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Imagem de Simone de Beauvoir: mais forte no estrangeiro do que em França

A imagem de Simone de Beauvoir, nomeadamente entre as mulheres, é ainda mais forte no estrangeiro do que na própria França, em particular nos Estados Unidos, considerou o ex-ministro francês Huguette Bouchardeau, que acaba de consagrar à escritora uma biografia por ocasião do 100º aniversário de seu nascimento. AFP: O que Simone de Beauvoir representou para as mulheres do seu tempo?
Huguette Bouchardeau (HB): Foi alguém que teve muita influência sobre as mulheres da minha geração e nas seguintes. As mulheres muito mais jovens que eu têm profundo respeito pelo que ela fez. Na minha juventude, ela tinha um trabalho teórico, mas também a sua maneira de viver, que era como uma janela aberta. A partir de "Memórias de uma moça bem-comportada", as pessoas reconheceram os seus esforços pela libertação de certo conformismo e por jogar uma carta de liberdade.
AFP: O feminismo é o coração de sua obra?
HB: Este é o único engajamento que ela teve, apesar da sua parceria com Sartre. Ela sempre agiu com ânimo e simplicidade. As que militaram com ela sempre a descreveram com simplicidade e seriedade na sua militância feminista. Ela caracteriza uma geração de esquerda que procura um modelo de renovação da sociedade.
No estrangeiro, a sua aura é ainda mais importante que em França, em particular nos Estados Unidos. Os estudos beauvoiriennes congregam mais pessoas nas universidades americanas. AFP: Vinte anos depois da sua morte, Beauvoir continua sendo lida?
HB: Ainda se lêem muito trechos de "O Segundo Sexo", o resumo do seu pensamento. O que Simone de Beauvoir queria, era ser uma grande escritora de literatura e não de filosofia. Os seus livros de literatura, como "Os Mandarins", que a fez ganhar o prémio Goncourt, são menos lidos actualmente que os depoimentos sobre a sua vida, os quatro volumes das suas memórias ou "O Segundo Sexo". Mas durante muito tempo, ela teve muito sucesso tanto com os seus romances e as suas novelas, quanto com os seus livros de memórias. "Os Mandarins" foi muito vendido.

AFP


  
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Edição:

N.º 175
Ano 17, Fevereiro 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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