito do Laboratório de Antropologia Visual se realizarem algumas actividades directa ou indirectamente relacionadas com este modelo de ensino ? teses de mestrado e de doutoramento, redes internacionais de cooperação inter universitária, Seminário Internacional Imagens da Cultura/Cultura das Imagens, colaboração em projectos de ensino a distância e a preparação de algumas UCs - Unidades de Crédito (disciplinas, cadeiras) para ensino on-line no âmbito dos Mestrados em Relações Interculturais, Estudos de Cinema e Educação e Arte. Uma terceira razão decorre da vivência/ experiência pessoal da mudança e da passagem do ensino a distância a ensino on-line da antropologia, antropologia visual e antropologia virtual (do virtual ou digital) que me cumpre realizar na Universidade Aberta. Finalmente a razão mais próxima desta proposta aos leitores é a participação, como estudante, num curso de formação de professores universitários em ensino on-line promovido pela Universidade Aberta com o objectivo de preparar seus docentes para a aplicação do modelo pedagógica da Universidade.
Este conjunto de circunstância leva-me a partilhar com os leitores as experiências vividas ao longo deste ano de 2008, quase em tempo real, ou seja, quase simultaneamente ao seu desenvolvimento. Trata-se pois de uma primeira reflexão necessariamente marcada pela experiência vivida e não tanto por uma reflexão mais fria e distanciada. Uma espécie de notas de campo baseadas nestes rituais de passagem e na observação das profundas mudanças que estão a acontecer nas sociedades contemporâneas e que, mais tarde ou mais cedo, irão atingir o ensino superior no seu cerne. Assim o cremos e muitos autores o prevêem como mudanças decorrentes das aceleradas transformações tecnológicas e sócio-históricas.
Nesta primeira parte focalizarei a situação contextual do ensino a distância e na segunda as interacções on-line como um dos factores determinantes do surgimento de um novo paradigma em ensino a distância. Na terceira parte abordarei as novas escritas - o hipertexto ou hipermedia, no ensino on-line. Os restantes surgirão destes três primeiras reflexões desenvolvendo e aclarando alguns aspectos que não foram suficientemente explorados ou abrindo campo para novas interrogações decorrentes deste percurso.
Poderemos definir claramente três etapas no ensino a distância ou no ensino mediado por uma forte componente tecnológica: 1) ensino por correspondência; 2) ensino a distância e 3) ensino on-line. O ensino a distância é pois um a entidade dinâmica sujeito a contínuas reconfigurações. Não pode ser caracterizado apenas pelo estado actual. Tem uma história e desenvolvimentos que se prevêem consideráveis num futuro muito próximo. A identidade do ensino a distância é marcada ou determinado sobretudo por duas variáveis: 1) as tecnologias e os modelos ou modalidades de comunicação; 2) os processos sociais e os contextos sócio-históricos em que emerge, se desenvolve e para os quais contribui. Muitas das abordagens focalizam a primeira variável ? as tecnologias e os modelos ou modalidades de comunicação. Penso necessário completar esta abordagem com as perspectivas de Otto Peters, Distance Education in transition trends and challenges (2002) e James Slevin E-tivities and the connecting of e-learning experiences through deliberative feedback (2006) e estabelecer relações entre as "gerações tecnológicas de ensino a distância" com os problemas/necessidades a que dá respostas, os processos sociais e históricos de que é parte. O ensino on-line, as e-tivities de que fala Slevin, permitem a reapropriação do tipo de conhecimentos e competências que constituem ferramentas intelectuais indispensáveis para a vida moderna (modernidade tardia, pós-modernidade).

José da Silva Ribeiro


  
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Edição:

N.º 180
Ano 17, Julho 2008

Autoria:

José da Silva Ribeiro
Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais. Laboratório de Antropologia Visual. Universidade Aberta
José da Silva Ribeiro
Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais. Laboratório de Antropologia Visual. Universidade Aberta

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