Página  >  Edições  >  N.º 158  >  O voluntariado é um instrumento para a educação formal e não formal

O voluntariado é um instrumento para a educação formal e não formal

A educação não formal, a aprendizagem ao longo da vida e o voluntariado são vitais para a formação de futuros profissionais. De profissionais formados pela escola da vida ou mesmo pela vida na própria escola.

Este artigo vem um pouco na resposta ao desafio que os artigos de Ana Vieira e Ricardo Vieira fazem nos meses de Maio e Junho de 2006, neste mesmo espaço da Página da Educação.
A reflexão que apresento é pessoal e fruto da minha experiência enquanto profissional da área social, docente no curso de serviço social e investigador no Projecto Identidade(s) e diversidade(s) ? As linhas com que se cosem as  pertenças - do Instituto Politécnico de Leiria.
Reflectindo sobre a educação não formal, que tanta atenção parece voltar a ter hoje, penso que há uma grande questão acerca da qual temos que pensar: ?como se prepara uma pessoa para a vida??.
Regra geral, a escola parece insistir ainda numa postura muito retórica e visa quase em exclusivo a escolarização deixando o papel da educação para as famílias e as comunidades. Como parece ser hoje evidente, escola, a família e a comunidade, todas são instituições com funções educativas e, em minha opinião, não devem ser incomunicáveis.
A escola cria e licencia profissionais especializados, nas mais diferentes áreas, inclusive para a área social, mas continua a haver espaços sociais para os quais a escola não licencia nem prepara. Nesta área, a educação não formal, a aprendizagem ao longo da vida e o voluntariado são vitais para a formação de futuros profissionais. De profissionais formados pela escola da vida ou mesmo pela vida na própria escola.
Sabemos que não existem licenciaturas em solidariedade, nem disciplinas como ?Introdução ao espírito solidário?? Provavelmente, nunca haverá tal plano curricular pois a solidariedade não se ensina? Aprende-se. E aprende-se praticando. Ou se é ou não se é solidário.
No entanto, existem cursos em que a solidariedade é elemento fundamental para o bom desempenho profissional.
Muitas vezes a escola não reconhece as competências prévias, o ?know-how? que os candidatos ao ensino superior possuem, por exemplo. O nosso sistema de acesso ao ensino superior continua, quase exclusivamente, a basear-se em notas de acesso, em números. Serão esses números suficientes para dar algumas garantias mínimas de que iremos ter um bom profissional em determinada área?
Devemos reflectir sobre os vários modelos de ensino, nomeadamente europeus, que cada vez mais ponderam a utilização de critérios relativos à educação não formal, voluntariado e participação cívica como elementos fundamentais, ou, pelo menos, a considerar no acesso ao ensino superior.
Estes critérios, a avaliar com entrevistas, com análise curricular e outras técnicas a construir, servirão como uma garantia mínima de sucesso profissional em determinada área.
Estaremos nós a seguir por esse caminho? A própria escola pode ser um agente de formação ao nível do voluntariado e fundamental para estabelecer a ponte com a comunidade.
O Instituto Português da Juventude foi pioneiro e tem sido fundamental para a implementação de programas de voluntariado jovem, como, por exemplo, os recentes ? Voluntariado jovem na saúde? e ?Voluntariado jovem para a floresta?. Assume-se, assim, como uma entidade fundamental para que os ?nossos? jovens possam cada vez mais desenvolver competências fundamentais enquanto cidadãos participativos e preocupados com o futuro das questões sociais.
Mas é preciso pôr em diálogo estas dimensões formativas da chamada educação não formal com a educação formal. A selecção de candidatos a determinadas profissões licenciadas pela educação formal, média ou superior, deveria ser um exemplo urgente para a ligação desses dois territórios.
E, já agora, respondendo ao título desta rubrica (E agora professor?), não será que os professores, que querem ensinar, autonomizar, educar, formar, preparar para a vida, não deveriam, eles próprios, terem já sido, ou serem, no presente momento, voluntários?


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 158
Ano 15, Julho 2006

Autoria:

Cristóvão Margarido
Assistente Social. Docente da Escola Superior de Educação de Leiria, ESE-IPLeiria
Cristóvão Margarido
Assistente Social. Docente da Escola Superior de Educação de Leiria, ESE-IPLeiria

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo